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Cientistas criam teste de visão capaz de detectar precocemente sinais de autismo em crianças

Técnica, conhecida como reflexo pupilar à luz, permite uma triagem e encaminhamento mais rápido e preciso de pacientes com suspeita do distúrbio

Saúde|Do R7

Exposição dos olhos à luz pode facilitar a triagem de crianças com sinais de autismo
Exposição dos olhos à luz pode facilitar a triagem de crianças com sinais de autismo

Pesquisadores da Washington State University descobriram que medir a forma que as pupilas dos olhos mudam quando expostas à luz pode ser uma ferramenta eficaz para detectar o autismo em crianças, principalmente as de até dois anos. 

A primeira autora do estudo, Georgina Lynch afirma que obter o diagnóstico precoce do distúrbio é essencial, pois ele afeta a comunicação e a interação social das crianças. 

“Sabemos que quando intervimos com idades entre 18 e 24 meses, isso tem um impacto a longo prazo nos resultados. Intervir durante essa janela crítica pode ser a diferença entre uma criança adquirir a fala verbal e permanecer não verbal. No entanto, após 20 anos de tentativas, ainda não mudamos a idade média do diagnóstico aqui nos EUA, que é de quatro anos", explica Lynch.

A técnica, baseada em estudos anteriores e conhecida como reflexo pupilar à luz, tem por objetivo mudar essa situação e viabilizar uma tecnologia portátil capaz de rastrear de forma rápida e fácil os quadros de autismo em crianças.


O estudo fez testes em 36 crianças de seis a 17 anos diagnosticadas com autismo, e um grupo de 24 crianças sem sinais do distúrbio e com desenvolvimento típico. Com o auxílio de um pupilômetro monocular portátil – capaz de medir um olho de cada vez –, os cientistas testaram os reflexos pupilares dos dois grupos.

Os resultados mostraram que, comparadas às crianças típicas, o grupo com autismo teve diferenças significativas no tempo que a pupila levou para se contrair em resposta à luz, e elas também demoraram mais para voltar ao tamanho original após a remoção da luz.


Os dados foram um achado, já que os pesquisadores sabiam que, comumente, "não há diferença significativa entre os olhos em termos de resposta pupilar no autismo, ao contrário de traumatismo craniano ou concussão, onde é comum ver tamanhos de pupilas desiguais".

Lynch explica que “esse sistema [de dilatação da pupila] é modulado no cérebro por nervos cranianos enraizados no tronco cerebral, e os nervos cranianos adjacentes afetam sua capacidade de adquirir fala e linguagem. O reflexo pupilar à luz testa a integridade desse sistema, então parecia lógico tentar essa medida muito simples e não invasiva para determinar se havia diferenças entre o desenvolvimento típico e o autismo".


Frente aos resultados positivos, as informações serão, possivelmente, inseridas nos processos de triagem das crianças, e o dispositivo servirá como base para os profissionais de saúde decidirem se devem ou não encaminhar a criança para uma avaliação mais detalhada do distúrbio. Sendo assim, permitirá que estes profissionais realizem uma triagem rápida e objetiva, com mais precisão e velocidade de diagnóstico.

A primeira autora do estudo já está preparando a solicitação de aprovação de pré-mercado da Food and Drug Administration – agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos – para o dispositivo.

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