Três PMs são suspeitos de matar engenheiro em perseguição forjada
Corregedoria pediu a prisão dos policiais. Imagens de câmeras contradizem a versão deles sobre crime ocorrido em São Paulo
São Paulo|Thais Furlan, da Record TV
A Corregedoria da Polícia Militar pediu a prisão de três PMs suspeitos de assassinar um engenheiro civil durante uma suposta perseguição em São Paulo.Os policiais também estão sendo investigados por modificar a cena do crime para tentar escapar de uma punição. Câmeras de segurança flagraram um guarda noturno limpando a mancha de sangue do asfalto.
Eram 2h04 quando um veículo cinza, seguido por uma viatura da Polícia Militar para no meio da rua. O motorista abre a porta do carro e cai ferido no chão. Dois dos três policiais envolvidos na ocorrência pegam o homem e o colocam no banco traseiro. Um policial assume a direção do carro, o que não é permitido por lei. Os outros dois voltam pra viatura e saem logo atrás.
Sete minutos depois, outra câmera de vigilância registra a viatura à frente do veículo. Eles estão a caminho de uma rua sem saída na periferia da zona sul de São Paulo, que fica a 1,5 km do local onde o homem foi parado. Ali, segundo a investigação, os policiais simularam um confronto com o motorista. O veículo fica encurralado no beco pela viatura, bem diferente da imagem registrada minutos antes.
O carro tem uma marca de tiro no porta-malas.A suspeita é que os policiais dispararam e mataram o homem durante a suposta perseguição.
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No boletim de ocorrência, os policiais militares disseram que tentaram abordar indivíduos no interior do veículo e, quando o carro colidiu na rua sem saída, três suspeitos saíram do carro atirando. Para se protegerem, revidaram os tiros. No confronto, um dos indivíduos foi atingido e outros dois conseguiram fugir.
Três horas depois do homem ser morto, um motociclista foi até a rua da abordagem e jogou areia no asfalto para apagar as manchas de sangue. A investigação acredita que ele seja um guarda noturno que foi ao local a pedido dos policiais.
O motorista do carro que morreu era engenheiro civil. Ele tinha uma passagem por roubo há sete anos, mas não enfrentou qualquer outra investigação ou queixa formal depois disso.
Além das imagens com fortes indícios de que os policiais forjaram a cena do crime, chama a atenção do departamento de homicídios que uma hora antes do engenheiro ser morto, os PMs envolvidos na ocorrência pesquisaram o histórico dele no sistema da polícia. A suspeita é de que eles estavam à procura do homem, mas o motivo ainda é desconhecido.
Nesta terça, a polícia civil pediu a prisão temporária dos três envolvidos. O advogado Mauro da Costa Ribas Júnior, que defende dois soldados, nega a fraude. "Houve sim uma ocorrência de morte em decorrência de intervenção policial, houve o revide de disparos. com relação às demais questões da investigação, filmagens que serão divulgadas e tudo mais. A defesa ainda não teve o acesso à íntegra. Assim que tiver, a gente vai comentar, vai falar, mas a priori o indivíduo era criminoso, era já um meliante conhecido da região e foi uma ocorrência legítima.", afirmou.
A Polícia Militar afirmou que a versão dos PMs de que haveria ocorrido um confronto foi totalmente diferente do que se vê nas imagens, e afirmou ainda que a instituição representou pela prisão preventiva dos três ao TJM (Tribunal de Justiça Militar).