Motoristas preparam ação judicial por causa de viaduto que cedeu
Condutores querem ressarcimentos por danos causados ao veículos. Prefeitura diz que quem se sentir lesado pode buscar reparação
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
Os cinco motoristas que tiveram os carros danificados pela estrutura que cedeu no viaduto próximo à ponte do Jaguaré, na Marginal Pinheiros, de São Paulo, pretendem entrar com uma ação coletiva na Justiça contra a prefeitura para cobrar indenizações pelos danos que sofreram.
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Os motoristas prejudicados estão reunindo orçamentos para verificar o impacto financeiro dos estragos nos veículos. "Vou ter que trocar a frente, o capô, para-choque, paralamas, vidro dianteiro, motor e câmbio completo", diz Ronaldo Andrade, 42 anos, analista de sistemas que sofreu escoriações no pescoço, peito e abdômen no dia em que a estrutura cedeu. "O motor estorou com o impacto e a suspensão ficou toda comprometida. Conforme bateu, esparramou óleo, deslizou e estoruou o cárter", afirma.
Proprietário de um Honda CRV com valor estimado em R$ 73 mil, Ronaldo afirma que o orçamento para conserto que obteve até o momento chega a R$ 150 mil. "Meu carro voou entre oito e nove metros", diz ele. "Até agora, estou tomando antiinflamatórios para a coluna", disse. Há menos de um mês, ele afirma que havia feito a manutenção do veículo, que utilizava também para trabalhar.
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Ronaldo e os quatro outros motoristas afirmam que pretendem se reunir com um advogado para definir os próximos passos para entrar com a ação na Justiça. O vigilante Renailton Alves de Souza, de 44 anos, havia comprado o veículo um dia antes da estrutura do viaduto ceder. Os danos maiores ocorrerão principalmente na frente dos automóveis que após passarem pela fenda se chocaram com o solo.
"Na quarta-feira (14), sai da concessionária com o carro, mas ainda estava sem o seguro. Não fiquei nem dez horas com o veículo", diz. Segundo ele, o maior prejuízo será com o câmbio. "Por ser automático, é estimado em R$ 22 mil. O motor e o amortecedor ficaram muito danificados e o farol e o parachoque, tortos."
Se optar pelo conserto, Renailton terá de pagar cerca de R$ 40 mil pela reparação. O veículo, segundo ele, foi adquirido por R$ 53 mil. "Tinha ido buscar minha filha e estava voltando do trabalho", afirma. "Íamos sair de férias, mas agora teremos que adiar nossos planos."
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Outra reclamação dos motoristas prejudicados é na prestação de serviços no momento em que a estrutura cedeu. "Houve muito descaso, ficamos das 3h30 até às 15h em péssimas condições", afirma Edvardo Yozo Fujii, 68 anos, motorista de aplicativo. "Afundou a frente ao bater no chão. O para-choque empurrou o paralama para trás e disparou os airbag."
Ele afirma que seu veículo era alugado e ainda não voltou a trabalhar. "Não estou conseguindo trabalhar, estou pagando a franquia parado. Me pegou desprevinido", diz ele. "A ideia é entrar na Justiça para tentar um ressarcimento o mais rápido possível."
O oficial de hidráulica, Everton Miranda da Penha, de 23 anos, arcou com o prejuízo de uma viagem a trabalho cancelada. "Estava a caminho de Minas Gerais para trabalhar e perdi o dia", diz. "A empresa já consertou o veículo, mas ainda não falamos sobre os prejuízos", afirma.
O autônomo Luiz Gustavo dos Santos, de 24 anos, também teve a frente do veículo danificada: o motor se chocou com a pista e para-choque, parabrisas e farois quebraram. Além disso, ele teve um corte no supercílios. Proprietário de um veículo de R$ 70 mil, ele recebeu orçamentos com valores entre R$ 80 mil e R$ 90 mil. "Estamos procurando a melhor e mais rápida forma de resolver isso."
Por meio de nota, a Prefeitura de São Paulo lamentou o ocorrido e informou que, por meio do Decreto n 57.739 de 14 de julho de 2017, todos que se sentirem lesados podem buscar a reparação de danos pelo município. "O documento explica que o interessado deve formular um requerimento administrativo dirigido à Procuradoria Geral do Município que analisará cada caso."