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Mortes em confronto com a polícia atingem maior índice em 25 anos

O ano de 2017 registrou alta letalidade policial: 940 vítimas. O resultado só fica atrás de 1992, ano do Massacre do Carandiru, quando morreram 1.470 civis

São Paulo|Fabíola Perez, do R7

18% de ocorrência com letalidade policial ocorreram no Estado de São Paulo
18% de ocorrência com letalidade policial ocorreram no Estado de São Paulo

A polícia de São Paulo matou 940 pessoas no ano de 2017 em casos de intervenção policial. Os números foram divulgados na manhã desta segunda-feira (13) pela pesquisa sobre o Uso da Força Letal por Policiais de São Paulo e Vitimização Policial em 2017, realizada pela Ouvidoria de Policia do Estado de São Paulo.

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De acordo com o levantamento, 2017 foi um dos anos de maior letalidade policial com 940 civis mortos, somente atrás do ano de 1992, ano em que ocorreu o Massacre do Carandiru, quando morreram 1.470 civis. A partir de 2014, houve uma curva ascendente.

No Brasil, segundo números divulgados na semana passada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 5.144 pessoas foram mortas em confrontos com a polícia, as chamadas intervenções policiais, em 2017 — um crescimento de 20% em relação ao ano de 2016. Só São Paulo corresponde a 18% das ocorrências com letalidade policial, de acordo com o levantamento do Fórum.


A pesquisa também revelou que nesse ano morreram seis policiais civis e militares em serviço, 46 polícias nas folgas e 26 policiais cometeram suicídio.

Em relação aos tipos de delitos, 73% das ocorrências diz respeito a roubo, roubo geral e furto (crimes contra o patrimônio). As ocorrências ocorreram, na maioria dos casos, no período noturno, 43% das 18h às 0h.


Em 79% as vítimas foram socorridas, segundo a pesquisa, e em 20% essa informação não constava nos boletins de ocorrência. Entre as 639 ocorrências, em 67% não havia relato de testemunhas civil. Apenas em 32,7% havia depoimentos de testemunha civil.

Os policiais envolvidos tem de 26 a 35 anos (45,8%), e acima de 35 anos (45,4%).


Perfil das vítimas

A grande maioria das vítimas são jovens e homens - 49% tem entre 18 e 25 anos e 99% são homens. Das 756 vítimas, 65% eram negras. Em relação à escolaridade, 75,7% possuem somente o ensino fundamental.

Segundo a pesquisa, o 41º BPM, com atuação em Santo André, na Grande São Paulo, é o batalhão de policia com mais casos de morte por intervenção policial.

Características da letalidade

Foram registradas 756 vítimas com 2.381 perfurações por armas de fogo. Desse total, 43% das vítimas tiveram perfurações na cabeça ou nas costas.

As ocorrências envolvendo intervenção policial contra o crime organizado representam cerca de 1% do universo da pesquisa. Das ocorrências investigadas, sete se referem ao crime organizado.

A pesquisa levantou também as características das mortes por intervenção policial. Foram registrados indícios de que nas ocorrências tiveram legítima defesa. Isso significa dizer que o resultado "morte" não caraterizou uso inadequado da força por parte dos policiais envolvidos na ação. Isso representa 26% das vítimas.

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Também foram apontados indícios de excesso na legítima defesa, quando a vítima é atingida por quatro ou mais perfurações de arma de fogo e o disparo foi efetuado pelas costas e/ou na cabeça. 367 vítimas ou 48%.

Excesso em ocorrências sem confronto armado também surgiram no estudo: nessas ocorrências: as vítimas foram mortas por um, dois ou três disparos de arma de fogo, 41% apresentaram perfurações nas costas ou na cabeça. Em 31% das ocorrências, a vítima ou o parceiro apresentavam arma ou simulacros.

As mortes decorrentes da intervenção policial equivalem a 21% das mortes ocorridas em 2017 em todo o estado.

Armas recolhidas

Entre as 639 ocorrências analisadas, foram recolhidas 2.032 armas, 1.187 com a Polícia Militar, 772 com civis, e 73 armamentos com a Polícia Civil. Desse total, foram periciadas apenas 1.230 armamentos.

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