MP-SP cria força-tarefa para apurar ameaça do PCC a promotor
Promotor Lincoln Gakiya teria sido ameaçado por meio de cartas codificadas interceptadas pela polícia na saída de Penitenciária de Presidente Venceslau
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
O procurador-geral de Justiça do Ministério Publico de São Paulo, Gianpaolo Smanio, afirmou nesta segunda-feira (10) que o órgão criou uma força-tarefa para apurar a ameaça realizada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) contra o promotor Lincoln Gakiya, mas o grupo poderá atuar em outras investigações. "Começamos com cinco profissionais. Vamos mostrar para o crime organizado que sempre teremos promotores que realizam seu trabalho."
As ameaças contra o promotor e um servidor da SAP-SP (Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo) teriam sido feitas por meio de cartas codificadas, interceptadas pela polícia com duas mulheres que saíam de visita na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau — onde estão presos os supostos líderes do PCC —, no sábado (8).
As cartas, segundo Smanio, não utilizavam símbolos de escrita diferentes daquelas já interceptadas em operações anteriores. O procurador também afirmou que o MP não teme represálias da facção ou uma crise de segurança como a que ocorreu em 2006. "Um colega sofreu ameaças sérias, precisamos responder com a mesma amplitude. Já tivemos muitos momentos de tensão e esse não é diferente. Julgamos importante dar essa resposta", afirmou.
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Segundo o procurador-geral, o esquema de segurança do promotor ameaçado será reforçado. Mas não detalhou como será realizada a mudança. Segundo ele, já existe uma assessoria de segurança que atua em função dos promotores, porém, a intenção da força-tarefa será apurar as últimas ameaças e reforçar a segurança de Gakiya.
"O promotor já está amparado e em segurança. Estamos cuidando de todo o necessário para que ele continue no exercício de seu trabalho. Designamos uma força tarefa para apurar o caso", afirmou Smanio.
Na semana passada, o Ministério Público, por meio do promotor Gakiya, pediu a transferência de presos apontados como líderes da facção, incluindo a suposta liderança máxima Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, para presídios federais. O plano para matar o promotor e o servidor da SAP-SP seria uma resposta a essas transferências.
"As ameaças são feitas pelo conjunto da nossa atribuição. Fizemos mais de 77 operações contra o crime organizado, foram R$ 2 milhões e 400 veículos apreendidos, mais de R$ 5 bilhões em sonegação fiscal. E isso traz represálias", afirmou o procurador.
O procurador disse também que não é possível saber se a divulgação das cartas com as ameaças seria ou não uma "estratégia" da facção na tentativa de impedir a transferência de seus líderes para presídios federais. "Sabemos que a policia interceptou e mostrava uma ação da organização que deve ser apurada."
Smanio não quis detalhar a remoção de integrantes do PCC para presídios federais. "A questão da transferência é sigilosa. E um assunto tratado pelo Ministério Publico, pela Secretaria de Assuntos Penitenciários e pelos órgãos federais." Smanio afirmou também que apoia a atuação de seus promotores no que diz respeito ao pedido de transferência que vem sendo analisado pela Justiça.
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O debate sobre transferência de integrantes do PCC para presídios federais foi motivada, segundo o procurador, por um eventual plano de resgate de Marcola na Penitenciária de Presidente Venceslau.
Por meio de nota, a Associação Paulista do Ministério Publico afirmou que apoia o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, ameaçado pela organização criminosa por meio de cartas apreendidas. "Ressaltamos que as autoridades do sistema de Justiça que atuam no combate ao crime, notadamente organizado, necessitam de todo o respaldo do Estado e da sociedade para desempenharem suas funções."
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