'Não tenho esperança para me manter vivo', diz sírio agredido
Refugiado vítima de agressão da Guarda Civil Metropolitana disse que investiu R$ 39 mil para abrir restaurante árabe no centro de São Paulo
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
Depois de ver a prefeitura retomando a posse do imóvel que construiu um restaurante e ser agredido por agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de São Paulo, o refugiado sírio Jadallah Al Ssabah, 43 anos, concedeu entrevista à Agência Pavio dizendo que perdeu a esperança.
“Agora, eu não tenho dinheiro, não tenho materiais, não tenho nenhuma esperança para me manter vivo”, afirma. “Eu amo o Brasil, seu povo, respeito sua gente, e não crio problemas.”
Sobre o que ocorrido na última segunda-feira, ele afirma que foi vítima de um estelionato, mas agora precisa “ser forte para começar a minha vida aqui para fazer algo”. Ainda segundo ele, para iniciar os trabalhos no restaurante, ele precisou investir R$ 39 mil.
Jadallah conta que seus sócios, um casal, também foram vítimas. Eles teriam pego R$ 10 mil emprestado com amigos no Iraque para entrar na sociedade no restaurante e sobreviver no Brasil.
Na entrevista (vídeo abaixo), o refugiado diz que veio para o Brasil há cerca de quatro anos, como tentativa de fugir da guerra na Síria. Em seu país, os dois filhos estão sob os cuidados dos pais dele.
Jadallah afirma que estudou Gerenciamento de Alimentos no ensino médio da Síria e trabalhou em grandes restaurantes da capital do país, Damasco, antes de fugir da guerra.
“Eu comecei a trabalhar duro aqui no Brasil, vendendo kibe, cerveja, esfiha. Vendendo na rua. Eu não tenho vergonha disso, porque isso é meu trabalho”, afirma.