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Quase 100 mil pessoas foram internadas com a mesma doença de Faustão entre janeiro e junho

Insuficiência cardíaca levou o apresentador a um transplante de coração; o número de hospitalizações cresceu em relação a 2022

Saúde|Do R7

Faustão está internado desde o começo do mês
Faustão está internado desde o começo do mês

A insuficiência cardíaca, doença que levou o apresentador Fausto Silva, de 73 anos, a um transplante de coração, fez com que 99,1 mil pessoas fossem internadas em todo o Brasil entre janeiro e junho deste ano, conforme mostram os dados do DataSUS. O número representa um aumento de 8% em relação ao registrado no mesmo período de 2022.

Faustão passou para o último recurso no tratamento da insuficiência cardíaca, que é a substituição do coração. Ele estava internado desde o começo do mês, quando foi incluído na lista de transplante, e era submetido a diálise.

No entanto, há vários níveis de gravidade da doença, e nem sempre o transplante é necessário.

A Associação Americana do Coração e o Colégio Americano de Cardiologia listam quatro estágios de insuficiência cardíaca:


• estágio A — Em risco de insuficiência cardíaca: pessoas com risco de insuficiência cardíaca mas que ainda não apresentam sintomas nem doença cardíaca estrutural ou funcional. Os fatores de risco para pessoas nessa fase incluem hipertensão, doença vascular coronariana, diabetes, obesidade, exposição a agentes cardiotóxicos, variantes genéticas para cardiomiopatia e história familiar de cardiomiopatia;

• estágio B — Pré-insuficiência cardíaca: pessoas sem sintomas atuais ou anteriores de insuficiência cardíaca, mas com doença cardíaca estrutural, aumento das pressões de enchimento do coração ou outros fatores de risco;


• estágio C — Insuficiência cardíaca sintomática: pessoas com sintomas atuais ou anteriores de insuficiência cardíaca;

• estágio D — Insuficiência cardíaca avançada: pessoas com sintomas de insuficiência cardíaca que interferem nas funções da vida diária ou levam a hospitalizações repetidas.


Os sintomas mais comuns são falta de ar, cansaço, acúmulo de líquidos (e consequente inchaço) nas pernas e falta de capacidade de realizar exercícios ou tarefas que exijam esforço físico.

"Insuficiências que ocorrem no lado direito do órgão costumam causar inchaço nas pernas, enquanto as do lado esquerdo causam cansaço e falta de ar", afirma o cardiologista Marcelo Ferraz, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Além dos sinais acima, indivíduos com essa condição podem sentir palpitações e dor no peito durante a atividade física.

A insuficiência cardíaca pode ser causada por diversos problemas que afetam o coração, como fraqueza ou rigidez do músculo cardíaco, doenças cardíacas, toxinas e distúrbios genéticos.

O cardiologista acrescenta que outras causas do quadro podem incluir isquemias, infartos, pressão arterial elevada e miocardites provocadas pela infecção de Covid-19, assim como problemas valvulares.

Não foram revelados até o momento outros detalhes das causas subjacentes do quadro de Faustão.

O diagnóstico começa pelo relato dos sintomas do paciente, seguido pelo exame físico, em que é feita a ausculta cardíaca, a fim de identificar sopros. Depois, são realizados exames, como raio-X de tórax, ecocardiograma, cintilografia e exames complementares, de acordo com a causa da insuficiência.

O tratamento vai variar de acordo com a gravidade do quadro. Segundo o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, a abordagem pode envolver dieta e mudanças no estilo de vida, tratamento da causa direta, medicamentos — incluindo vasodilatadores e diuréticos —, uso de um cardioversor desfibrilador implantável (dispositivo instalado sob a pele do peito para desfibrilar o coração em caso de ritmo anormal) e, por fim, até um transplante cardíaco.

"Por exemplo, se a causa da insuficiência cardíaca for uma válvula cardíaca estreitada ou com vazamento, ou uma conexão anormal entre as câmaras cardíacas, uma cirurgia frequentemente pode corrigir o problema. O bloqueio de uma artéria coronariana pode exigir tratamento medicamentoso, cirurgia ou angioplastia com um stent coronariano. Medicamentos anti-hipertensivos podem diminuir e controlar a hipertensão arterial. Antibióticos podem eliminar algumas infecções", explica o guia médico.

Em um artigo intitulado "Análise epidemiológica por insuficiência cardíaca no Brasil", publicado no Brazilian Medical Students Journal, em 2022, pesquisadores identificaram 1,21 milhão de internações por insuficiência cardíaca e 134,7 mil óbitos decorrentes dessa condição, entre 2015 e 2020.

"O perfil epidemiológico da insuficiência cardíaca no Brasil em relação à hospitalização é caracterizado por maior prevalência no sexo masculino, da raça branca, e a incidência aumenta progressivamente com a idade. No entanto, os óbitos foram mais prevalentes entre as mulheres idosas e da raça branca", observaram os autores.

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