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Pelo 2º ano, Unesp diz não ter dinheiro para pagar 13º salário

Em 2017, a universidade fechou o ano com um déficit de R$ 164 mi. O décimo terceiro de todos os servidores foi pago somente neste ano, em duas parcelas

São Paulo|Do R7

Pelo 2º ano, Unesp diz não ter dinheiro para pagar 13º salário de funcionários
Pelo 2º ano, Unesp diz não ter dinheiro para pagar 13º salário de funcionários

Parte dos servidores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) pode ficar sem receber o 13º salário neste ano, pela segunda vez. A instituição divulgou um comunicado interno aos funcionários alegando dificuldades orçamentárias.

O texto, de título "Comunicado sobre a situação orçamentária e financeira atual da Unesp", obtido pela reportagem, é assinado pelo reitor Sandro Roberto Valentini e aponta um quadro de desequilíbrio financeiro da instituição. No ano passado, conforme o jornal O Estado de S. Paulo revelou, a Unesp fechou o ano com um déficit de R$ 164 milhões. O 13º de todos os servidores autárquicos, ativos e aposentados, foi pago somente neste ano, em duas parcelas. A universidade tenta pressionar o governo Márcio França (PSB) para obter uma suplementação no orçamento e evitar o problema.

Os estatutários, que podem ser prejudicados, são maioria na instituição. Há cerca de 2,1 mil professores ativos e 2 mil aposentados na expectativa sobre o recebimento do 13.º salário. Entre os técnicos, há 4 mil ativos e 4,4 mil aposentados.

"Desde o semestre passado, temos feito reuniões com o atual Governador Márcio França e suas secretarias de Governo, com o propósito de explicitar a gravidade da situação e ausência de recursos orçamentários e financeiros para o pagamento do 13º salário de 2018. A nova equipe de governo, ao contrário da anterior, já demonstrou maior sensibilidade à questão e está buscando formas que permitam à Unesp honrar com esse pagamento ainda no exercício de 2018. Entretanto, caso a suplementação não se confirme, à semelhança do ano passado, o 13º salário dos servidores estatutários (ativos e aposentados) deverá ser regularizado no ano de 2019", diz o texto.


A gestão de Valentini diz que assumiu a universidade com um orçamento, aprovado em 2016, com apenas doze folhas de pagamento, sendo parte de uma delas financiada com receita própria. "Dessa forma, durante praticamente todo o ano de 2017, foram feitas várias iniciativas para sensibilizar o governo do Estado com relação à insuficiência orçamentária e financeira da Unesp e para solicitar crédito suplementar para o referido exercício."

Um dos motivos alegados para o não pagamento deste ano é que o déficit de 2017 se tornou uma bola de neve. "O orçamento de 2018 voltou a ter apenas doze folhas de pessoal e reflexos, sendo uma delas financiada com receita própria. Além disso, a reserva financeira atual é inferior ao valor do décimo terceiro deste ano, situação diferente daquela do ano passado, que permitiu honrar o seu pagamento, em duas parcelas no ano de 2018. Portanto, o problema que era somente orçamentário no ano passado, passou a ser orçamentário e financeiro neste ano."


"A reitoria diz que não tem caixa para pagamento, mas nós acreditamos que tem. A arrecadação do ICMS neste ano, segundo o próprio governo do Estado, deve ser maior do que em 2017. O discurso da reitoria é sempre um discurso rebaixado", diz o presidente da Associação de Docentes da Unesp, João Chaves.

Em nota, a Unesp afirmou que tem relatado de forma transparente à comunidade o seu desequilíbrio orçamentário e financeiro, tanto nas reuniões do Conselho Universitário, quanto por meio de informes periódicos. Lembrou ainda que tem feito discussões internas sobre a sustentabilidade da universidade e das propostas de reformas administrativa e acadêmica.


Já o governo do Estado informa que a solicitação apresentada pela universidade já está em análise. "O Estado reconhece a importância de todo o trabalho desenvolvido pela Unesp e permanece aberto ao diálogo com a reitoria da instituição."

Críticas

A falta de pagamento do 13º fez a reitoria da Unesp virar alvo de críticas interna de servidores. Conforme o Estado revelou em março, funcionários da reitoria que residem e trabalham em São Paulo, mas que são do interior, recebem diárias para trabalhar na capital, que no ano passado ultrapassaram R$ 2 milhões. Após a publicação da reportagem, o MPC-SP (Ministério Público de Contas) considerou esse tipo de pagamento irregular e agora pede, no TCE (Tribunal de Contas do Estado) a devolução desses valores aos cofres públicos. Parte desses funcionários também recebem bolsas de pesquisa que chegaram a R$ 2,4 milhões entre os anos de 2014 e 2016, segundo documentos obtidos pelo Estado.

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