Policial diz ter atirado contra jovem em Pinheiros (SP) após ameaça
Policiais foram até o local, analisaram imagens e conversaram com testemunhas. Caso será investigado pela corregedoria da polícia
São Paulo|Mariana Rosetti, da Agência Record
O policial civil, Jihad Mohamed El Hage, de 26 anos, afirmou ter atirado em legítima defesa após ser ameaçado por grupo de amigos de Danilo Salgado Senra, de 23 anos, durante a confusão que vitimou o jovem, na noite de sexta-feira (9), em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
Por volta das 3h, de sábado (10), Jihad Mohamed El Hage, de 26 anos, se apresentou no 14º Distrito Policial, de Pinheiros, assumindo a autoria do disparo que atingiu e matou o autônomo Danilo Salgado Senra.
Jihad trabalha no Departamento de Administração e Planejamento da Polícia Civil (DAP), como auxiliar de papiloscopista policial, desde 2019. Ele compareceu ao distrito acompanhado de Mohamed El Hage, seu irmão e advogado.
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Na delegacia, o investigado entregou duas armas: uma pistola Taurus, 9 milímetros, com 11 munições íntegras, e uma Taurus, calibre 840, com 50 munições íntegras, que pertence à Polícia Civil do Estado de São Paulo.
Ele disse também que agiu em legítima defesa, uma vez que foi ameaçado pelo grupo de amigos de Danilo. Portanto, que se defendeu.
No boletim de ocorrência, o delegado Alvim Spinola de Castro pede a instauração de inquérito para apurar "eventual participação do investigado no fato". Segundo ele, como Jihad se apresentou espontaneamente, não foi preso em flagrante.
No documento, Spinola acescenta que, apesar da gravidade do ato, considera que "a postergação do indiciamento seja o mais adequado". Desta forma, solicitou à Justiça de São Paulo a prisão temporária de Jihad, que foi deferida.
Após registro da prisão no 14º DP, o policial foi conduzido à Corregedoria da Polícia Civil, onde também prestou depoimento. Em seguida, Jihad seguiu para o presídio especial da Polícia Civil, onde permanecerá pelos próximos 30 dias.
Policiais civis foram até o local dos disparos, analisaram imagens de câmeras de segurança e conversaram com testemunhas, entre elas, comerciantes do bairro. O caso agora será investigado pela Corregedoria da Polícia Civil.
O caso
Danilo Salgado Senra, de 23 anos, morreu após ser baleado e agredido durante uma confusão em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, na sexta-feira (9). A morte aconteceu na rua Guaicuí, conhecida por ser uma via boêmia, por volta das 4h30. Duas câmeras de segurança registraram o crime.
Danilo e seu amigo, Thiago Milhomem Martins, estavam reunidos no endereço quando teriam avistado dois homens tentando enganar um vendedor ambulante. Eles suspeitavam que os homens estavam aplicando um golpe no vendedor, com suposto cartão de crédito clonado.
Na tentativa de ajudá-lo, resolveram confrontar os suspeitos, dando início a uma briga. Primeiro, Danilo recebeu um tapa no rosto e foi empurrado. Em seguida, a vítima foi baleada na região entre o peito e o ombro, perto do pescoço. Mesmo quando estava caído, ele recebeu diversos chutes pelo corpo.
Por fim, os suspeitos fugiram do local em direção ao Terminal Pinheiros. O autor do disparo seria identificado no dia seguinte, sábado (10), como sendo o policial civil Jihad Mohamed El Hage, de 26 anos.
Danilo foi socorrido e encaminhado ao Pronto Socorro do Hospital das Clínicas, mas não resistiu e morreu ainda na sexta-feira (9). Duas cápsulas de pistola foram localizadas em meio ao lixo deixado pela multidão, próximo dos bares.
Nas imagens, inúmeros jovens aparecem consumindo bebidas alcoólicas. Apesar dos bares já terem encerrado suas atividades devido às restrições do Plano São Paulo, alguns vendedores ambulantes permaneceram no local.