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Hábito de acelerar vídeos e áudios pode impactar na saúde mental, dizem especialistas

Estudos recentes afirmam que ação pode causar falta de concentração e atenção em outros aspectos da vida

Saúde|Rafaela Soares, do R7, em Brasília


Prática de acelerar vídeos é comum Valter Campanato/ Agência Brasil

Grande parte das plataformas tem o recurso de acelerar os conteúdos, como áudios e vídeos. A prática, apesar de comum, pode causas problemas na saúde mental, contração, atenção e até mesmo despertar um quadro de ansiedade generalizada, dizem os especialistas. Para eles, é fundamental entender o que leva a preferir uma velocidade mais rápida.

Segundo Carlos Manoel Rodrigues, professor de psicologia do Centro Universitário de Brasília, estudos mostram que a aceleração de conteúdos pode aumentar o mind wandering (divagação mental, na tradução para o português) e afetar a compreensão em algumas circunstâncias. “Para adultos e crianças, esse hábito pode dificultar a habilidade de se concentrar em atividades que demandam um processamento mais detalhado ou reflexivo, já que o cérebro pode se acostumar a um ritmo mais acelerado de estímulos”, explica.

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A publicitária Juliana Caldas assumiu que tem o hábito de acelerar os conteúdos e que percebe uma mudança no comportamento. “Sinto que tenho menos paciência com a demora”. O professor explica que estudos recentes indicam que a antecipação de respostas rápidas em mensagens instantâneas pode aumentar a excitação fisiológica e gerar frustração ou impaciência quando as respostas não chegam na velocidade esperada.

Essa reação pode ser ampliada quando estamos constantemente expostos a um ambiente de alta velocidade, o que pode criar uma sensação de urgência contínua, levando à irritabilidade quando as interações no mundo real ou digital não correspondem a essas expectativas aceleradas

( Dr. Carlos Manoel Rodrigues, professor de Psicologia)

Já para a especialista em moda e empresária Bárbara Cardelino, a sensação é de que “tudo é para ontem”. “Sinto que as pessoas estão extremamente inquietas e imediatistas, e me incluo nisso. O que pode ser traduzido, sim, em ansiedade. Tudo é para ontem. Vejo como uma consequência da revolução digital que vivemos desde a introdução da internet e das redes sociais”, afirma. A publicitária Sara Magalhães afirma que não tem o hábito de ouvir as coisas na velocidade “normal”. “Não acelero nada, odeio. Eu percebo que as pessoas cada vez mais estão com uma falsa sensação de urgência”, reflete.


Para o conselheiro do Conselho Federal de Psicologia Rodrigo Acioli, existe uma espécie de obrigação de acelerar para obter mais informações. “Com toda a demanda que nós temos no dia a dia, que nós nos sentimos na obrigação de acelerar para obter mais informações, responder com maior celeridade. É como se fosse uma reação nossa as demandas da sociedade”, explica.

O que nos leva a isso? Por que a gente embarca nesse mundo acelerado, de muita informação ao mesmo tempo, se é para sobreviver nele, fazer parte? O que nos faz embarcar nisso? É medo de alguma coisa ou temos de fato essa habilidade?

(Dr. Rodrigo Acioli, conselheiro do Conselho Federal de Psicologia)

Crianças

Acioli também explica que esse hábito pode contribuir para aumentar a ansiedade de crianças. Ele utiliza o exemplo de um cirurgião, que precisa de concentração e paciência para realizar uma cirurgia. Cada geração nasce com novas habilidades, mas, se condicionarmos as crianças e adolescentes a viverem um ritmo acelerado, podemos, sim, ter dificuldade de encontrar novos procissionais para áreas que exigem mais concentração.


O que fazer para se proteger?

Rodrigues afirma que é fundamental buscar atendimento quando se percebe um impacto negativo na vida diária e no bem-estar emocional. Sinais como falta de concentração, aumento da irritabilidade, ansiedade ao consumir conteúdos em velocidades normais, e sentimentos de sobrecarga ou exaustão mental podem indicar a presença de um problema subjacente que merece atenção

Confira algumas estratégias:

- É importante limitar o tempo de exposição a conteúdos acelerados e criar intervalos regulares para desconectar e permitir que o cérebro descanse;


- Fazer uma curadoria consciente dos conteúdos que consumimos, escolhendo informações relevantes e evitando a sobrecarga.

- Práticas como a meditação e a atenção plena podem ajudar a treinar o foco e a reduzir a sensação de pressa ou ansiedade associada ao consumo rápido de informações.


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