Uma mulher denunciou violência psicológica e estelionato após ter prejuízo de mais de R$ 50 mil causado por um golpista que conheceu através do aplicativo de relacionamentos Tinder. O homem já havia cometido o mesmo crime contra os próprios pais, segundo a Delegacia de Defesa da Mulher de Mauá, na Grande São Paulo, que investiga o caso.
A mulher, de 31 anos, conheceu o rapaz, de 26 anos, em fevereiro de 2022. Ele morava em Atibaia (SP) e estava em Mauá, no ABC paulista, fazendo um serviço para sua suposta empresa de alvenaria.
Eles saíram e se deram muito bem logo de início, conta a mulher. Aos finais de semana, o homem viajava para visitá-la e sugeriu alugar um imóvel para ficar ainda mais perto dela. A vítima, então, ofereceu que o jovem ficasse com ela em um imóvel no fundo da casa dos pais, e os dois passaram a morar juntos.
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No dia 11 de abril, a vítima atendeu a ligação de uma financeira que pedia dados para concluir a solicitação de um empréstimo. A vítima se assustou e disse que não havia solicitado empréstimo algum ao banco.
Ao consultar suas contas, no entanto, soube que o rapaz havia acessado os aplicativos e feito, pelo menos, três empréstimos. No Nubank, o homem pediu o valor de R$ 20 mil, no Itaú, R$ 18 mil e depois outro de R$ 7 mil.
O golpe
A vítima conta que o rapaz estruturou o golpe de uma maneira complexa. Ele dizia que estava com o nome sujo por conta da empresa que tinha e, por esse motivo, não tinha cartões de crédito.
No primeiro mês, ele pedia que a mulher passasse as compras em seu próprio cartão e transferiu o valor corretamente na data do vencimento. Depois de ganhar a confiança da vítima, ele pedia que ela pagasse contas ainda mais altas.
Só depois, a vítima soube que o valor era pago com o dinheiro adquirido a partir dos empréstimos em seu nome, feitos em 7 de março. Em outro período, o homem planejou viagens com a parceira, dizendo que tinha ganhado um dinheiro extra no trabalho. Ela não desconfiava que o dinheiro gasto nos passeios, na verdade, era dos empréstimos que ele havia feito sem o seu consentimento, desabafa.
A mulher relata que demorou muito tempo para entender que estava sendo vítima de um estelionatário. Além disso, sentiu muita culpa, tendo em vista que usufruiu do dinheiro, ainda que sem saber de sua origem ilícita.
Além dos valores dos empréstimos, ela também está com dívidas nos cartões de crédito que somam mais de R$ 15 mil.
A mulher conta que trabalha com atendimento de telemarketing e que recebe menos de R$ 2 mil por mês. Os bancos se recusam a retirar a dívida, uma vez que as solicitações foram feitas a partir do seu aparelho telefônico.
Após registrar um boletim de ocorrência eletrônico de ameaça e violência doméstica, a vítima foi até a Delegacia de Defesa da Mulher de Mauá, onde a natureza foi alterada para estelionato e um inquérito policial foi instaurado.
A Agência Record solicitou uma nota à Secretaria de Segurança Pública, mas até o fechamento desta matéria, não obteve resposta.