Veja o que já se sabe sobre a cratera do Metrô na marginal Tietê
Rompimento na rede de esgoto ocorre pouco mais de um mês após o início de escavação em futura estação da Linha 6-Laranja
São Paulo|Do R7
A cratera que se abriu nesta terça-feira (1º) em uma obra do Metrô na marginal Tietê, no sentido rodovia Ayrton Senna, em São Paulo, provocou enormes transtornos para o trânsito da capital e gera dúvidas sobre possíveis impactos no andamento da expansão da Linha 6-Laranja, prometida desde 2008 e agora prevista para 2025.
O governo estadual de São Paulo já criou um comitê para investigar a causa do incidente e avaliar soluções técnicas para a realização de obras de drenagem. Desde que foi aberta, por volta das 9h da manhã, a cratera aumentou progressivamente até ocupar três faixas da pista interna da marginal Tietê.
O R7 separou uma série de perguntas e respostas sobre o acidente. Confira abaixo:
O que causou o desabamento?
Segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Paulo José Galli, a causa do desabamento foi o rompimento de uma galeria de esgoto no sentido transversal a uma obra da Linha 6-Laranja do Metrô.
“Houve o início de vazamento às 8h21, e o que começou de uma maneira leve acabou rompendo. O solo não suportou o peso da galeria e se rompeu. A tuneladora passava a 3 metros dessa galeria, então não é um choque da tuneladora com a galeria”, disse Galli.
O rompimento dos canos de esgoto pode ter sido causado pelo 'tatuzão'?
A tuneladora citada pelo secretário é o chamado "tatuzão", equipamento que começou a operar no local em dezembro e que cava um túnel por onde passará a linha do metrô.
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Apesar de não ter havido um choque entre o tatuzão e a rede de esgoto, segundo o governo de São Paulo, especialistas levantam a hipótese de que a máquina seja responsável pelo incidente de forma indireta. A trepidação causada pela tuneladora é uma das possíveis causas do rompimento da rede de esgoto. Outro possível motivo apontado é a perda de sustentação da rede de esgoto com a retirada de terra embaixo dos canos — o tatuzão passa cerca de 3 metros abaixo da tubulação.
O Governo de São Paulo vai contratar uma auditoria para determinar as circunstâncias do acidente. Além disso, o Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito.
Quais faixas da marginal foram afetadas?
A pista local da marginal Tietê, colada à obra, está interditada e já perdeu três faixas para a cratera. A pista central está interditada na altura do desabamento. A pista expressa, mais à esquerda, está funcionando normalmente. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) recomenda que motoristas evitem a região.
Houve vítimas?
No momento do acidente, 50 pessoas trabalhavam e foram retiradas. Alguns se molharam com a água da rede de esgoto que estourou. Eles foram socorridos pelos bombeiros e receberam atendimento médico.
Os prédios ao redor da área estão em perigo?
Segundo a Defesa Civil do estado, não há risco para prédios que estejam na área próxima ao desabamento. Muitos dos moradores dos locais, no entanto, deixaram sua casa com medo de novos acidentes.
Qual é a previsão para a solução do problema?
Como o acidente aconteceu há menos de um dia, o governo ainda não tem uma previsão de quando conseguirá reerguer as vias da pista interna da marginal Tietê e continuar com as obras da Linha 6-Laranja. Somente a perícia do local pode levar seis meses para ter o laudo concluído.
Que trabalhos emergenciais estão sendo feitos?
Para estancar o dano, equipes da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) trabalharam durante esta terça-feira colocando pedras na cratera. "Após o esgoto ser totalmente escoado, será possível fazer um diagnóstico mais preciso do interceptor avariado e estabelecer prazos", informou a companhia.
Na noite de terça, era feito um trabalho de drenagem e de concretagem de parte da cratera, para evitar que o líquido do esgoto continuasse solapando a estrutura. Quando a estrutura for estabilizada, é possível que a pista central da marginal Tietê seja liberada para o tráfego.
Qual é a obra em que o desabamento ocorreu?
O desabamento ocorreu nas proximidades de onde ficará a estação Santa Marina, da Linha 6-Laranja, prometida pelo governo estadual desde 2008. Após uma série de problemas com as concessionárias antigas, a PPP (parceria público-privada) foi firmada entre o Governo do Estado de São Paulo e a empresa Acciona em outubro de 2020. A previsão do governo é que a linha esteja completamente entregue em 2025.
Com 15 km de extensão e 15 estações, a linha tem como objetivo conectar o centro da capital paulista com a Brasilândia, na zona norte, sendo, atualmente, o maior projeto de infraestrutura da América Latina. A linha foi apelidada de Linha das Universidades, já que vai interligar regiões próximas às principais faculdades de São Paulo, como Unip, PUC, Mackenzie, FMU e Faap, além de atender a um fluxo previsto de mais de 600 mil pessoas por dia.
O aparecimento da cratera pode atrasar a Linha 6-Laranja?
A concessionária Linha Uni e a Acciona, empresas responsáveis pelas obras da Linha 6-Laranja, não responderam aos questionamentos do R7 sobre possíveis impactos no prazo da obra, que tem previsão de encerramento em 2025. Segundo as empresas, o incidente foi pontual e não interfere nas demais frentes de trabalho do projeto, que seguem em execução.