Covid-19 provoca queda de até 30% no abastecimento de bancos de leite
"Não é preciso doar um litro de leite. Às vezes,100 ml já ajudam a alimentar dez bebês", diz especialista; coleta pode ser feita sem sair de casa
Saúde|Brenda Marques, do R7
A epidemia de covid-19 causou uma queda no abastecimento dos 224 bancos de leite humano espalhados pelo Brasil. Em algumas regiões, esse declínio chega a 30%. Essa diminuação pode ser explicada pelo medo da infecção pelo novo coronavírus e a prática do isolamento social. Entretanto, a coleta do leite pode ser feita em casa.
Danielle Aparecida da Siva, coordenadora do Banco de Leite Humano do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), destaca que a doação de leite é um ato de solidariedade que ajuda crianças internadas a terem alta mais rápido.
"São bebês muito pequenos, que nasceram muito prematuros. Não é preciso doar um litro de leite. Às vezes,100 ml já ajudam a alimentar dez bebês porque a quantidade que eles precisam é muito pouca", esclarece.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam a amamentação exclusiva - sem a ingestão de qualquer outro líquido - até os seis meses de vida e a continuada até os dois anos e meio de idade.
De acordo com Danielle, o leite materno possui tudo o que é necessário até os seis meses de idade. "Tem todos os nutrientes, água para matar a sede e a quantidade de gordura que a criança precisa", destaca.
Ela acrescenta que, até o momento, não existe nenhuma comprovação científica de que o novo coronavírus pode ser transmitido por meio do leite. "A orientação é lavar as mãos, colocar a máscara e amamentar normalmente".
Como fazer uma doação de leite?
Qualquer mulher que esteja amamentando seu filho e produza leite excedente pode fazer uma doação. Basta ter em casa um frasco de vidro com uma tampa plástica.
"É necessário esterelizar esse frasco com água fervente por 15 minutos. Depois, identifique o frasco com o seu nome e a data da primeira coleta de leite", orienta Danielle.
A especialista acrescenta que o ideal é encher o frasco até deixar três dedos de distância entre a tampa do frasco e o leite. "Se não deu essa quantidade na primeira ordenha, a mulher pode congelar e completar [o que falta] depois, por cima do leite que já foi coletado", explica.
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Na hora de fazer a coleta, a recomedação é prender o cabelo, higienizar bem as mãos até a região do cotovelo e usar uma máscara. "Isso já era recomendado antes da epidemia de covid-19, porque a mulher pode ter um resfriado a qualquer momento e espirrar", exemplifica.
Depois, é necessário entrar em contato com o banco de leite mais próximo e fazer a matrícula para se tornar uma doadora. É possível localizar o banco de leite ou posto de coleta mais próximo neste link.
Após o cadastro, um profissional de saúde vai passar semanalmente na casa da mulher para pegar o leite doado. A coleta precisa ser feita com essa frequência porque o leite tem validade de 15 dias após a coleta. "O profissional não entra na casa da doadora, ele espera na porta", assegura Danielle.
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Ao chegar no banco, o leite é classificado - entre colostro e maduro - e passa pela pasteurização. Então, seu período de validade aumenta para seis meses. Existe um controle de qualidade que envolve diversas análises microbiológicas.
"Então, quando a equipe médica de algum hospital ou maternidade solicita, o leite é enviado para lá", finaliza.