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Vacinação em massa em Botucatu barrou alta de casos após feriados

Dados consolidados serão publicados em agosto, quando ocorre a aplicação da 2ª dose da AstraZeneca aos participantes da pesquisa

São Paulo|Guilherme Padin, do R7

Cidade vacinou 66 mil pessoas em 10 horas no dia 16 de maio
Cidade vacinou 66 mil pessoas em 10 horas no dia 16 de maio

O estudo que vacinou com a primeira dose da AstraZeneca 66 mil pessoas no dia 16 de maio e outras 5 mil uma semana depois em Botucatu (SP) ajudou a barrar uma alta de casos de covid-19 que ocorreu no início do mês passado, segundo a médica e coordenadora da pesquisa, Sue Ann Clemens.

As primeiras estatísticas, divulgadas pela prefeitura, apontaram para a redução de 86,5% da média de casos confirmados entre os inícios de junho e julho, que na avaliação da especialista terá um “impacto enorme” na saúde pública da região.

“Número incrível. O primeiro dado que pudemos observar e que já estamos muito contentes é a queda significativa da incidência de casos. Após a 4ª semana, os casos em Botucatu começaram a cair vertiginosamente”, afirmou Clemens ao R7.

A queda ocorreu após o pico do número de casos dos últimos meses: foram 957 entre 6 e 12 de junho. Questionada se o alto número foi justamente o que fez parecer tão abrupta a redução, a médica argumenta que “se a vacina não tivesse eficácia, o pico não baixaria; ou não desceria ou ao menos não desceria dessa forma, com a significância que teve”. Um mês depois, entre 4 e 10 de julho, a cidade teve, ao todo, 133 registros do novo coronavírus.


Além disso, relembra a médica, os números chegaram a este pico devido a uma combinação dos feriados do fim de abril e início de maio, sobretudo o Dia das Mães, com um relaxamento da população após a vacinação em massa.

O estudo terá seus primeiros resultados oficiais divulgados de forma consolidada em agosto, quando, nos dias 8 e 14, a população imunizada pelo projeto três meses atrás receberá a segunda dose.


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Esta análise será exclusivamente a respeito da eficácia da AstraZeneca apenas com a primeira dose. Segundo a coordenadora, os resultados a respeito do êxito da vacina após a segunda dose têm previsão para outubro.

À reportagem, a pesquisadora também explicou sobre como foi o processo de vacinação em massa e quais são os objetivos com o estudo no município do interior de São Paulo.


Objetivos e relevância do estudo

Segundo a pesquisadora, o estudo possui vários objetivos e é por esta variedade que se torna relevante, inclusive internacionalmente. Serão analisadas efetividade pós-primeira dose, a efetividade pós-segunda dose e a efetividade por cada cepa circulante no país, além do impacto da vacinação em massa na redução de transmissibilidade e o chamado efeito rebanho.

A cepa circulante no Brasil, a P1 (ou Gama), proveniente de Manaus (AM), não foi posta em avaliação, por exemplo, no estudo com a AstraZeneca realizado no Reino Unido, aponta Clemens.

Isto, de acordo com a coordenadora, destacará a pesquisa brasileira a nível internacional: “É uma importância não só a nível de Brasil, mas enquanto ferramenta de estratégia na vacinação para o mundo”.

Sistema eleitoral organizou 66 mil vacinados em 10 horas

Diferentemente de outros estudos, como o de Serrana, não houve campanha prévia para a imunização e a organização para o chamado ‘Dia D’ da vacinação precisaria ser ágil. Para os pesquisadores, o problema que se criou envolvia a imunização em um domingo, sem aglomerações e assegurando que os vacinados fossem de fato moradores de Botucatu, para os resultados não perderem valor.

Para garantir a aplicação da AstraZeneca nos munícipes com estes requisitos, a sugestão foi do secretário da saúde da cidade, André Spadaro, como relata Sue.

“Não fizemos campanha previa. Anunciou-se [a campanha] e no dia as pessoas iam aparecer. Usamos o sistema eleitoral, porque a pessoa comparece com o título eleitoral e o comprovante e mostra que mora na cidade, ficando fácil de comprovar. E também porque a pessoa sabe qual o local dela [de votação] e, portanto, sabiam o ponto de vacinação”, explica a médica.

Aplicação da segunda dose ocorre em agosto
Aplicação da segunda dose ocorre em agosto

A partir da ideia, os organizadores separaram divisões por faixas etárias em cada horário, que, com os pontos de vacinação já definidos, auxiliaram a prevenir aglomerações. “Cada um sabia onde e quando teria que ir. Você ficava na sua casa tranquilo até a hora de ir se vacinar”, completa.

Vacinação em massa

Semelhante ao Projeto S, que vacinou 97% da população adulta de Serrana (SP) com a CoronaVac, o projeto da Fiocruz imunizou 66 mil habitantes de Botucatu em 16 de maio e outros 5 mil uma semana depois, no dia 22.

O objetivo da pesquisa é descobrir a efetividade da vacina da Oxford após a primeira dose, após a segunda, sobre cada cepa circulante, o impacto da imunização em massa na transmissibilidade e o chamado efeito rebanho.

Desde o chamado ‘Dia D’ até este momento, a cidade já chegou a 122,7 mil pessoas imunizadas ao menos com a primeira dose, o que corresponde a cerca de 82% da população da cidade. Destas, 27 mil já receberam a segunda dose.

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