Prefeitura estuda local controlado para consumo de drogas
O obstáculo para a decisão, no entanto, seria como lidar com o tráfico
São Paulo|Do R7

A Prefeitura e o governo de São Paulo realizaram no domingo (11) uma nova ação para a retirada de dependentes químicos e limpeza, desta vez na Praça Princesa Isabel, região central. Horas depois, os usuários já haviam retornado ao local e, segundo o Município, serão impedidos de montar tendas e barracas. O coordenador do programa Redenção, o psiquiatra Arthur Guerra, disse ao Estado que estuda a possibilidade de, no futuro, haver áreas controladas para o consumo de droga na cidade.
A afirmação foi feita por Guerra após a operação, ao explicar o funcionamento das estruturas de acolhimento da Prefeitura. "Hoje disponibilizamos 150 lugares em contêineres e mais 120 lugares em abrigos para que os usuários possam passar a noite e tomar uma canja. Eles não são obrigados a se tratar, se quiserem podem chegar lá drogados, o que ainda não dá é para usar a droga no local. Mas quem sabe, no futuro, passe a poder." O Estado apurou que um dos obstáculos para a decisão é como lidar com o tráfico de drogas.
Com 550 PMs, a ação da Força Tática e do Choque começou às 5 horas, quando os agentes cercaram a praça. Os policiais percorreram toda a praça em meia hora. Homens do Choque, com escudos, avançaram sem resistência dos que ainda estavam lá.
Três pessoas foram detidas: dois traficantes e um usuário acusado de agredir um jornalista. Denilson dos Santos, de 23 anos, e Elenilson Lopes da Silva, de 39 anos, carregavam 774 gramas de crack, R$ 1.596 e uma balança. Foram levados ao Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico) e autuados por tráfico.
Atendimento
O alojamento para acolhimento em contêineres teve baixa demanda. Apenas quem havia pernoitado no local continuou por lá. Às 9 horas, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria, ambos do PSDB, foram à praça, para onde os dependentes voltaram depois de circular pelo centro.
A estratégia, segundo a Prefeitura, era espalhar os viciados para facilitar a abordagem dos agentes de saúde e o encaminhamento para tratamento. "Este é um trabalho permanente, não vai resolver (o problema) do dia para noite. Quando há concentração você facilita a vida do traficante, atrai pessoas e dificulta a abordagem", afirmou Alckmin. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.