Já houve transplantes com menos de 24 horas de espera, diz coordenadora do sistema
Faustão aguardou 19 dias até conseguir um coração, mas, nas redes sociais, muitas pessoas desconfiaram da rapidez
Saúde|Do R7
A coordenadora-geral do Sistema Nacional de Transplantes, Daniela Salomão, esclareceu alguns pontos acerca da doação e do recebimento de órgãos no Brasil, após a polêmica que envolveu a rapidez com que o apresentador Fausto Silva recebeu um coração.
"Todos os pacientes são regidos pelos mesmos critérios técnicos. Óbvio que eles se diferem para cada modalidade de transplante, mas ele é o mesmo para qualquer paciente que precisa de transplante no nosso país", afirmou.
O termo correto é lista de espera, já que uma fila daria a falsa ideia de que os pacientes estão um atrás do outro, sendo a ordem cronológica a única regra.
"Os critérios que definem quem vai receber o órgão são únicos em cada doação e dependem exatamente da condição clínica daquele receptor, dos critérios em termos de tipagem sanguínea, peso, idade, tempo em que ele está em lista e alguns critérios de gravidade. Esses critérios têm que estar em consonância com aquela doação."
Segundo Daniela, a lista de espera é dinâmica, porque precisa levar em consideração tanto o receptor quanto o órgão doado.
"O paciente, no momento em que ele entra na lista, ele já está concorrendo. Se acontecer uma doação duas horas depois que o paciente entrou na lista, e os critérios técnicos daquele doador serem favoráveis para aquele paciente que entrou em lista, ele será contemplado. Já ocorreu no nosso país de [haver] pacientes com transplante com menos de 24 horas. Acontece."
Faustão está internado em São Paulo desde o começo do mês — havia sido diagnosticado com um quadro de insuficiência cardíaca e passava por diálise.
No último dia 8, ele entrou na lista de espera por um coração. Devido à gravidade do quadro, era o segundo da lista no estado, no domingo (27), quando apareceu um doador compatível.
A equipe médica do primeiro paciente da lista recusou o órgão. O motivo não foi informado, mas podem ser desde questões logísticas, como a indisponibilidade do paciente para a cirurgia imediata, até a incompatibilidade anatômica entre o doador e o receptor.
Segundo as normas de compatibilidade para transplante de coração, o receptor só pode receber o órgão de um doador com peso que varie até 20% para mais ou para menos em relação ao de quem aguarda o transplante.
Um paciente de 80 kg, por exemplo, só pode receber um órgão de um doador que pese entre 64 kg e 96 kg.
Em São Paulo, o tempo de espera por um transplante de coração para potenciais receptores do grupo sanguíneo B, como era o caso em questão, é de um a três meses — mas pode ser reduzido por urgência.
Ontem, o Ministério da Saúde informou que, entre janeiro e agosto, um terço das pessoas que precisavam de um coração no Brasil o conseguiram em menos de um mês.
O desconhecimento sobre o funcionamento do Sistema Nacional de Transplantes levou muitas pessoas a inventarem que o apresentador havia sido beneficiado na fila ou até mesmo comprado alguma prioridade.
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