Confira os efeitos colaterais de remédios para emagrecer falsificados ou usados de forma indevida
Segundo profissionais da saúde, consequências variam de simples náuseas a transtornos alimentares severos
Saúde|Bruna Pauxis, do R7, em Brasília
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Na última quinta-feira (16), policiais militares do Distrito Federal encontraram uma carga ilegal de ampolas do medicamento Tirzepatida, conhecido popularmente como Mounjaro, em um veículo revistado no Núcleo Rural Engenho das Lages, em Brasília.
O fármaco, de uso controlado, exige receita e acompanhamento médico, além de armazenamento em temperatura entre 2°C e 8°C. Contudo, o produto tem sido comercializado de maneira informal, falsificado e distribuído sem acompanhamento ou prescrição médica.
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Segundo a endocrinologista do Hospital Moriah, Evelise Valadão, os riscos da aquisição de remédios como o Mounjaro em meios não verificados são graves. “Já tivemos relatos de pacientes que usaram essas medicações falsas e evoluíram com quadros alérgicos, distúrbios metabólicos e sintomas gástricos. Muitos, inclusive, foram internados”, relata a médica.
“Não sabemos o que há nessas falsificações, é muito perigoso para a saúde. Remédio se compra na farmácia”, frisa.
A endocrinologista também alerta para o uso de tais fármacos sem prescrição. “Esses medicamentos são indicados para obesidade e diabetes. Se o paciente não tiver acompanhamento médico ou indicação de uso, poderá evoluir com efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, desnutrição e alterações psicológicas como distorção da imagem, anorexia e bulimia”, detalha.
O Mounjaro e o Ozempic, outro medicamento empregado para emagrecimento rápido, ganharam popularidade no mundo todo nos últimos anos, mas, no Brasil, a fama parece ser ainda maior.
Uma pesquisa realizada pela Ipsos Healthcare apontou que, no Brasil, 58% da população conhecem fármacos à base de GLP-1, como Ozempic, Wegovy, Zepbound, Rybelsus ou Mounjaro. O número é 22% maior do que o registrado na média global.
Dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por sua vez, indicaram que 32% dos casos adversos no Brasil de medicamentos como esses resultam do uso incorreto, ou seja, sem que as pessoas sigam as orientações da bula.
O índice é o triplo da média de ocorrências registradas internacionalmente. ou seja, os brasileiros não só têm usado mais fármacos emagrecedores como também utilizado sem acompanhamento adequado.
Em agosto deste ano, a Anvisa proibiu a manipulação da substância semaglutida (princípio ativo do Ozempic), com o objetivo de impedir a criação de versões que podem não ter a mesma segurança e eficácia dos produtos originais, além de fortalecer o controle sobre o mercado. Na ocasião, a agência justificou sua decisão pelo crescimento do número de relatos de efeitos colaterais causados pelo uso inadequado do medicamento.
Como esses remédios agem no corpo?
Evelise Valadão explica que esse tipo de fármaco age em diversos órgãos. “No estômago, a substância atua retardando o esvaziamento gástrico e aumentando a sensação de saciedade. No cérebro, o fármaco causa a diminuição do apetite, o que contribui para o tratamento da obesidade. Além disso, também age no pâncreas, liberando insulina e diminuindo a secreção do glucagon, o que contribui para o controle de diabetes”, detalha.
Ainda segundo a médica, enquanto o Ozempic é um análogo de GLP-1, que atua diminuindo o esvaziamento gástrico e promovendo saciedade, o Mounjaro possui dois análogos, GLP-1 e GIP, que, além de promover a saciedade, agem na quebra de gordura.
Os efeitos colaterais mais comuns das medicações incluem náusea, vômitos, dor abdominal, diarreia, constipação, dor de cabeça, alguns casos de alergia e queda de cabelo.
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