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Morte de Rafael Miguel completa 2 anos com Cupertino ainda em fuga

Defasagem no efetivo da polícia afeta diretamente nas buscas, diz delegada. Ator e os pais foram assassinados em SP em 2019

São Paulo|Cesar Sacheto, do R7

Há dois anos, Rafael Miguel e os pais foram assassinados por Paulo Cupertino
Há dois anos, Rafael Miguel e os pais foram assassinados por Paulo Cupertino

O assassinato do ator Rafael Miguel, de 22 anos, e de seus pais, João Aloizio Miguel, de 52 anos, e Mirian Selma Silva Miguel, de 50 anos, completa dois anos, nesta quarta-feira (9), sem que o homem responsável pela chacina tenha sido colocado atrás das grades.

Em uma noite de domingo, o rapaz que se tornou conhecido do público brasileiro, ainda na infância, pelas suas atuações na novela Chiquititas, exibida pelo SBT, e comerciais de TV, havia ido até a casa da namorada, Isabela Tibcherani, junto com seus pais. A ideia dele era conversar sobre o namoro com o sogro, o comerciante Paulo Cupertino Matias.

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Na casa, a família de Rafael havia sido recebida por Isabela e pela mãe dela, Vanessa — que, mais tarde, revelou um histórico de agressões por parte do marido. Porém, mais tarde, Cupertino Matias chegou ao local armado. Exaltado, o criminoso decidiu eliminar o genro e os familiares. Atirou nas três vítimas, que estavam no portão da casa. 

Um laudo elaborado pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo mostrou que o atirador disparou 13 vezes. Rafael foi atingido por sete tiros — um na cabeça, outro no peito, três nas costas e dois no braço esquerdo. O pai foi baleado quatro vezes (uma peito, duas no braço esquerdo e uma no braço direito), e a mãe, duas (no peito e no ombro).


A possível motivação da tragédia

Segundo a Polícia Civil, Paulo Cupertino cometeu o crime por não aceitar o namoro do ator Rafael com sua filha, Isabela Tibcherani — que obteve na Justiça uma medida protetiva contra o pai.

A mãe do acusado, Lourdes, revelou que pouco antes do assassinato, Cupertino pode ter sido avisado que Isabela estaria grávida. Ela teria ouvido a versão de um conhecido e ex-funcionário do criminoso. A suposta mentira teria sido inventada pela mãe de Isabela para que a filha pudesse namorar com Rafael.


A fuga do assassino

Logo após balear as vítimas, Cupertino fugiu a pé pelas ruas do bairro da Pedreira, na zona sul de São Paulo, onde morava. Desde então, as equipes da Polícia Civil encarregadas de investigar o caso iniciaram uma caçada ao assassino. O criminoso teria recebido a ajuda de amigos para financiar a fuga.

Pistas sobre o paradeiro de Cupertino foram checadas em diversas cidades do interior paulista, estados do país e até no exterior. A rota de fuga incluiu passagem por fazendas no Mato Grosso do Sul e Paraguai e a emissão de um RG com dados falsos no Paraná.


Paulo Cupertino, hoje com 50 anos, é o primeiro nome da lista dos criminosos mais procurados do estado de São Paulo. No detalhamento das características físicas no site da Polícia Civil paulista, consta que o criminoso tem tatuada no antebraço a frase "Marginal, sempre marginal".

Ao longo dos anos, o foragido mudou a aparência várias vezes. Os registros mais recentes mostram um Cupertino com os cabelos curtos, esbranquiçados e barba longa. Mas há suspeitas que ele já tenha adotado outras faces para enganar as autoridades.

As buscas ao criminoso

A investigação do assassinato da família de Rafael Miguel foi encaminhado à equipe do 98º DP (Jardim Miriam), responsável pela região onde o crime foi praticado. Mas a polícia do estado possui um departamento especializado na busca de fugitivos da justiça — Decade (Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas).

Perfil de Cupertino no site da Polícia Civil de SP
Perfil de Cupertino no site da Polícia Civil de SP

No entanto, apesar dos esforços, os investigadores encontram dificuldades para surpreender o fugitivo antes que ele escape mais uma vez.

A defasagem na Polícia Civil de São Paulo é um problema antigo que afeta diretamente a buscas de criminosos como Paulo Cupertino e o consequente fechamento dos casos, afirma a delegada Raquel Kobashi Gallinati Lombardi.

"Por mais que os policiais sejam preparados e tenham 'know how', muitas vezes não conseguem corresponder à demanda. Temos um déficit que passa dos 14 mil policiais no estado. O efetivo de policiais designados para caçar foragidos está abaixo do ideal. Isso não é desculpa para que criminosos não sejam localizados, mas, quando se trabalha com uma realidade muito abaixo em estrutura, equipamento e efetivo, não se consegue dar a resposta do estado e o castigo para quem comete o crime", explicou a delegada.

Segundo um levantamento do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), obtido na terça-feira (8) com exclusividade pelo R7, embasado em dados da SSP-SP (Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo), as principais carreiras da Polícia Civil na cidade de São Paulo têm ocupação de apenas de 67% — a defasagem é de 33%.

No total, o Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) possui 2.157 cargos desocupados em relação ao previsto por lei — que estipula 6.578 postos nas delegacias da capital paulista, incluindo as funções de delegados, escrivães, investigadores, agentes policiais, agentes de telecomunicações, papiloscopistas, auxiliares de papiloscopista e carcereiros.

"O fluxo de crimes aumenta a cada ano, principalmente dos reincidentes. Não se tem a certeza do castigo; existe a impunidade. A falta de estrutura do sistema criminal, que é a Polícia Judiciária, coloca em risco a população, que fica à mercê dos criminosos soltos", finalizou a delegada Raquel Kobashi Gallinati Lombardi.

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