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Pequenos Gênios: Asperger configura QI alto em tema único

Garota mexicana diagnosticada com a síndrome tem QI superior ao de Einstein e escreveu livro sobre a sua experiência com o bullying

Saúde|Aline Chalet, do R7*

Adhara entrou na lista de mulheres mais poderosas do México, pela Forbes
Adhara entrou na lista de mulheres mais poderosas do México, pela Forbes

A síndrome de Asperger, que hoje é considerada um nível leve de autismo, é caracterizada por dificuldade no relacionamento e QI elevado, segundo o neuropediatra Carlos Augusto Takeuchi, do Sabará Hospital Infantil.

Ele explica que a capacidade intelectual é direcionada para um único tema e a pessoa quer aprender tudo sobre aquilo. “Tenho um paciente que gosta muito de borboletas. Ele sabe tudo sobre elas: todas as espécies exóticas, origem, morfologia, comportamento, cores”, explica Takeuchi.

Adhara Perez, de 8 anos, é uma garota mexicana diagnosticada com a síndrome que ficou famosa depois de superar o bullying e escrever um livro sobre o assunto. “Diferente de outros níveis de autismo, a criança com Asperger quer se relacionar, mas tem muita dificuldade. Ela não entende piadas, ironias e metáforas, não sabe se você está feliz ou triste, levam tudo ao pé da letra. São consideradas estranhas, o que pode tornar o bullying uma questão”, explica o neuropediatra.

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Segundo o portal mexicano The Yucatan Times, Adhara terminou o equivalente ao Ensino Médio no Brasil com 8 anos. Hoje, ela estuda engenharia industrial em matemática e engenharia de sistemas à distância e sonha em entrar na Universidade do Arizona para estudar astrofísica. Além disso, ela entrou para a lista da revista Forbes das 100 mulheres mais poderosas do México, após escrever o livro Don’t Give Up (Não Desista, em inglês).

A síndrome só foi considerada um espectro do autismo a partir de 2013. Ela foi descoberta por Hans Asperger em 1944, que observou o comportamento de quatro crianças com dificuldade para socializar. O neuropediatra conta que, embora elas tivessem uma boa comunicação verbal, eram desajeitadas e tinham interesse restritivo em assuntos específicos.


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Em 1992, a síndrome entrou para o Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-4), sendo classificada no mesmo grupo do autismo. Em 2013, com o lançamento de um novo manual (DSM-5), Asperger foi colocada como um nível leve do autismo.


Takeuchi explica que uma das principais diferenças é a idade do diagnóstico. “O autismo pode ser diagnosticado antes dos 3 anos. A síndrome de Asperger, por volta dos 5 anos. Os sintomas são mais sutis. Além disso, a linguagem costuma ser normal, enquanto no autismo costuma ser alterada”, afirma o médico.

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Segundo o neuropediatra, de duas a quatro pessoas em cada 10 mil nascidas vivas no mundo possuem a síndrome. “É muito comum. Com a junção [com o autismo], fica mais difícil definir a frequência exata”, explica.

Apesar da causa envolver genética, ela ainda é desconhecida. Acredita-se que fatores do ambiente levem a mutações genéticas nos pais, que geram filhos com alterações nos genes. A síndrome de Asperger não é uma doença e, por tanto, não tem tratamento.

“Existe tratamento para as comorbidades, doenças que estão relacionadas à síndrome. Se a criança apresenta hiperatividade, depressão, ansiedade, fazemos o tratamento dessas doenças. Além disso, é importante o acompanhamento com terapeuta, para lidar com as dificuldades de relacionamento”, afirma Takeuchi.

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Segundo o médico, o bullying costuma ser uma questão desafiadora na vida dessas crianças. Na visão dele, a melhor intervenção é a terapia ABA (análise comportamental aplicada, em inglês).

Nessa modalidade, o terapeuta observa o comportamento da criança em todos os ambientes: no consultório, na escola e em casa. A partir disso, monta uma estratégia em conjunto com os pais e com a escola.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini

Passeata pelo Dia do Autismo reúne cerca de mil pessoas na av. Paulista:

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