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Em busca de equilíbrio, empresas reforçam programas de saúde mental

Estudos apontam que apenas 5% dos profissionais estão confiantes na preparação das empresas para atender à nova norma

Saúde|Do Estadão Conteúdo

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Empresas estão reforçando programas de saúde mental em resposta à nova Norma Regulamentadora N° 1, que exige a inclusão de riscos psicossociais nos ambientes de trabalho.
  • Apenas 5% das empresas estão preparadas para atender às exigências da norma, o que pode levar a multas em 2026.
  • Grandes empresas, como Accenture e Libbs, já implementam iniciativas de cuidado mental, oferecendo suporte psicológico e programas de bem-estar para seus colaboradores.
  • A Claro também adapta programas de saúde mental importados, focando na prevenção de afastamentos e na identificação de colaboradores que precisam de ajuda profissional.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Iniciativas de saúde mental já são implementadas em várias empresas Freepik/@drazenzigic

O tema saúde mental no ambiente de trabalho está ganhando nova dimensão e promete ser o destaque na política de benefício das empresas em 2026.

Uma das razões é a NR1 (Norma Regulamentadora Número 1), instituída em maio deste ano pelo Ministério do Trabalho e que obriga as empresas — todas elas — a incluírem fatores de risco psicossociais no ambiente de trabalho no mapa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais.


A norma está em vigor desde então e as empresas que não se adequarem poderão ser multadas, a partir de maio de 2026.

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Por riscos psicossociais entenda-se estresse, depressão, ansiedade, sobrecarga de trabalho, burnout e uma infinidade de outras moléstias dos tempos modernos.


A 3ª edição do Panorama da Saúde Emocional do RH 2025, realizada pela empresa de benefícios Flash, revela um dado estressante: apenas 5% dos 889 profissionais entrevistados afirmaram que suas empresas estão totalmente preparadas para atender a determinação do Ministério do Trabalho.

O outro lado dessa história é que, pelo menos em grandes empresas, nem precisa obrigar: “saúde mental” está na pauta dos RHs há algum tempo e tende a ocupar espaço ainda maior.


“Na Accenture estamos falando bem antes da pandemia, que só piorou o cenário”, informa Rachel Soares, diretora de Recursos Humanos da Accenture no Brasil, onde a companhia emprega 18 mil pessoas.

De acordo com Rachel, deve-se, principalmente, à análise das redes sociais sobre o gatilho detonador de mentes transtornadas.


“O que estou fazendo da minha vida”, é a pergunta do século 21, foi o que impulsionou o movimento “Quit my job”, em 2021, quando milhares de pessoas passaram a deixar seus empregos, sem ter nada em vista.

Atualmente, outros fatores somam-se ao “mundo encantado” da internet, onde todos parecem ser felizes, menos quem está acompanhando os feeds.

Sobrecarga de trabalho, ambientes tóxicos com lideranças idem, assédio moral e sexual, jornada dupla de trabalho, especialmente para as mulheres, qualidade de sono, ou a falta dele, má alimentação, sedentarismo e saúde financeira.

“Esta última é importantíssima e vem se destacando com o advento das Bets”, completa Rachel.

Na Accenture, diz ela, a política de benefícios de bem-estar oferecidos aos trabalhadores trata de saúde física, emocional, profissional e até socioambiental, passando pela saúde financeira.

Mas não basta disponibilizar as ferramentas. A empresa tem também instrumentos de acompanhamento de quem está fazendo o que e quais resultados estão sendo obtidos. Não basta apenas monitorar o “depois”.

“Por isso temos também um programa robusto de prevenção e um protocolo de risco, que diz o que cada um deve fazer em cada caso”, completa a executiva.

Ela conta que, em outubro de 2023, um funcionário da Accenture estava em Israel quando o país foi atacado pelo grupo terrorista Hamas.

“Acionamos o protocolo e conseguimos trazer o profissional para o Brasil em segurança”, explica Rachel.

Ansiedade e Depressão

Entre as doenças mentais mais comuns estão a ansiedade e a depressão. De acordo com dados da ANS (Agência Nacional de Saúde), 31% dos brasileiros sofrem de ansiedade recorrente, com jovens entre 18 e 35 anos sendo os mais afetados.

A Libbs, farmacêutica 100% nacional, mantém há cerca de quatro anos uma agenda estruturada de saúde mental e bem-estar no ambiente de trabalho.

Entre as iniciativas está o Núcleo de Cuidado, com equipe que reúne médicos, psicólogos, psiquiatra, nutricionista e assistente social, somando mais de 46 mil atendimentos desde a criação.

Desde 2021, a companhia mantém também um Serviço de Apoio Social e Emocional próprio, incluindo um programa específico de apoio oncológico para colaboradores.

Com 4.122 colaboradores, o laboratório registrou 65.109 atendimentos no núcleo de cuidados, desde 2021.

Já na VLI, há três anos há um programa estruturado e contínuo voltado à saúde mental, que atende colaboradores e seus dependentes.

A iniciativa oferece atendimento psicológico 24 horas por dia, sete dias por semana, por meio de um canal 0800 com profissionais especializados, sem custo para os funcionários. O programa inclui também orientação nutricional, jurídica e financeira.

A companhia conta ainda com um time de brigadistas em saúde mental, com turmas formadas a cada seis meses — atualmente na quarta turma —, treinados para identificar sinais de adoecimento ou risco psicológico e orientar os colaboradores para o suporte adequado.

Em fevereiro deste ano, a empresa realizou o mapeamento de riscos psicossociais e já está em fase de implementação dos planos de ação, reforçando que o tema já fazia parte da agenda da companhia antes das atualizações da NR1.

Com 25 mil funcionários, a Claro importou da matriz mexicana um programa voltado ao bem-estar dos trabalhadores com um cardápio bastante extenso de temas abordados.

“Falamos de relacionamento, de casamento, de perdas de trabalho e, mais recentemente, trouxemos também a questão da violência doméstica”, resume Lilian Nunes Silva, gerente de saúde e bem-estar da Claro.

Segundo ela, a métrica utilizada para auferir a eficácia desses programas é a redução dos afastamentos por motivos de saúde. A esta altura de 2025, a redução foi de 10% sobre o ano de 2024, diz ela.

“Tão importante quanto cuidar dos colaboradores é treinar nossas lideranças para identificar quando alguém não está bem e precisa de atendimento especializado”, explica Lilian.

“Infelizmente, há um certo tabu em falar de saúde mental. As pessoas ainda receiam dizer que vão ao psiquiatra e este é outro desafio que temos que transpor”, completa a profissional.

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