Remédio mais caro do mundo de R$ 8 milhões leva à cura de doença rara
Terapia genética para AME (atrofia muscular espinhal), doença que mata nos primeiros anos de vida, é dado em dose única e promove praticamente a cura
Saúde|Deborah Giannini, do R7
A FDA (Food and Drug Administration), órgão regulador de medicamentos nos Estados Unidos, aprovou na última sexta-feira (24) o remédio mais caro do mundo.
Com o custo de US$ 2,125 milhões, o equivalente a R$ 8,4 milhões, trata-se de um tratamento para a AME (atrofia muscular espinhal), uma doença genética rara que leva à morte nos primeiros anos de vida.
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O remédio deve começar a ser comercializado imediatamente nos Estados Unidos, segundo o fabricante, a empresa farmacêutica Novartis, mas ainda não há previsão de lançamento no Brasil.
A AME é a principal causa genética de morte de bebês. A doença provoca a degeneração de neurônios na medula espinal, levando à redução da força muscular e à paralisia progressiva. Na forma mais grave, resulta em ventilação permanente ou morte aos 2 anos de idade em mais de 90% dos casos.
Crianças sem tratamento não conseguem levantar a cabeça, sentar ou rolar, têm dificuldade para engolir e respirar e precisam de cuidados 24 horas por dia.
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Estima-se que 1 em cada 10 mil crianças tenha a doença e há cerca de 8 mil casos confirmados no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Amiotrofia Espinhal (Abrame).
O remédio, considerado revolucionário, se chama Zolgensma. Ele atua na raíz genética, fornecendo uma cópia do gene SMN1 defeituoso ou ausente, interrompendo a progressão da doença, segundo a Novartis.
É necessária apenas uma dose para fazer efeito. Segundo o fabricante, o medicamento leva à cura da doença. Não se sabe ainda, apenas, se os efeitos são permanentes.
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"Em estudo, pacientes tratados com Zolgensma alcançaram marcos motores nunca vistos na história da doença, incluindo sentar-se, falar e, em alguns casos, andarem, sem declínio de efeito quase quatro anos após a dosagem", afirmou a empresa por meio de nota.
A Novartis oferece um plano de parcelamento do remédio em cinco anos, com o valor fixo de US$ 425 mil por parcela, de acordo com publicado no site de notícias financeiras Business Insider.
Ainda segundo o site, em uma coletiva de imprensa realizada no lançamento do remédio, os executivos da empresa classificaram o preço justo levando em conta o que o tratamento proporciona.
"O Zolgensma pode criar uma vida inteira de possibilidades para crianças e famílias afetadas por essa condição devastadora", disse o presidente-executivo da Novartis, Vas Narasimhan, por meio de nota.
Até o momento, o tratamento da doença era feito com o remédio Spinraza. Ele foi aprovado pela FDA em 2016. Seu custo também é alto, chegando a US$ 750 mil no primeiro ano de tratamento e US$ 375 mil nos anos seguintes.
No Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde) disponibiliza esse medicamento para pacientes com AME tipo 1, com "diagnóstico genético confirmatório que não estejam em ventilação mecânica invasiva permanente" desde 2 de maio deste ano.
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De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), existem 8 mil tipos de doenças raras no mundo. Elas são consideradas assim porque afetam, no máximo, 65 pessoas em cada grupo de 100 mil. Ou seja: uma para cada 2 mil pessoas. A grande maioria, 80%, t...
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), existem 8 mil tipos de doenças raras no mundo. Elas são consideradas assim porque afetam, no máximo, 65 pessoas em cada grupo de 100 mil. Ou seja: uma para cada 2 mil pessoas. A grande maioria, 80%, tem origem genética, por isso não são curáveis, mas algumas possuem tratamentos que amenizam ou retardam os sintomas. No Brasil, segundo um estudo feito pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), existem 13 milhões de pessoas com algum tipo de doença rara