MP faz acordo para shopping de luxo em SP receber crianças de rua
Termo foi viabilizado após Shopping Higienópolis pedir autorização à Justiça para levar jovens moradores de rua à PM
São Paulo|Gabriel Croquer, do R7
Mais de dois anos depois de pedir à Justiça para retirar jovens em situação de rua de suas dependências para levar diretamente à Polícia Militar ou a Conselhos Tutelares, o Shopping Pátio Higienópolis firmou nesta quinta-feira (30) um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público de São Paulo para receber e garantir "interação adequada" este grupo.
O acordo foi viabilizado no âmbito de inquérito instaurado pelo MP para investigar a intenção do pedido do shopping à Justiça de São Paulo. Na época, a solicitação alegava que os menores desacompanhados praticavam vandalismo, depredação e furtos e também pedia por inspeções períodicas do Conselho Tutelar no local. O pedido foi negado pela Justiça.
De acordo com o termo firmado agora, o shopping se compromete a formar seus seguranças privados com foco na capacitação em direitos de crianças e adolescentes e na abordagem adequada a este grupo.
O acordo prevê ainda a criação de um Núcleo Social para acompanhar as medidas destinadas a jovens carentes e doações ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente.
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Nos últimos anos, seguranças do Shopping Higienópolis foram denunciados de racismo. Em um dos casos, em 2017, o filho de sete anos de um artista plástico foi confundido com um pedinte por uma vigilante, que abordou a família.
Outro episódio, em 2018, também envolveu pai e filho. Ao entrarem no shopping, os dois foram parados por um segurança, que pediu ao filho, moreno, para que tirasse a mãos de dentro do bolso do casaco. Questionado pelo pai, o agente teria respondido que estava armado e "podia fazer isso".