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Causa de infertilidade feminina pode ter origem na vida uterina

Estudo publicado na Science mostra que síndrome de ovários policísticos, principal causa de infertilidade no mundo, é gerado ainda na barriga da mãe

Saúde|Deborah Giannini, do R7

Infertilidade seria definida no desenvolvimento do feto
Infertilidade seria definida no desenvolvimento do feto

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) afeta 10% das mulheres é a principal causa de infertilidade feminina no mundo. Embora haja uma especulação sobre sua origem, que poderia estar relacionada a um determinado gene ou à uma ação do meio ambiente, sua causa ainda é desconhecida.

Cada vez mais, pesquisadores estão considerando uma terceira alternativa: a vida no útero. Um estudo publicado nesta segunda-feira (14) na revista científica Science baseia-se nessa evidência.

Segundo o estudo, a forma como o problema é transmitido de uma geração para outra pode estar relacionado ao desenvolvimento do bebê no útero da mãe.

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O SOP tem sintomas bem característicos como deficiência na ovulação, presença de cistos nos ovários e excesso de pelos no rosto e no corpo.

Sabe-se também que eleva riscos de problemas metabólicos, como o diabetes tipo 2, e que existe um fator hereditário. A irmã de uma mulher afetada tem pelo menos 20% de chance de desenvolvê-la e o risco entre irmãs gêmeas idênticas é ainda maior, segundo informações relatadas no estudo.


A pesquisa, realizada com camundongos, sugere que as interações entre um hormônio produzido pelos ovários e um conjunto de neurônios no cérebro da mãe pode gerar um efeito cascata interrompendo enzimas na placenta e causando sintomas semelhantes aos da SOP em seus filhos, induzindo a síndrome do ovário policístico na idade adulta.

Os pesquisadores observaram que, a maioria das mulheres com SOP, apresenta níveis elevados do hormônio luteinizante (LH), que desencadeia a ovulação, indicando liberação aumentada em relação a mulheres saudáveis de mais dois hormônios: hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) e hormônio anti-Mülleriano (AMH).


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Os pesquisadores, então, fizeram testes com camundongos prenhes com esse nível elevado e acompanharam o fenótipo neuroendócrino da progenitora após a gestação.

O estudo observou um excesso de testosterona materno neuroendócrino e a diminuição do metabolismo placentário da testosterona em estradiol (outro hormônio), resultando em masculinização do feto feminino e um fenótipo reprodutivo e neuroendócrino parecido com o ovário policístico na idade adulta.

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que hormônios como a testosterona, alimentados por AMH extras, podem estar pavimentando o caminho da síndrome do ovário policístico em fetos e isso pode ajudar a nortear o desenvolvimento de tratamentos mais adequados ao problema.

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