Pais buscam bebê sumido e dado como morto após parto em maternidade pública de São Paulo
Ao abrir o caixão, família percebeu que o corpo não era do recém-nascido
São Paulo|Vanessa Beltrão, do R7
Uma história ainda sem solução. Os pais de um bebê de sete meses do sexo masculino, que teria morrido após um parto cesárea no Hospital Santa Marcelina, no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo, no último dia 30, denunciam que o corpo da criança sumiu.
Segundo o pai do bebê, Marcos Joaquim de Azevedo, o fato só foi descoberto na última quinta-feira (4), dia do enterro, porque a mãe pediu para ver o recém-nascido pela última vez e o caixão foi aberto. O corpo iria ser sepultado no cemitério de Vila Formosa, zona leste de São Paulo.
— Na hora, ela olhou e disse 'essa criança não é minha'.
No caixão, estava um bebê identificado por uma pulseirinha como Gabriela Cristiane. Ao perceber que podia se tratar de uma menina, Azevedo disse que chamou a fiscalização do cemitério. Como no mesmo local e horário o corpo de outra criança, também de sexo masculino, foi trazido do mesmo hospital para ser enterrado, inicialmente a desconfiança era de que teria havido uma troca.
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Apesar da coincidência, o outro bebê tinha nove meses, nasceu de parto normal e foi reconhecido pela mãe e pela avó. Ao retornar ao hospital para saber o que tinha acontecido, o pai disse que teve uma reunião com o gerente de apoio da unidade de saúde, a diretora do hospital e a enfermeira-chefe.
Ainda de acordo com Azevedo, a situação ficou mais complicada porque eles foram avisados de que, no período do dia 30 de março até o último dia 4, nos registros do hospital, constavam apenas duas mortes de recém-nascidos — o da Gabriela Cristiane e do bebê de nove meses que seria enterrado no mesmo dia do sepultamento do corpo do filho do casal.
Os pais denunciaram o caso à polícia. Um boletim de ocorrência foi registrado como "morte suspeita" no 50º Distrito Policial.
— O meu filho é o Gabriel Xavier da Silva Azevedo. Não consegui identificar o corpo, não sepultei e estou à procura de respostas. Até o momento, a gente não consegue encaixar as coisas porque a dor é grande e a preocupação de encontrar o corpo dele é maior. São dois sofrimentos, a primeira é a da perda e a segunda, do desaparecimento do corpo.
O advogado da família, Ademar Gomes, solicitou a instauração de um inquérito. Ele também informou que, até agora, o hospital não deu nenhuma posição sobre o desaparecimento. Caso algum corpo apareça, será necessária a realização de um exame de DNA.
Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde informou que não houve, no Hospital Estadual Itaim Paulista, também conhecido como Santa Marcelina, nenhuma troca de bebês. A unidade de saúde confirmou ao R7 a morte do bebê Gabriel e se colocou à disposição da polícia para prestar todos os esclarecimentos necessários.
No boletim de ocorrência registrado no 50° DP, consta que o transporte do corpo do bebê do hospital para o cemitério de Vila Formosa foi feito pela funerária municipal no último dia 4, por volta das 8h. Até a publicação desta matéria, o R7 não conseguiu contato com o serviço funerário do município.