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Uso de ciclofaixas cresce no fim de semana, mas bicicleta ainda não faz parte do cotidiano da cidade

Segundo a CET, São Paulo possui mais de 240 km de malha cicloviária

São Paulo|Ana Ignacio, do R7

Segundo a CET, São Paulo possui mais de 240 km de malha cicloviária
Segundo a CET, São Paulo possui mais de 240 km de malha cicloviária

Parques cheios e ciclofaixas e ciclovias movimentadas viraram rotina na cidade de São Paulo. Pelo menos durante um belo fim de semana de sol. Para quem gosta de pedalar pela cidade nas horas vagas, opções não faltam. De uns anos para cá, as ciclofaixas e ciclovias certamente ganharam adeptos. No entanto, essa cena típica do fim de semana não reflete a real situação da cidade em relação ao uso da bicicleta.

A SMT (Secretaria Municipal de Transportes), por meio da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), informou que, atualmente, a cidade conta com 241,4 km de malha cicloviária, sendo 119,7 km de ciclofaixas de lazer, 60,4 km de ciclovias, 3,3 km de ciclofaixa definitiva e 58 km de rotas de bicicleta. A companhia estima que as ciclofaixas de lazer recebam cerca de 150 mil usuários por dia.

Dados da Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo) estimam que pelo menos 500 mil pessoas utilizam a bicicleta para deslocamentos nas ruas ao menos uma vez por semana. Segundo a SPTuris (São Paulo Turismo), a capital paulista possui 7 milhões de automóveis.

Para Lucila Lacreta, arquiteta e diretora- executiva do movimento Defenda São Paulo, ainda é cedo para dizer que a cidade passou por uma grande alteração – tanto em relação ao comportamento das pessoas quanto em relação a paisagem.


— Eu particularmente acho que as ciclovias e ciclofaixas não interferem na paisagem ainda. Elas não estão consolidadas no cotidiano da cidade. É o inicio, a implantação começou, cada vez mais há adeptos para usar a bicicleta como meio de transporte diário, mas ainda não faz parte da vida da cidade.

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Thiago Benicchio, adepto da bicicleta como meio de transporte e diretor geral da Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo) acredita que a cidade tem se transformado em partes.


— Houve uma evolução gradual desde 2005, começo dos anos 2000. Evoluiu no lazer de final de semana, mas não evoluiu no transporte.

Para ele, o uso das ciclofaixas e ciclovias ajuda no desenvolvimento da percepção das pessoas sobre esse tipo de transporte.

— A paisagem da cidade não mudou, mas com as ciclofaixas há uma alteração no imaginário das pessoas. Elas começam a descobrir as distâncias da cidade, conseguem perceber que é mais próximo do que elas achavam, que a cidade poderia ser diferente.

Crescimento

Dados de 2007 da pesquisa Origem/Destino, realizada pelo Metrô a cada 10 anos, apontam que das 25,5 milhões de viagens por dia realizadas na cidade de São Paulo, cerca de 156 mil (0,6%) são feitas por bicicletas. Lucila acredita que o uso cotidiano da bicicleta ainda está um pouco distante.

— Está em um bom caminho. A questão de consolidação é de tempo, vontade política de manter e continuar criando as ciclofaixas e ciclovias. Os usuários são muito participantes e acredito que será um meio de transporte de sucesso, mas é um projeto de longo prazo, 15, 20 anos para contemplar a cidade toda.

Para Lucila, um dos grandes gargalos do projeto atual são as periferias.

— Vemos nos bairros centrais os espaços específicos para bicicletas e nas periferias onde é mais necessário e onde a bicicleta é realmente muito usada, não vemos tanto.

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Thiago também acredita que o caminho ainda é longo.

— Durante muito tempo a bicicleta era invisível e ainda acham que é inviável. Nesses últimos anos rompemos essa barreira, mas a proposta das ciclofaixas poderia ter sido mais ousada, poderia ter fechamento total das ruas como acontece em outras cidades do mundo que tem essas ações.

Ele explica que São Paulo foi construída com base em um modelo que privilegia o uso do carro, mas garante que é possível reverter esse quadro.

— Podemos ter uma cidade onde as pessoas têm mais meios de transporte. Isso não quer dizer que devemos usar só bicicleta, mas temos que mostrar que a bicicleta é uma possibilidade.

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