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Polícia ameaça demolir casas em encosta de morro e revolta moradores no litoral norte de SP

Um mês após a tragédia causada pelas chuvas, um grupo fez uma barreira para impedir a entrada dos agentes e pede empatia

São Paulo|Sandra Lacerda*, do R7


Um mês após as fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo e devastaram cidades, moradores do bairro de Sítio Velho, em São Sebastião, foram surpreendidos, na manhã desta terça-feira (28), por um grupo de policiais que pretendia demolir ao menos 20 casas construídas na encosta de um morro.

Grupo de policias disse aos moradores que demoliriam suas casas no litoral norte de São Paulo
Grupo de policias disse aos moradores que demoliriam suas casas no litoral norte de São Paulo

“A gente acabou de passar por uma tragédia. É o único refúgio que temos, e querem tirar o nosso sossego querendo demolir. A gente trabalha, somos pobres e não temos para onde ir. Eles são desumanos, e eu estou muito revoltada”, disse Maria Cristina de Jesus, dona de uma das casas que a operação pretendia derrubar.

Muitas vítimas da tragédia no litoral norte perderam tudo o que tinham. As medidas tomadas pelo governo, como o abrigo temporário em escolas e pousadas, não foram suficientes para acomodar a população afetada, que procurou outros meios para continuar a sobreviver.

Mesmo em estado de calamidade, a gente não foi assistido. Nós somos menosprezados nos pontos de apoio”, afirmou Raquel Oliveira Vilarinho, que mora com a família em uma casa de madeira construída no bairro de Sítio Velho.


Abordagem truculenta

De acordo com os moradores, a abordagem dos agentes foi truculenta e agressiva. Assim que a notícia sobre a demolição das casas se espalhou, o bairro se mobilizou para bloquear a passagem dos oficiais. “Vim correndo do trabalho, deixei meus afazeres para estar aqui. Nós fizemos uma barreira para que os policiais não demolissem nossas casas”, contou Raquel.

Os policiais não teriam autorização judicial para realizar a operação
Os policiais não teriam autorização judicial para realizar a operação

Segundo a mulher, os agentes teriam exigido que os moradores saíssem do local e chegaram a quebrar carros de alguns vizinhos. No entanto, foram embora por não terem autorização judicial para realizar a operação.


Maria Cristina diz que, além do preconceito e das humilhações, tais atitudes complicam ainda mais toda a situação que os moradores de São Sebastião estão enfrentando. “Para todo lugar que vamos nós ‘estamos invadindo’, e não é assim. A gente se sente um bando de bandido, porque é policial armado em todo canto. Os nossos filhos no meio de um monte de armas, parecendo que somos bandidos. Nós não somos. A gente só quer o nosso direito, e nós não temos nada”, desabafou.

Questionada, a Prefeirura de São Sebastão informou "que está cumprindo ordem judicial proveniente de um processo de ação civil pública do Ministério Público, que determina o monitoramento e congelamento do núcleo. As construções em questão são consideradas irregulares e foram realizadas em desacordo com as Posturas municipais".


Enquanto, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que a Polícia Militar desencadeou uma operação em apoio à prefeitura com o objetivo de desapropriar casas localizadas em áreas de risco.

"Porém, devido a um protesto de moradores do local, que interditaram a via, as desapropriações não foram realizadas e a operação foi encerrada", ainda disse a pasta.

*Estagiária sob supervisão de Isabelle Amaral, doR7

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