Aos 40 anos, Karina Bacci anunciou que está grávida de seu primeiro filho após recorrer à uma fertilização in vitro. A apresentadora não conseguiria mais engravidar naturalmente porque havia retirado as duas trompas no ano passado devido à uma hidrossalpinge. O ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana Rodrigo da Rosa Filho explica que a doença pode acometer qualquer mulher em fase reprodutiva. — A hidrossalpinge é uma sequela de uma inflamação, cujas causas mais comuns são endometriose e bactérias, principalmente chlamydia trachomatis e gonococo — causadoras das doenças sexualmente transmissíveis clamídia e gonorreia, respectivamente—. A bactéria sobe pela vagina e útero até atingir a trompa e os ovários. Como sequela, obstrui a trompa, causando a hidrossalpinge. Se for retirada apenas uma trompa, as chances de a mulher engravidar de forma natural diminuem consideravelmente, pois o órgão para de funcionar permanentemente, segundo o ginecologista. Já se o problema atingir as duas trompas, a paciente só poderá engravidar com inseminação artificial ou fertilização in vitro, como no caso da apresentadora. Karina divulgou recentemente à imprensa que tinha o sonho de se tornar mãe, mas se separou há pouco tempo do marido, o empresário Sérgio Amon, de 55 anos. Então, resolveu recorrer a um banco de sêmen internacional para utilizar o material genético de um doador anônimo.Há tratamento para hidrossalpinge? Após o diagnóstico da infecção, a paciente passa por tratamento contra a bactéria com antibióticos. Se o tratamento for feito de forma correta, a pessoa não chega a desenvolver a hidrossalpinge, disse Rosa Filho. A doença é facilmente identificada em exames de ultrassons e ressonância magnética. Os sintomas mais comuns são dor pélvica, febre e corrimento vaginal com odor, mas, muitas vezes, o quadro da doença pode ser assintomático, afirma o ginecologista. — Às vezes, a pessoa não sente nada e só descobre o problema após a evolução da doença ou nem chega a tratar. A hidrossalpinge pode atingir qualquer mulher. Em muitos casos, ela nem sabe que ficou doente. Por isso, a recomendação é se proteger das doenças sexualmente transmissíveis com preservativo, fazer exames periódicos e, se tiver corrimento ou dor, procurar atendimento médico.Especialista alerta sobre os riscos da gestação após os 40 anos O ginecologista explica que quando a mulher tem a obstrução de uma trompa, ela tem mais chances de ter problema na outra. Ele ressalta que se a trompa não for retirada mesmo após o tratamento para que a paciente engravide, há menos chances de implantação do embrião, pois o líquido da trompa pode escorrer para o útero. Em caso de gravidez, o risco de aborto aumenta. — A trompa é retirada via laparoscopia [procedimento cirúrgico minimamente invasivo realizado sob efeito de anestesia], com três furos de 0,5 cm no abdômen da paciente. Ela fica internada uns dias, mas a recuperação é rápida.
