Motorista que matou cicloativista em SP responderá por embriaguez
José Maria da Costa Junior responde por homicídio culposo qualificado, após documentos e testemunhas indicarem que ele estava sob efeito de álcool
São Paulo|Mariana Rosetti e Edilson Muniz, da Agência Record
O motorista José Maria da Costa Junior, de 33 anos, indiciado por atropelar e matar a cicloativista Marina Kohler Harkot, de 28, passou a responder por homicídio culposo qualificado, após documentos e testemunhas indicarem que ele estava sob efeito de álcool no momento do acidente. As informações são da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo).
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Anteriormente, Costa Junior respondia apenas por homicídio culposo. A SSP informou que não houve novo pedido de prisão preventiva. Um primeiro pedido foi negado pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) na sexta-feira (13), quando a lei eleitoral proibia que qualquer eleitor fosse preso, exceto em caso de flagrante. A regra entrou em vigor cinco dias antes da votação para 1º turno e deixou de valer às 17h de terça-feira (17) 48 horas após o encerramento da votação.
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Uma mulher que estava no veículo também foi ouvida e indiciada por omissão de socorro. O caso segue em investigação pelo 14º DP (Pinheiros).
O crime
Marina foi atingida enquanto trafegava de bicicleta pela Avenida Paulo VI, em Pinheiros, na zona oeste, às 0h17 de domingo (8). O Samu chegou a ser acionado por outras pessoas, mas a jovem morreu no local.
Costa Júnior teria deixado de prestar socorro e fugido do local, segundo investigadores. Ele passou mais de 48 horas foragido até se entregar na delegacia na terça-feira (10), na companhia de advogados.
A avenida em que Marina foi atropelada tem quatro faixas e a socióloga estaria pedalando na última, perto do parapeito, de acordo com a investigação. Na via, a velocidade máxima permitida é de 50 km/h.
Quem era Marina Harkot
Marina era ativista feminista e de movimentos que defendiam melhores políticas de mobilidade urbana. Levou sua luta também para a vida acadêmica. Formada em Ciências Sociais pela USP, era mestra e doutoranda pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), onde atuava como pesquisadora colaboradora do LabCidade (Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade).
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Segundo informações de seu currículo Lattes, ela vinha se aprofundando em sua pesquisa de doutorado "no debate sobre segregação socioterritorial a partir de abordagens de gênero, raça e sexualidade". Na dissertação de mestrado, defendida em 2018, Marina já havia estudado a relação entre gênero, mobilidade e desigualdade.