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Três pedestres morrem por dia em acidentes de trânsito no estado de São Paulo

Seguidos casos de atropelamento em calçada, incluindo o de um casal, chamam a atenção para os perigos para os pedestres

São Paulo|Sandra Lacerda*, com informações da Record TV

Casal que se beijava na calçada é atropelado em SP
Casal que se beijava na calçada é atropelado em SP

O recente atropelamento de um casal que se beijava na calçada, em São Paulo, não é um caso isolado. De janeiro a julho deste ano, três pedestres morreram por dia em sinistros de trânsito no estado. É o que mostra um levantamento feito pelo R7 com base no Infosiga, banco de dados do governo de São Paulo.

Nos sete primeiros meses de 2023, foram registrados 659 óbitos. O número representa uma redução de 10% em relação ao mesmo período de 2022, que contabilizou 733 mortes de pedestre em acidentes de trânsito.

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Só em agosto, vídeos de câmeras de segurança flagraram atropelamentos que deixaram três mortos e pelo menos 12 feridos na Grande São Paulo. Os episódios recentes servem de alerta, segundo especialistas ouvidos pelo R7.

O arquiteto e urbanista Flamínio Fichmann, diretor e coordenador do Grupo de Mobilidade Urbana da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), afirma que a diminuição no número de mortes não representa um incremento de políticas públicas importantes de segurança para os pedestres.


Segundo o especialista, apesar de andar a pé corresponder a cerca de um terço dos deslocamentos da região metropolitana de São Paulo, o desenho urbano não é compatível com as necessidades do transeunte.

"As vias são muito mais bem cuidadas do que as calçadas. Vivemos uma cultura que privilegia os veículos em detrimento do pedestre. As calçadas são estreitas, muito malcuidadas e cheias de buracos e postes. Esses fatores expõem o pedestre ainda mais aos riscos da rua", diz.


Episódios recentes de atropelamento, choques e colisões também põem em evidência a fragilidade dos pedestres, mesmo quando estão caminhando na calçada. Para Fichmann, esses casos são um sinal de alerta para condutores e transeuntes redobrarem a atenção.

"Entre caminhões, ônibus, carros e motocicletas, o elemento mais frágil na circulação é o pedestre. Ele sempre está vulnerável e em qualquer acidente é sempre a maior vítima", alerta.

Pedestres atropelados na calçada

No dia 20 de agosto, o casal Jonathan Ribeiro e Cristiane Mendes foi vítima de um condutor embriagado. Eles foram atropelados pelo motorista no momento em que pararam na calçada para se beijarem, no bairro de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo.

O casal foi arremessado a mais de 10 m de distância e caiu inconsciente no chão. A jovem, de 26 anos, fraturou o ombro e teve escoriações na cabeça e nas pernas. Jonathan, de 31 anos, entretanto, não resistiu à violência do acidente e morreu.

O caso é um dos exemplos de muitos sinistros de trânsito que resultaram em morte e também deixaram feridos. De acordo com a Record TV, nos últimos sete meses, 38.102 pessoas foram feridas nas vias, o que representa um aumento de quase 10% em comparação com 2022.

A culpa é sempre do condutor?

Embora o pedestre esteja sempre vulnerável nas ruas, o arquiteto e urbanista explica que o condutor nem sempre é o culpado de um acidente de trânsito.

"É claro que, por estar dirigindo um veículo, o potencial destrutivo está nas mãos do motorista. Por isso, ele deve tomar cuidado com veículos mais leves e, especialmente, com aqueles que não têm veículo. Mas isso não significa que os transeuntes também não possam causar acidentes", afirma Flamínio Fichmann. 

Para o especialista, o excesso de velocidade associado à má condição do veículo e ao consumo de álcool e drogas é o principal fator causador da morte de pedestres. Por isso, a fiscalização é essencial e deve ser aprimorada. 

Além disso, investimentos nas áreas destinadas para pedestres, como asfaltamento correto de calçadas, largura adequada e iluminação, são fatores essenciais para promover mais segurança para quem caminha.

Treze mortes por dia

Entre condutores, passageiros e pedestres, em média 13 pessoas morrem por dia em São Paulo. Neste ano, das 2.850 mortes registradas, 446 aconteceram no mês de julho, o mais fatal até agora. 

Em entrevista à Record TV, o médico Alberto Sabbag, especialista em segurança de tráfego, diz que há uma explicação para o aumento de óbitos em julho.

"Se você tem um inverno um pouco mais quente, como nós tivemos aqui, o número de acidentes e mortes aumenta. Porque as pessoas saem para o lazer, vão para o churrasco e voltam embriagadas. É muito comum no Brasil associar a direção ao lazer e à bebida", disse.

Para o especialista, a principal solução para a redução de mortes em sinistros de trânsito é uma fiscalização reforçada para autuar motoristas embriagados ou veículos em más condições. "Isso pode salvar vidas", afirma.

* Estagiária sob supervisão de Bruno Araújo e Márcio Pinho

Atropelamentos de pedestres em calçada se acumulam

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