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Suspeito de matar diretora tem prisão prorrogada; família contesta

Segundo parentes de Walyson Oliveira da Silva, sobrevivente do ataque não o reconheceu, ainda assim ele vai permanecer detido

São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7

Suspeito teve prisão prorrogada apesar de não ter sido reconhecido por vítima
Suspeito teve prisão prorrogada apesar de não ter sido reconhecido por vítima

Foi prorrogada a prisão temporária de Walyson David Oliveira da Silva, de 20 anos. Ele está preso desde o dia 15 de junho por suspeita de envolvimento na morte da diretora e da professora em 24 de maio, na zona leste de São Paulo. Elas estavam em uma Tucson que foi abordada por criminosos e executadas por engano. De acordo com a família do suspeito, ele estava dormindo na casa da namorada na hora do crime e não foi reconhecido pela vítima que sobreviveu.

"É desesperador saber que ele é inocente e está preso. As autoridades não querem nos ouvir e saber o nosso lado. O caso corre em segredo de justiça. Nossa família nunca passou por isso. Walyson nunca deu trabalho, estudou, fez vários cursos e especialização de cabeleireiro. Trabalha desde os 14 anos", afirma a mãe, Mariene Gomes Oliveira, de 52 anos, que também é cabeleireira.

Os pais de Walyson moram na Bahia e, desde a prisão do filho, estão em São Paulo para tentar ajudá-lo. "Tô desesperado esperando meu filho sair. Ele seguir a vida e eu, a minha. Ele é novo e tão tentando destruir a carreira dele. A gente não tem o que fazer, a mãe só chora. Walyson não deve nada e eles não têm provas. Já mandamos filmagens, tudo. Prorrogaram [a prisão] sem nada. Tão procurando agulha em palheiro", disse o pai Edmilson Menezes da Silva, de 57 anos. 

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Segundo o irmão, Thalisson Oliveira da Silva, de 31 anos, o reconhecimento pessoal foi feito no dia 23 e a vítima não reconheceu Walyson ou alguma das pessoas apresentadas pela polícia.


"Eles não encontram os verdadeiros bandidos e meu irmão segue preso. Estamos desesperados com isso. É injusto. Foi pedida uma revogação de prisão explicando os pontos, o Ministério Público e a juíza pediram para que o delegado se manifestasse, mas ele pediu a renovação da prisão temporária. Ele alega que meu irmão solto pode atrapalhar a investigação", revela.

Walyson não tem passagem pela polícia e é proprietário de um salão na frente de casa, na zona leste. Ele está na carceragem do 2º DP (Bom Retiro) e tem se comunicado com familiares por carta.


Walyson se comunica por cartas com parentes
Walyson se comunica por cartas com parentes

Em uma delas, escreveu: "Serei eternamente grato a vocês, obrigada pelas palavras de consolo, por me ajudarem nesse momento tão difícil, continuem escrevendo. É a única coisa que me conforta aqui nesse lugar".

Nas cartas, ele se dirige a familiares e amigos e diz estar mais calmo: "Espero que logo eu esteja aí. Tio, vou cortar seu cabelo. Cuidem bem do salão esse tempo que tô aqui. Não vejo a hora de viajarmos todos juntos depois desse pesadelo. Fiquem com Deus".


Na casa da namorada

Segundo a família, na noite anterior ao crime, Walyson assistiu ao jogo do São Paulo com o irmão e a namorada de 17 anos. Depois foi para a casa dela, onde dormiu e só saiu de lá por volta de 14h45 depois de almoçar.

"Passamos o domingo na casa dele, como de costume. À noite mandei mensagem para minha mãe perguntando se o Waly podia dormir em casa que domingo e segunda é a folga dele. Minha casa da dele dá uns 5 minutos no máximo a pé e ele não leva celular porque já foi assaltado. Ele passou a noite e, às 7h, minha mãe foi pro quarto ver se tava tudo bem e viu que ele estava lá dormindo", lembra a namorada que é adolescente e prefere não ser identificada.

Segundo ela, Walyson é conhecido na comunidade do Jardim Eliane, onde mora e trabalha, e todos estão indignados com a prisão. "Tenho certeza absoluta da inocência dele. Minha mãe é rígida comigo e confia nele. Deixa ele dormir aqui em casa. É revoltante ficar nessa situação. É desesperador", revela.

Ele só deixou o imóvel que fica no Jardim Fernandes, perto da casa dele, por volta de 14h48. Às 14h51, Walyson chegou em casa, trocou mensagem com a namorada e disse que estava com preguiça por ter dormido muito.

A adolescente conta que câmeras de segurança de uma casa vizinha a dela gravaram a saída de Walyson com uma sacola na mão, onde ele levava os pertences depois de dormir fora de casa. Não há imagens do momento em que ele chega à casa da namorada. Outra câmera gravou ele caminhando pela rua já próximo à residência onde mora.

Professora e diretora de creche foram mortas a tiros após ataque ao carro na zona leste de SP
Professora e diretora de creche foram mortas a tiros após ataque ao carro na zona leste de SP

O crime

O ataque ao veículo foi no dia 24 de maio antes das 7h, na região de Guaianases, zona leste da capital paulista. A diretora Jéssica Lopes Frazão e a professora Marli Gomes de Lima Lana foram mortas a tiros e uma cozinheira sobreviveu.

De acordo com a Polícia Militar, o crime aconteceu na avenida Professor Osvaldo de Oliveira, no bairro José Bonifácio. As vítimas estavam a caminho do CEI (Centro Educacional Infantil) Jardim Lapena em uma Hyundai Tucson preta, quando o veículo foi metralhado. Diretora e professora morreram no local e a cozinheira não ficou ferida.

Aos policiais, a sobrevivente contou que três homens armados com fuzis atiraram contra o automóvel. Ela conseguiu se abaixar a tempo e escapar com vida.

Segundo a PM, o trio confundiu o carro das mulheres com o de um empresário da região. O comerciante de uma rede de postos estaria com alto valor em dinheiro no veículo, que é blindado. O objetivo dos criminosos era assaltá-lo.

Em imagens registradas por câmeras de monitoramento, é possível ver o momento que o carro das vítimas passa e, logo em seguida, um outro veículo, que seria o do empresário, vai na mesma direção. Naquele momento, um terceiro carro preto segue os dois veículos.

O carro usado pelas professoras não era blindado e foi perfurado em todas as direções.

No dia 15 de junho, dois suspeitos foram presos por envolvimento no caso, entre eles Walyson. Segundo a Polícia Civil, as investigações procuram identificar se há outros participantes na execução.

Prisão

O então advogado do suspeito, Luiz Guilherme Domiciano dos Santos, revelou que a polícia chegou até Walyson por meio do reconhecimento fotográfico feito pela vítima. "Esse reconhecimento é genérico, não é efetivo. O delegado disse que ela não teria condições de identificá-lo", ressalta.

O outro suspeito preso pelo crime não é conhecido da família e nem de Walyson. Segundo o advogado, são pessoas desconexas.

Pela libertação de Walyson, amigos e parentes foram às redes sociais para dar visibilidade ao caso com a hashtag #todospelowaly. O jovem é descrito como gente boa, trabalhador, sem contato com drogas ou crime.

O outro lado

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a prisão é determinada pela Justiça e que o caso é investigado em segredo, por isso demais questionamentos devem ser direcionados ao Poder Judiciário.

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