São Paulo Três subprefeituras concentram 60% dos leitos de UTI de São Paulo

Três subprefeituras concentram 60% dos leitos de UTI de São Paulo

Levantamento da Rede Nossa SP evidencia desigualdade na cidade e aponta que Sé, Pinheiros e Vila Mariana têm mais da metade dos leitos SUS

  • São Paulo | Do R7, com informações da Agência Brasil

Mais da metade dos leitos de UTI estão em apenas três subprefeituras

Mais da metade dos leitos de UTI estão em apenas três subprefeituras

Divulgação / Allegra Pacaembu

Um mapeamento realizado pela Rede Nossa São Paulo, a partir de dados de fevereiro de 2020 do DATASUS, mostra a distribuição desigual dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) vinculados ao SUS na capital paulista. O levantamento mostra que apenas as subprefeituras Sé, Pinheiros e Vila Mariana concentram mais de 60% desses leitos.

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As três subprefeituras ficam nas regiões mais ricas e centrais do município e concentram 9,3% da população do município. Enquanto isso, 20% da população ou 2.375.000 pessoas vivem em sete subprefeituras (Parelheiros, Cidade Ademar, Campo Limpo, Aricanduva, Lapa, Perus, Jaçanã), localizadas nas periferias, onde não há sequer um leito de UTI, segundo o mapeamento.

Para exemplificar, apenas a subprefeitura de Pinheiros dispõe de 365 leitos de UTI do SUS, mas, na região, moram 294 mil pessoas. Com a mesma população, a subprefeitura de Vila Maria, na zona norte, possui dez leitos.

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O cenário atual de pandemia de coronavírus e estado de emergência vivido na cidade de São Paulo têm trazido desafios à economia e à rede de saúde desde que houve a restrição de circulação de pessoas durante a quarentena.

De acordo com a Rede Nossa São Paulo, esses impactos são vivenciados de maneira diferente a depender de onde se vive na cidade: "a desigualdade experimentada diariamente no transporte público, no trabalho informal e nas oportunidades educacionais também se reflete neste momento de alta demanda por serviços de saúde. A desigualdade territorial segue acentuando as diferenças e tornando as populações ainda mais vulneráveis".

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Ainda segundo a Rede Nossa São Paulo, a iniciativa da gestão municipal de ampliar o número de leitos por meio de hospitais de campanha é urgente e necessária. "Espera-se a inauguração de um hospital na Vila Brasilândia, em maio, o que aumentará significativamente o número de leitos na periferia. Mas vale lembrar que o hospital é uma demanda da população da zona norte há, pelo menos, 30 anos, e as obras, iniciadas em 2015, deveriam ter sido concluídas em 2017", ressaltou a instituição.

Veja no mapa a distribuição dos leitos públicos de UTI conveniados ao SUS por subprefeitura:

Distribuição dos leitos públicos de UTI por 100 mil habitantes/subprefeitura

Distribuição dos leitos públicos de UTI por 100 mil habitantes/subprefeitura

Divulgação / Rede Nossa SP

Outro lado

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, a concentração de UTIs em bairros centrais, identificada no levantamento, não reflete a realidade da rede pública municipal.

Em nota, a administração informou que os hospitais municipais estão distribuídos, em sua maior parte, na periferia da cidade, em bairros como: Itaquera, São Miguel, Ermelino Matarazzo, Pirituba, M'boi Mirim, Cidade Tiradentes, Campo Limpo, Vila Maria, Butantã, Vila Nova Cachoeirinha e Campo Limpo.

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A prefeitura disse ainda que o Hospital de Parelheiros, que atualmente tem 25 leitos de UTI, vai aumentar esse número para 288, destinados a pacientes com coronavírus. O prefeito Bruno Covas anunciou mais 159 leitos de UTI no Hospital da Brasilândia, na zona norte, para tratamento de pacientes com covid-19.

Também em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que os hospitais estaduais localizados na capital paulista estão distribuídos nas cinco regiões, “inclusive com prevalência nos extremos sul e norte, com uma rede de referências em média e alta complexidade nos ‘pontos cardeais’ da região metropolitana”.

A pasta ressaltou ainda que possui 34 hospitais em São Paulo, que atendem qualquer usuário do SUS, “independentemente da origem, visto que o acesso e o atendimento pela rede pública de saúde são garantidos constitucionalmente a qualquer cidadão”.

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