Pai descobre que é autista após filho ser diagnosticado com o transtorno: 'Salvou minha vida'
Orion Kelly consultou vários médicos ao longo dos anos, mas só depois de adulto conseguiu uma avaliação mais precisa
Saúde|Maria Cunha*, do R7
Um pai descobriu que tinha autismo após o próprio filho ser diagnosticado com o transtorno.
O autor, podcaster e influenciador Orion Kelly, de 44 anos, disse que sabia que era "diferente" por décadas, mas sentia que as múltiplas avaliações que fez com especialistas não eram rigorosas o suficiente.
Kelly explicou que havia "uma total falta de interesse", e o diagnóstico original de que ele não era autista foi amplamente baseado na falta de contato visual e no fato de ele ter estudado na universidade.
No entanto, quando o primeiro filho dele, Conan, enfrentou desafios semelhantes aos que ele passou quando criança, o pai lutou para que ele e o filho fossem diagnosticados corretamente.
"Criar um bebê ou criança autista não diagnosticada é provavelmente a experiência mais desafiadora de sua vida", afirmou Kelly ao The Mirror. "Ninguém bate na sua porta e diz: 'Estou aqui para informar que você tem um filho autista, venha comigo que vou deixar tudo melhor'."
Conan foi diagnosticado por volta dos 5 anos, mas seu pai enfrentou uma grande batalha para que isso ocorresse, mesmo depois de reconhecer o atraso no desenvolvimento do filho.
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Mais de uma em cada cem pessoas no mundo está no espectro do autismo, e há cerca de 700 mil adultos e crianças autistas no Reino Unido, ainda segundo o tabloide britânico The Mirror.
"Sem minha esposa me apoiando e me encorajando a buscar uma segunda opinião e avaliação de um psiquiatra especializado em diagnóstico de autismo, temo que não estivesse aqui. Quero dizer isso genuinamente e de todo o coração quando falo que o autismo salvou minha vida", desabafou Kelly, que mora com a família em Victoria, na Austrália.
Ele explica que, para um adulto autista não diagnosticado, ter um médico dizendo que você não é autista pode provocar um impacto profundamente prejudicial. "Se eu não sou autista, devo ser apenas uma pessoa má, nascida para sofrer e lutar pela vida", contou o autor sobre como se sentia. "Minha experiência inicial de avaliação do autismo me deixou em um buraco profundo e escuro, em que me senti mais isolado e sozinho do que nunca", completou ele.
Com isso, Kelly passou a vida toda lutando contra esses sentimentos. "Eu estava à beira do suicídio. Havia perdido toda a esperança de que meu sofrimento e luta pela vida pudessem ser atribuídos a algo mais do que apenas a uma pessoa má que não merecia estar aqui", desabafou. "Para uma pessoa autista não diagnosticada, receber o diagnóstico de autismo é mais um reconhecimento do que um diagnóstico."
Após uma vida de luta, o pai de Conan foi reconhecido como autista, "e tudo começou a fazer sentido", segundo ele. "Não há nada fácil em ser neurodivergente em um planeta neurotípico, mas o reconhecimento e o apoio que vêm com um diagnóstico salvam a vida de um adulto autista não diagnosticado."
O criador de conteúdo afirma que é muito desafiador, para ele como autista e com um filho autista, administrar as necessidades sensoriais e regulatórias de duas pessoas com o transtorno. "É uma batalha diária. Nós dois somos hipersensíveis a estímulos em nosso ambiente, o que pode causar colapsos autistas, desligamentos e esgotamento. Cada interação e comunicação são uma luta significativa para mim", pontua Kelly.
O australiano ainda deixa uma mensagem aos adultos autistas não diagnosticados ou a quaisquer pessoas que se identifiquem com as experiências contadas por ele.
"Discuta isso com seu clínico geral ou médico de família e explore a possibilidade de uma avaliação do autismo", aconselhou ele. "Procure os serviços de um profissional especializado em avaliação de autismo adulto, e o mais importante: saiba que você não está sozinho, você tem direito à mesma qualidade de vida como qualquer outra pessoa no planeta. E, embora suas diferenças venham com desafios, elas também vêm com muitos pontos fortes", finalizou o influenciador.
*Sob supervisão de Felipe Gladiador
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