O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou neste domingo (9) que o atrito entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro "passou" e que ele "sempre será leal e grato" ao ex-chefe do Executivo. "Se estou aqui, eu devo a ele", disse. Os dois tiveram um desentendimento em razão da reforma tributária, já que o gestor paulista apoiou a aprovação do projeto, mesmo com orientação contrária dada por Bolsonaro. "O presidente [Bolsonaro] é um grande amigo. A gente pode divergir em algum ponto sobre a reforma, é normal. Não é possível que a gente vá concordar sempre em tudo. Já era assim quando eu era ministro. Havia situações em que eu discordava dele, procurava assessorar da maneira mais respeitosa e leal possível. Sempre tive uma lealdade muito grande", declarou Tarcísio durante evento de comemoração à Revolução de 1932, em São Paulo. O governador paulista confirmou ter conversado com Bolsonaro após a discussão. Na quinta-feira (6), antes da aprovação do texto pela Câmara dos Deputados, Tarcísio compareceu a uma reunião do PL e discursou em favor da reforma. Durante a fala, ele foi interrompido por Bolsonaro. "Se o PL estiver unido, não aprova nada", disse o ex-presidente, que em seguida foi aplaudido pelos políticos presentes. Na reunião, Tarcísio foi vaiado por alguns políticos do PL. Na ocasião, ele defendeu a ideia de que o partido não poderia abrir mão de se posicionar a favor da reforma. "O que eu estou querendo explicar com a maior humildade do mundo é que eu acho arriscado para a direita abrir mão da reforma tributária", disse. O PL possui a maior bancada da Câmara, com 99 deputados. Apesar da avaliação de Bolsonaro, 20 parlamentares do partido votaram a favor do texto no primeiro turno e 18 no segundo turno, contrariando a orientação partidária. Entenda: No PL, 20 deputados ignoram apelo de Bolsonaro e votam a favor da reforma; veja 'traições' por partido Na avaliação de Tarcísio, o texto aprovado foi o "texto possível". "Esse processo de reforma tributária, como é denso e complexo, estará sempre sujeito a aperfeiçoamentos. O Senado agora dará a contribuição dele, e a gente espera que essa reforma seja a melhor para São Paulo e para o Brasil", reiterou o governador, neste domingo.