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Samu pode demorar até 1h30 para atender ocorrências na cidade de SP

Casos graves foram atendidos, em média, em 21 minutos, mas muitas vezes na primeira ligação não é possível identificar a gravidade corretamente

São Paulo|Fabíola Perez e Márcio Neves, do R7

Chamados recebem uma classificação que define a prioridade do atendimento
Chamados recebem uma classificação que define a prioridade do atendimento

A morte do motociclista de aplicativo Thiago de Jesus Dias, que teria sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral) após ter esperado cerca de duas horas por socorro, trouxe à tona diversos casos de demora no atendimento oferecido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) da Prefeitura de São Paulo.

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Números obtidos por meio do portal de Dados Abertos da Prefeitura de São Paulo, apontam que o tempo médio para atendimento, sem distinção do tipo de ocorrência, desde a abertura da solicitação até a chegada do Samu foi de 90 minutos nos primeiros cinco meses deste ano.

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Cada ocorrência registrada pelo serviço 192 do Samu, recebe uma classificação, que leva o nome do alfabeto fonético, aquele utilizado por policiais e seguranças. As ocorrências classificadas como Alfa, são as menos urgentes e tem maior tempo médio de atendimento, seguida pela Bravo, Charlie, Delta e Echo, que são as mais graves e, que segundo a própria Coordenação do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, tem um tempo médio de atendimento de 21 minutos no mesmo período.

Entretanto, nem sempre na primeira ligação a ocorrência permite que seja identificado a gravidade de forma correta, o que em casos como o do Thiago Dias, acaba entrando nesse tempo médio de 1h30, principalmente porque o estado de saúde de muitas pessoas que dependem do serviço pode sofrer alterações durante o tempo de espera.


A dona de casa Sandra Barrochelo, por exemplo, relata que já precisou solicitar o atendimento do Samu duas vezes no último ano, sem sucesso. "O desespero da família não consegue esperar."

No dia 11 de julho do ano passado, por volta das 3 horas da madrugada, seu pai José Barrochelo, de 81 anos, levantou e desmaiou no banheiro de casa. "Minha mãe ligou para minha irmã, que chamou o Samu e nada", diz. "Como o Samu não havia chegado, ligamos para o resgate [do Corpo de Bombeiros], que após 15 minutos nos atendeu."


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Entre a solicitação inicial ao Samu e o atendimento prestado pelo Corpo de Bombeiros, Sandra estima que se passaram 50 minutos. José havia sofrido um AVC. Em janeiro desse ano, a família acionou o serviço de atendimento emergencial pela segunda vez. "Meu pai teve uma pneumonia e, mais uma vez, os Bombeiros chegaram mais rápido", lembra. "Nos vemos obrigados a chamá-los, mas no desespero pelo atendimento acabamos tentando outras formas."

A médica Ana Cláudia Uski, 33 anos, também passou por momentos de nervosismo e desespero ao solicitar o atendimento do Samu para o pai de 62 anos. "Estávamos num restaurante por volta das 21h30, meu pai perdeu a consciência, vomitou, convulsionou, não sabíamos se era um AVC ou um infarto", afirma.

"Meu pai teve uma síncope de alguns segundos, ligamos para o Samu, passaram-se 20 minutos e eles não vinham", diz a médica. A opção mais rápida foi chamar um taxi. "Não dá para raciocinar, na hora a gente só quer fazer a remoção da pessoa. Achei um absurdo a demora no atendimento, é muito grave."

Ana afirma ainda que tentou retornar por telefone e os atendentes teriam dito que "estavam a caminho" e teriam pedido para retornarem à ligação em mais 30 minutos. "Hoje já descartaria a possibilidade de chamar o Samu, é uma necessidade muito rápida, não dá para ficar esperando."

O caso de demora, ganharam ainda maior destaque, após o processo de mudança na localização das bases de atendimento do Samu, que vem sido alvo de contestações principalmente por funcionários do serviço, que alegam que as mudanças aumentaram ainda mais o tempo médio de atendimento.

Procurada, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo serviço do Samu diz que "todos os chamados ao Samu são atendidos, triados e classificados pela regulação médica, seguindo protocolos internacionais de acordo com a prioridade clínica de cada caso".

A pasta afirmou ainda que "o número de atendimentos do Samu (ocorrências com envio de viaturas) vinha numa tendência de queda desde agosto de 2018, o que inclusive motivou a execução da descentralização do serviço" e que, "os resultados do processo de descentralização poderão ser melhor avaliados nos próximos meses, contudo, os números de maio já indicam um aumento de solicitações atendidas em relação aos meses anteriores. Desta forma, mesmo considerando um período natural de transição, os números já demonstram resultados positivos".

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