Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Violência contra mulher: depois de cônjuge, vizinho é principal agressor

Estudo indica que uma a cada cinco mulheres já sofreu com este tipo de agressão; de todos casos relatados em pesquisa, 42% ocorreram em casa

São Paulo|Guilherme Padin, do R7

Especialista afirma que mulheres não têm local de segurança
Especialista afirma que mulheres não têm local de segurança Especialista afirma que mulheres não têm local de segurança

O estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, intitulado “Visível e Invisível — A vitimização de Mulheres no Brasil”, indica que, depois dos companheiros, cônjuges ou namorados, são os vizinhos os principais agressores de mulheres no Brasil.

Veja também: Seis em cada dez brasileiros viram mulher sofrer violência em 2018

O grupo corresponde a 21,1% dos perfis indicados pelo estudo. Isto quer dizer que uma a cada cinco mulheres ouvidas na pesquisa afirma ter sido agredida por vizinhos. Este número supera, inclusive, o perfil de ex-cônjuges, ex-companheiros ou ex-namorados, com 15,2%.

Conselheira federal da OAB, Alice Bianchini destacaque, nos casos de agressões de vizinhos, as crianças e adolescentes — perfis mais vulneráveis — compõem a maioria das vítimas. “Normalmente, não veem um vizinho como ameaça. É uma situação delicada. Por ser alguém que está perto, há uma confiança”, diz a advogada.

Publicidade
Nós%2C mulheres%2C não temos um local de segurança

(Soraia Mendes)

Por essa razão, comenta Alice, “é importantíssimo conversar, sempre, para que elas (crianças e adolescente) possam delatar tudo aos pais. Muito provavelmente a família não sabe o que está acontecendo”.

No estudo realizado pelo FBSP, que entrevistou brasileiras de 16 ou mais anos, as mais jovens — entre 16 e 24 anos — foram, de fato, as que apresentaram os maiores índices de vitimização: 42,6% das entrevistadas na faixa etária sofreram algum tipo de violência ou agressão.

Publicidade

Leia mais: Violência doméstica expõe filhos de vítimas a fogo, surra e abuso sexual

Entre as vítimas dos dois perfis predominantes na lista de agressores (companheiros e vizinhos), há pontos em comum: a insegurança na própria casa e a sensação de vulnerabilidade, como aponta Soraia Mendes, professora de criminalidade e advogada especialista em Direitos Humanos. ”A cidade não é segura para a mulher. A casa, também não. Nós, mulheres, não temos um local de segurança”, afirma.

Publicidade

Leia também

A afirmação da advogada é confirmada pelos números da pesquisa: das agressões relatadas no estudo, 42% ocorreram em casa.

Soraia explica que os perfis das vítimas de violência doméstica, em geral, estão ligados à vulnerabilidade. "Há picos [de casos de agressão] em relação a meninas e jovens. O número se estabiliza na idade adulta e volta a crescer em idades mais avançadas. A questão da vulnerabilidade é fundamental”, afirma.

Gráfico dos perfis de agressores de acordo com o estudo do FBSP
Gráfico dos perfis de agressores de acordo com o estudo do FBSP Gráfico dos perfis de agressores de acordo com o estudo do FBSP

O que pode ser feito para enfrentar o problema

Soraia afirma que as soluções para o problema da violência contra a mulher — seja por vizinhos, cônjuges ou ex-companheiros — são, principalmente, a longo prazo.

“[A solução] é o investimento em educação e discussões de gênero, discussões de igualdade entre homens e mulheres”, afirma a especialista em Direitos Humanos.

Há, também, segundo a advogada, a necessidade de ações mais urgentes. “Nesse momento de caos, com uma mulher assassinada a cada duas horas, com 107 feminicídios nos primeiros [20] dias de 2019, são necessárias políticas públicas por parte do Estado”, diz Soraia.

Violência contra a mulher: novos dados mostram que 'não há lugar seguro no Brasil'

Entre possíveis soluções mais ‘rápidas’, ela destaca a necessidade de “criação de espaços de acolhimento às mulheres e uma mudança de cultura jurídica e no sistema de justiça criminal”. “Da forma que está”, comenta, “fica aberta a possibilidade de que as mulheres vivam com a sensação de impunidade”.

Para denunciar um caso de agressão contra uma mulher, em qualquer lugar do Brasil, o número a ser discado é o 180, da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. O serviço é gratuito e confidencial.

Você tem alguma denúncia? Envie um e-mail para denuncia@r7.com

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.