Em busca de equilíbrio, empresas reforçam programas de saúde mental
Estudos apontam que apenas 5% dos profissionais estão confiantes na preparação das empresas para atender à nova norma
Saúde|Do Estadão Conteúdo
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O tema saúde mental no ambiente de trabalho está ganhando nova dimensão e promete ser o destaque na política de benefício das empresas em 2026.
Uma das razões é a NR1 (Norma Regulamentadora Número 1), instituída em maio deste ano pelo Ministério do Trabalho e que obriga as empresas — todas elas — a incluírem fatores de risco psicossociais no ambiente de trabalho no mapa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais.
A norma está em vigor desde então e as empresas que não se adequarem poderão ser multadas, a partir de maio de 2026.
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Por riscos psicossociais entenda-se estresse, depressão, ansiedade, sobrecarga de trabalho, burnout e uma infinidade de outras moléstias dos tempos modernos.
A 3ª edição do Panorama da Saúde Emocional do RH 2025, realizada pela empresa de benefícios Flash, revela um dado estressante: apenas 5% dos 889 profissionais entrevistados afirmaram que suas empresas estão totalmente preparadas para atender a determinação do Ministério do Trabalho.
O outro lado dessa história é que, pelo menos em grandes empresas, nem precisa obrigar: “saúde mental” está na pauta dos RHs há algum tempo e tende a ocupar espaço ainda maior.
“Na Accenture estamos falando bem antes da pandemia, que só piorou o cenário”, informa Rachel Soares, diretora de Recursos Humanos da Accenture no Brasil, onde a companhia emprega 18 mil pessoas.
De acordo com Rachel, deve-se, principalmente, à análise das redes sociais sobre o gatilho detonador de mentes transtornadas.
“O que estou fazendo da minha vida”, é a pergunta do século 21, foi o que impulsionou o movimento “Quit my job”, em 2021, quando milhares de pessoas passaram a deixar seus empregos, sem ter nada em vista.
Atualmente, outros fatores somam-se ao “mundo encantado” da internet, onde todos parecem ser felizes, menos quem está acompanhando os feeds.
Sobrecarga de trabalho, ambientes tóxicos com lideranças idem, assédio moral e sexual, jornada dupla de trabalho, especialmente para as mulheres, qualidade de sono, ou a falta dele, má alimentação, sedentarismo e saúde financeira.
“Esta última é importantíssima e vem se destacando com o advento das Bets”, completa Rachel.
Na Accenture, diz ela, a política de benefícios de bem-estar oferecidos aos trabalhadores trata de saúde física, emocional, profissional e até socioambiental, passando pela saúde financeira.
Mas não basta disponibilizar as ferramentas. A empresa tem também instrumentos de acompanhamento de quem está fazendo o que e quais resultados estão sendo obtidos. Não basta apenas monitorar o “depois”.
“Por isso temos também um programa robusto de prevenção e um protocolo de risco, que diz o que cada um deve fazer em cada caso”, completa a executiva.
Ela conta que, em outubro de 2023, um funcionário da Accenture estava em Israel quando o país foi atacado pelo grupo terrorista Hamas.
“Acionamos o protocolo e conseguimos trazer o profissional para o Brasil em segurança”, explica Rachel.
Ansiedade e Depressão
Entre as doenças mentais mais comuns estão a ansiedade e a depressão. De acordo com dados da ANS (Agência Nacional de Saúde), 31% dos brasileiros sofrem de ansiedade recorrente, com jovens entre 18 e 35 anos sendo os mais afetados.
A Libbs, farmacêutica 100% nacional, mantém há cerca de quatro anos uma agenda estruturada de saúde mental e bem-estar no ambiente de trabalho.
Entre as iniciativas está o Núcleo de Cuidado, com equipe que reúne médicos, psicólogos, psiquiatra, nutricionista e assistente social, somando mais de 46 mil atendimentos desde a criação.
Desde 2021, a companhia mantém também um Serviço de Apoio Social e Emocional próprio, incluindo um programa específico de apoio oncológico para colaboradores.
Com 4.122 colaboradores, o laboratório registrou 65.109 atendimentos no núcleo de cuidados, desde 2021.
Já na VLI, há três anos há um programa estruturado e contínuo voltado à saúde mental, que atende colaboradores e seus dependentes.
A iniciativa oferece atendimento psicológico 24 horas por dia, sete dias por semana, por meio de um canal 0800 com profissionais especializados, sem custo para os funcionários. O programa inclui também orientação nutricional, jurídica e financeira.
A companhia conta ainda com um time de brigadistas em saúde mental, com turmas formadas a cada seis meses — atualmente na quarta turma —, treinados para identificar sinais de adoecimento ou risco psicológico e orientar os colaboradores para o suporte adequado.
Em fevereiro deste ano, a empresa realizou o mapeamento de riscos psicossociais e já está em fase de implementação dos planos de ação, reforçando que o tema já fazia parte da agenda da companhia antes das atualizações da NR1.
Com 25 mil funcionários, a Claro importou da matriz mexicana um programa voltado ao bem-estar dos trabalhadores com um cardápio bastante extenso de temas abordados.
“Falamos de relacionamento, de casamento, de perdas de trabalho e, mais recentemente, trouxemos também a questão da violência doméstica”, resume Lilian Nunes Silva, gerente de saúde e bem-estar da Claro.
Segundo ela, a métrica utilizada para auferir a eficácia desses programas é a redução dos afastamentos por motivos de saúde. A esta altura de 2025, a redução foi de 10% sobre o ano de 2024, diz ela.
“Tão importante quanto cuidar dos colaboradores é treinar nossas lideranças para identificar quando alguém não está bem e precisa de atendimento especializado”, explica Lilian.
“Infelizmente, há um certo tabu em falar de saúde mental. As pessoas ainda receiam dizer que vão ao psiquiatra e este é outro desafio que temos que transpor”, completa a profissional.
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