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Mães pretas têm quase o dobro de dificuldade em relação às brancas para vacinar crianças

Os principais obstáculos relatados incluem a falta de vacinas, postos de vacinação fechados e a ausência de profissionais de saúde

Saúde|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília


Mães pretas têm quase o dobro de dificuldade em relação às brancas para vacinar crianças de até 2 anos
Mães pretas têm quase o dobro de dificuldade

Mães negras enfrentam quase o dobro de dificuldades para vacinar crianças de até 2 anos em comparação com mães brancas, de acordo com uma pesquisa da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. O estudo, que analisou 37,8 mil nascidos vivos em 2017 e 2018, revela que as crianças com pais negros são as mais afetadas por atrasos no calendário vacinal e pela falta de acesso à imunização nos primeiros anos de vida.

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Segundo os dados, 23% dos pais relataram que, mesmo levando seus filhos ao posto de vacinação, não conseguiram vaciná-los. Entre os responsáveis por crianças brancas, essa taxa é de 17%, enquanto entre os negros, ela ultrapassa 29%. A pesquisa também identificou uma desigualdade racial na cobertura vacinal nos períodos críticos de 5, 12 e 24 meses de vida, quando são administradas vacinas como a tríplice viral, hepatite A e rotavírus.

Segundo o estudo, os principais obstáculos relatados incluem a falta de vacinas, postos de vacinação fechados e a ausência de profissionais de saúde. Além disso, 7% dos responsáveis enfrentaram dificuldades para levar seus filhos à vacinação devido à falta de tempo e dificuldade de transporte, um problema 75% mais comum entre a população negra em comparação à branca.

Antonio Fernando Boing, professor da UFSC e autor do estudo, destaca que essa disparidade reflete as desvantagens materiais enfrentadas pela população negra no Brasil e as falhas no cumprimento do princípio de equidade pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Ele enfatiza a necessidade de abordar tanto as condições materiais de vida quanto as falhas estruturais dos serviços de saúde para reduzir as desigualdades sociais e melhorar as taxas de vacinação.


Imunização infantil

A imunização é crucial para prevenir doenças infecciosas e reduzir a mortalidade infantil, mas a distribuição efetiva de vacinas é desigual, tanto entre países quanto dentro deles. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 20 milhões de bebês em todo o mundo não completaram o esquema básico de vacinação a cada ano durante a década de 2010, com mais de 13 milhões desses bebês não recebendo qualquer vacina por meio dos programas de imunização.

A meta da OMS é fornecer serviços de vacinação acessíveis a todas as pessoas, em todos os lugares, até 2030, visando salvar mais de 50 milhões de vidas. No entanto, um dos principais desafios é superar as desigualdades dentro dos países, incluindo aquelas relacionadas a características étnico-raciais. Pesquisas que abordem essas desigualdades são essenciais para aprimorar as políticas públicas em busca da equidade, especialmente considerando que as disparidades raciais na vacinação infantil podem ser influenciadas por uma combinação de fatores sociais, econômicos e de saúde.


Um estudo que analisou 64 países de baixa e média renda identificou disparidades significativas na imunização infantil relacionadas à etnia em mais da metade desses países. Nos Estados Unidos, por exemplo, análises indicam que a cobertura vacinal contra a Covid-19 foi menor entre crianças afro-americanas de 5 a 11 anos. Além disso, outras pesquisas mostram que grupos minorizados, incluindo negros, frequentemente enfrentam maiores barreiras no acesso às vacinas, resultando em menores taxas de imunização.


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