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Efeito coletivo da vacina só aparecerá com 80% de imunizados

Enfraquecimento da pandemia levará ao menos 4 meses, dizem especialistas; só 0,3% da população mundial está vacinada 

Saúde|Brenda Marques, do R7

Enfermeira de Nova York foi a primeira vacinada contra a covid-19 nos Estados Unidos
Enfermeira de Nova York foi a primeira vacinada contra a covid-19 nos Estados Unidos

A vacinação não tem consequências imediatas em nível comunitário. Esses efeitos só poderão ser observados quando entre 70% e 80% da população dos países estiver vacinada - taxa necessária para alcançar a imunidade coletiva -, o que deve ocorrer em um prazo mínimo de 4 meses, de acordo com especialistas ouvidos pelo R7.

O diretor de Emergências Sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, afirmou nesta quarta-feira (13) que cerca de 28 milhões de pessoas já se vacinaram contra a covid-19 em 46 paíseso que representa apenas 0,3% do total mundial. Além disso, há pessoas que só receberam a primeira dose do imunizante até agora.

"A vacinação ainda tem pouco tempo, é restrita a grupos prioritários e todas as pessoas precisam de duas doses. Eu acredito que a gente vai ter [imunidade coletiva] entre 4 e 6 meses após [o início] da vacinação[ em cada país]", afirma o infectologista Rodrigo Molina, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

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O especialista observa que é preciso incluir nessa conta o intervalo de tempo entre a aplicação da primeira e da segunda dose do imunizante, além do prazo necessário para a formação de anticorpos.

Segundo o infectologista Unai Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o ápice do efeito de uma vacina é atingido 15 dias após o recebimento da segunda dose.


Reino Unido e Estados Unidos são exemplos de que os benefícios da vacinação exigem tempo e amplo alcance populacional para aparecer. Apesar de estarem na vanguarda da imunização contra a covid-19, ambos registraram recorde de mortes por causa da doença nos últimos dias.

O país norte-americano teve mais de 4 mil mortes causadas pela covid-19 pela primeira vez em 8 de janeiro. Cinco dias depois, registou uma marca ainda maior: foram 4.491 vidas perdidas em 24 horas, de acordo com dados divulgados pela Universidade Johns Hopkins na terça-feira (13).


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Nessa mesma data, o Reino Unido também alcançou um recorde diário de mortes, com 1.564 registros, segundo o Ministério da Saúde local. Diante desse cenário, o país já utiliza necrotérios improvisados para emergências a fim de suprir a falta de capacidade dos centros de saúde, conforme informações da agência Efe.

Joe Biden, que assume a Casa Branca em 20 de janeiro, anunciou antes mesmo da posse que seu governo pretende aplicar 100 milhões de doses da vacina nos primeiros três meses deste ano. Considerando que os imunizantes disponíveis, da Pfizer e da Moderna, exigem duas doses, ainda restarão mais de 250 milhões de americanos desprotegidos.

Tupinambás afirma que essas doses terão algum impacto, porém ainda haverá muitas vítimas fatais no país. "Os Estados Unidos estão em um abismo", define. "Essa crise sanitária vai demorar um tempo para passar. Talvez só lá para abril, maio a gente vai ver um arrefecimento [da pandemia]", analisa.

Molina observa que a circulação de novas cepas mais transmissíveis do coronavírus podem contribuir indiretamente para o aumento do número de mortes, mesmo que não tenham maior capacidade de provocar doenças. "Quanto mais casos, mais mortes", resume. A variante identificada inicialmente no Reino Unido pode ser até 70% mais contagiosa, de acordo com o governo britânico.

Os especialistas ainda enfatizam a importância de manter as medidas de proteção contra o coronavírus. "Principalmente o uso de máscara e a lavagem de mãos até a liberação dos órgãos sanitários, porque somente eles vão saber a população que está vacinada", aconselha Molina.

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