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Risco de resgate e confronto fez governo transferir líderes do PCC

A proximidade do presídio com a fronteira do Brasil com a Colômbia e as condições de reação das forças de segurança também influenciaram

São Paulo|Márcio Neves, do R7

Líderes do PCC agora estão na penitenciária federal de Brasília (DF)
Líderes do PCC agora estão na penitenciária federal de Brasília (DF)

Na manhã desta sexta-feira (22), devido ao aumento do risco de uma tentativa de resgate apontada em relatórios de inteligência, o Governo Federal decidiu transferirquatro lideranças da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) de um presídio federal de segurança máxima em Porto Velho (RO), para uma penitenciária federal em Brasília (DF).

Entre os presos transferidos está Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), Cláudio Bárbara da Silva, o Barbará, Patric Velinton Salomão, o Forjado, e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal, todos integrantes da facção criminosa.

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Policiais e militares ouvidos pela reportagem do R7, afirmaram que estes relatórios convergiam em apontar para uma movimentação atípica de pessoas ligadas ao narcotráfico na fronteira de Rondônia com a Bolívia, que poderia resultar numa ação de resgate.


Marcola está entre os presos transferidos para Brasília (DF)
Marcola está entre os presos transferidos para Brasília (DF)

A proximidade do presídio com a fronteira do Brasil com a Colômbia, que é de menos de 160 km, também foi considerada para a decisão da transferência, já que seria um facilitador para uma fuga usando um helicóptero.

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Além disso, o número disponível de homens que fazem a segurança da penitenciária, e o efetivo disponível para uma reação no caso de uma tentativa de resgate de grande porte, teria dificuldades reagir.

Presídio de Porto Velho é próximo a fronteira Brasil-Colômbia
Presídio de Porto Velho é próximo a fronteira Brasil-Colômbia

Em entrevista ao R7 na manhã desta sexta-feira (22), horas após a transferência, um dos principais investigadores da organização criminosa, o promotor Lincon Gakia, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), afirmou que a localização distante das fronteiras, territórios disputados pelas facções em função do tráfico de drogas, seria mais adequada.


A análise do promotor corrobora as recomendações feitas nos relatórios de segurança, já que, de fato, Brasília, além de ter espaço aéreo constantemente monitorado, tem uma distância segura das fronteiras, e, um efetivo consideravelmente maior de policiais civis e militares do que em Porto Velho, reduzindo os riscos de uma tentativa de resgate.

Oficialmente o Ministério da Justiça diz que "a ação é parte dos protocolos de segurança pública relativa à alternância de abrigo dos detentos de alta periculosidade ou integrantes de organizações criminosas, entre as unidades prisionais federais. A medida é estratégica para o isolamento de lideranças e fundamental para o enfrentamento e o desmonte de organizações criminosas".

Muitos deles estavam em penitenciárias paulistas até 13 de fevereiro
Muitos deles estavam em penitenciárias paulistas até 13 de fevereiro

Segunda transferência

O quatro presos foram transferidos em uma operação do Ministério da Justiça com apoio da Força Aérea Brasileira do presídio federal em que cumpria pena, em Porto Velho, Rondônia, para o presídio federal de Brasília.

Foi a segunda transferência dos presos este ano, já que até 13 de fevereiro eles estavam cumprindo pena em São Paulo, e foram transferidos para a penitenciária federal de Porto Velho, juntamente com outros 18 presos, alguns deles já havia sido levados para Brasília, outros continuam em Rondônia e alguns na penitenciária federal em Mossoró no Rio Grande do Norte.

Repercussão

O presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), Edvandir Felix de Paiva estava reunido com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, enquanto os presos desembarcavam em Brasília, após o encontro, ele defendeu a transferência dos líderes do PCC. 

“Temos que ter condições de isolar os presos e retomar [o controle das] penitenciárias. Este é um dos caminhos vitais para combatermos as facções criminosas e a violência no país.A movimentação destes líderes de facções criminosas é necessária para isolá-los", disse Paiva.

Já o presidente da OAB no Distrito Federal, Délio Lins e Silva Junior, a transferência de lideranças da organização criminosa para Brasília, representa um risco para a cidade. “Se vier um preso alta periculosidade, a facção dele acompanha”, criticou Délio, que defende que o Governo Federal vete a presença de presos de alta periculosidade no DF e transfira a gestão da penitenciária federal para o governo do Distrito Federal.

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