Terapia de anticorpos vem antes da vacina, mas proteção dura menos
Tecnologia contra a covid-19 deve estar disponível em janeiro, diz fabricante ao R7, mas imunização dura três meses; funciona como 'leite materno'
Saúde|Aline Chalet, do R7*
A terapia de anticorpos contra a covid-19 deve ficar disponível em janeiro de 2021, antes das vacinas que estão sendo desenvolvidas ao redor do mundo contra a doença, segundo o fabricante, a empresa norte-americana Sorrento Therapeutics. Essa tecnologia poderá ser utilizada como tratamento e prevenção, porém sua proteção dura apenas de dois a três meses.
“É como o leite materno nos primeiros meses de vida do bebê. Fornece os anticorpos para a criança enquanto ela não tem condições de produzir seus próprios, mas em cerca de 3 meses não vai estar mais na circulação”, afirmou o vice-presidente de desenvolvimento corporativo da Sorrento Therapeutics, Alexis Nahama para o R7.
“Temos muita esperança, mas ainda temos muitas etapas para fazer. Nos perguntam ‘vocês têm a cura para a covid-19?’ Não podemos dizer que é uma cura, mas também não podemos dizer que não é. Estamos trabalhando num produto que pode ser uma solução”, acrescentou.
A Sorrento é uma das empresas que está desenvolvendo esse tipo de terapia e divulgou, em 15 de maio, que encontrou um anticorpo 100% eficaz contra o coronavírus. A técnica consiste na aplicação direta do anticorpo na corrente sanguínea que começa agir imediatamente contra o agente infeccioso.
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A pesquisa se iniciou fazendo testes com uma espécie de biblioteca de anticorpos da empresa, que é especializada nesse tipo de terapia para tratamento de câncer. Na primeira etapa, foram encontrados 100 anticorpos que tinham atividade contra o vírus.
Depois de mais alguns testes, os pesquisadores encontraram 12 anticorpos que possuíam atividade muito boa e enviaram esse material para a Universidade do Texas, nos Estaods Unuidos, que deixam o anticorpo em incubação por um dia em uma cultura de células e depois por mais três dias em contato com o vírus.
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“Um desses anticorpos, o STI1499, não deixou nenhum vírus entrar na célula, repetimos o teste e o resultado foi o mesmo. Tivemos 100% de eficácia”, afirma Nahama.
A desvantagem desse tipo de tecnologia é que, além de não ser uma proteção a longo prazo, pode ser cara para aplicar em grande escala. “Não é viável utilizar como prevenção para toda a população. Os profissionais da saúde até poderiam utilizar dessa maneira, mas inicialmente seria utilizado como tratamento.”
O vice-presidente afirma que nos próximos dois ou três meses a empresa vai focar esforços para produzir o produto em larga escala, etapa necessária para avançar para os testes clínicos.
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Entre agosto e setembro os primeiros testes devem acontecer e serão feitos em pacientes em estado gravíssimo, em que não existem outras possibilidades de tratamento. Entre outubro e novembro deve acontecer a segunda etapa.
Ela será feita em uma escala maior com voluntários com estado clínico melhor do que os da primeira testagem. “Se tudo for como esperado, no começo do ano que vem teremos um produto disponível.”
Nahama explica que, no tratamento contra câncer, o principal risco da terapia anticorpos é que como os anticorpos são programados para atacar células da própria pessoa que são defeituosas, ele pode começar a atacar células saudáveis.
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“No caso de tratamento para agentes externos esse risco diminui, já que as estruturas do vírus são muito diferentes das nossas células, ainda sim, estamos testando o anticorpo em todos os tipos de célula, coração, rins, fígado, pulmões, para ter certeza que não teremos efeitos adversos.”
Outras empresas estão trabalhando em soluções parecidas como a Regeneron e a Vir. Além disso, diversas corporações pelo mundo estão focando esforço em desenvolver uma vacina, como a CanSinoBio, AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford e a Pfizer em parceria BioNTech.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini
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