Adolfo Duarte trabalhou em projetos sociais e ambientais sobre a represa Billings, em SP
Reprodução Redes Sociais - 07.08.2022Um dia após o corpo de Adolfo Souza Duarte, de 41 anos, conhecido como Ferrugem, ter sido encontrado na represa Billings, na zona sul de São Paulo, a família do professor e ambientalista acompanha as investigações da polícia e pede justiça às autoridades. "Preferia que tivesse sido um acidente, para não ter que dar conta de ele ter sido judiado por um cara que não conhecia o trabalho e a vida dele", disse ao R7 Uiara Duarte, esposa de Adolfo.
A família confirmou, na tarde deste sábado (6), que o corpo encontrado no período da manhã era de Ferrugem. O corpo foi visto por um amigo de Adolfo Duarte que permaneceu acampado na região por quatro dias em busca de indícios que levassem ao encontro do professor.
Uiara, que fez o reconhecimento e a liberação do corpo do marido no IML na manhã deste domingo (7), cobra rapidez nas investigações da polícia. "Espero que se resolva o quanto antes", diz. Ferrugem, que era também marinheiro fluvial na ONG Meninos da Billings, trabalhou na Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo e desenvolveu um trabalho de conclusão de curso sobre a construção da represa Billings. "Ele tinha muito zelo com isso."
Após perder um filho para o câncer, dez anos atrás, o ambientalista começou a se dedicar a trabalhos sociais e ambientais. "Ele se encontra ali nas margens [da represa]", diz a mulher. "Ele sempre trabalhou para o crescimento da população e da comunidade, seja de forma educacional, ambiental, seja em recreio de férias com as crianças, e para trazer um espaço para se divertir e para todo mundo ter um espaço, conhecer e cuidar. Por isso, agora a gente pede justiça."
De acordo com o advogado André Nino, que representa quatro jovens que faziam um passeio com o ambientalista no momento do desaparecimento, teria havido um acidente. Na versão do grupo que participava do passeio, na noite da segunda (1º), Ferrugem e uma das jovens teriam caído na Billings.
Ela foi resgatada com uma boia, enquanto o ambientalista desapareceu. Segundo o advogado, como a água estava muito escura, não foi possível encontrá-lo, e, por isso, todos decidiram voltar para a margem da represa e pedir ajuda.
A Polícia Civil apreendeu os celulares dos jovens para analisar os vídeos que foram gravados na embarcação. Além disso, o caso, inicialmente tratado como de desaparecimento, passou a ser investigado como homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar.
"Vale ressaltar que a alteração da natureza não afeta em nada o trabalho policial na elucidação do fato. Diligências seguem em andamento em conjunto com os outros órgãos que atuam no local visando à localização da vítima e ao esclarecimento de todas as circunstâncias do ocorrido", afirmou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por meio de nota.
De acordo com o advogado André Nino, os jovens foram convocados para prestar um novo depoimento no 101° DP, na noite da quinta-feira (4).
O ambientalista Adolfo Souza Duarte desapareceu após cair de uma embarcação na represa Billings, no Grajaú, zona sul de São Paulo, na noite da última segunda-feira. Segundo informações do boletim de ocorrência, ele trabalhava com viagens de barco para visitantes que querem conhecer a represa.
Na noite da segunda-feira, os amigos Kathielle Souza Santos, Mikaely da Silva Moreno, Vithorio Alax Silva Santos e Mauricius da Silva estavam em um bar próximo à represa quando decidiram fazer um passeio de barco, oferecido por Ferrugem.
O grupo teria pago cerca de R$ 55 para começar o passeio, às 19h16. Segundo depoimento, Ferrugem teria posto colete salva-vidas apenas nas mulheres e dito que elas poderiam ficar sem a proteção após alguns minutos de viagem.
Em determinado momento, o barco solavancou, o que fez com que Mikaely e Ferrugem caíssem na água. Os amigos conseguiram fazer um retorno com o volante do veículo e jogar uma boia para resgatá-los. Apenas Mikaely teria se segurado na boia, e Ferrugem não foi mais visto.
O barco, então, atracou na margem da represa. O quarteto desceu e pediu ajuda a frequentadores do bar, porém alguns deles teriam começado a agredir três dos amigos com socos e chutes, alegando que eles teriam matado Ferrugem.
Antes das buscas oficiais, alguns colegas de Ferrugem fizeram buscas pelo amigo, sem sucesso. De acordo com a polícia, os quatro jovens não conheciam o ambientalista. Mauricius, Kathielle e Vithorio, que sofreram ferimentos das agressões, foram encaminhados ao IML (Instituto Médico-Legal) para exame de corpo de delito.
O sócio de Ferrugem, Adrian, confirmou que a vítima era responsável por conduzir as embarcações. Ele informou que o barco estava com a popa danificada. O rastreador mostra que ele foi ligado às 19h16 e desligado às 20h12, o que acabou causando estranhamento.