Ficar resfriado é algo rotineiro ao longo da vida. Normalmente, são quadros gripais que duram dias, com sintomas relativamente leves e que se resolvem sozinhos, embora sejam incômodos.
Mas há quem associe o resfriado a crendices populares, tanto na forma de pegar como no tratamento. O R7 selecionou algumas delas para explicar quais são verdadeiras ou falsas.
Gripe e resfriado são a mesma coisa: falso
O resfriado comum é uma infecção que pode ser causada por uma série de vírus. Os principais são: rinovírus (cerca de 50% de todos os casos), coronavírus (outros tipos, não da Covid-19), parainfluenza, metapneumovírus, adenovírus, entre outros.
Não costuma causar febre, mas pode provocar coriza, congestão nasal, tosse, dor de garganta e outros sintomas nas vias aéreas superiores.
Já a gripe é uma doença causada pelo vírus influenza – para o qual há vacina e antiviral específico. Ela costuma ter quadros um pouco mais intensos do que o resfriado em pessoas não vacinadas, com febre, dores no corpo e prostração.
Passar frio causa resfriado: falso
Difundiu-se a crença de que ficar resfriado teria relação com exposição a baixas temperaturas ou tomar chuva, por exemplo.
A infectologista Ingrid Cotta, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que isto não é verdade.
"Passar por um vento frio, por uma situação em que seu corpo esteja frio não é uma condição necessária para ficar doente."
O Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento ressalta que "a suscetibilidade para resfriados não é afetada por exposição à temperatura baixa, saúde do hospedeiro e nutrição ou anormalidades do trato respiratório superior (p. ex., tonsilas ou tecidos adenoides dilatados)".
Ambiente fechado aumenta o risco de infecção: verdadeiro
A incidência de resfriado comum é maior no inverno e na primavera pelo fato de o rinovírus circular mais nestas estações do ano, observa a médica.
"O que acontece é o que vem com o frio. Geralmente, a gente se fecha em algum lugar no frio, onde podem ter outras pessoas. A gente sabe que a principal forma de transmissão dos vírus respiratórios é pelo ar. Na medida que você tem frio e tenta se aconchegar em um ambiente mais quente, a probabilidade se alguém estiver infectado ali, é transmitir para os outros."
Ar-condicionado causa resfriado: parcialmente falso
O ar-condicionado por si só não vai deixar ninguém doente, mas ele pode contribuir para a disseminação do vírus de um ou mais indivíduos infectados em um ambiente fechado.
"Sabemos que nem todos sistemas de ventilação promovem troca de ar – e isto é muito importante –, e também a manutenção desses aparelhos", salienta Ingrid.
Com a pandemia de Covid-19, muitos locais ao redor do mundo adaptaram seus sistemas de ar-condicionado com filtros HEPA, que possuem alta eficiência na separação de partículas, com condições de filtrar 99,9% das impurezas, como ácaros, bactérias e vírus.
Máscara protege contra vírus de resfriado: verdadeiro
Apesar de a infecção por vírus respiratórios também ser possível por contato com superfícies e posterior toque da mão nos olhos, boca ou nariz, sabe-se que a principal via de transmissão é a respiratória.
Por esta razão, o uso das máscaras como forma de prevenir a Covid-19 também protege contra vírus de resfriado comum e influenza.
É importante ressaltar que as máscaras recomendadas são as N95/PFF2 ou as cirúrgicas, que possuem tecnologia capaz de barrar os aerossóis e gotículas que soltamos ao falar, tossir ou espirrar.
Vitamina C ajuda na prevenção e no tratamento: falso
Outra crença popular que se disseminou é a de que tomar vitamina C ao sentir os primeiros sinais de um resfriado ajudaria no tratamento. A infectologista lembra que isto até tem um fundamento, mas que não se confirmou.
"A gente tinha essa suspeita, no passado, uns 20 anos atrás, de que tomar vitamina C poderia ter algum impacto na redução da morbidade pelos resfriados ou mesmo pela gripe, mas isso não se concretizou. Então a gente não recomenda mais do ponto de vista científico."
Todavia, um suco de laranja ou acerola – frutas ricas em vitamina C – pode ser bem-vindo durante um resfriado, já que a doença exige uma boa hidratação.
Vitamina D contribui para evitar a infecção: verdadeiro
Um estudo de meta-análise, publicado em 2017 no periódico científico BMJ, confirmou que a suplementação de vitamina D pode ajudar a proteger contra infecções respiratórias agudas.
O grupo, conduzido pelo pesquisador Adrian Martineau, da Queen Mary University of London, analisou 25 ensaios clínicos randomizados que incluíram mais de 11 mil participantes.
Eles concluíram que a suplementação diária ou semanal de vitamina D beneficiou indivíduos que tinham deficiência significativa (níveis sanguíneos abaixo de 10 mg/dl). Nestes, houve redução pela metade dos casos de infecção respiratória.
Ainda assim, até mesmo os que não possuíam deficiência experimentaram efeitos benéficos do uso de vitamina D, afirmam os autores do trabalho.
Cabe alertar que qualquer suplementação de vitamina deve sempre ser feita com acompanhamento médico.