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3º Simpósio Nacional de Varejo e Shopping

"Os marajás de hoje são tóxicos", afirma empresário Flávio Rocha

Pré-candidato à Presidência defende fim da 'aristocracia burocrática' e afirma que, se eleito, quer 'ser o guardião da competitividade'

Simpósio2018|Alexandre Garcia e Fernando Mellis, do R7

Se eleito, Flávio Rocha promete combater burocracia na máquina pública
Se eleito, Flávio Rocha promete combater burocracia na máquina pública

Com um discurso claro sobre a economia brasileira, o empresário Flávio Rocha, pré-candidato do PRB à Presidência da República, tem uma certeza: o Estado brasileiro é pesado demais para crescer com eficiência. A máquina pública demanda recursos que poderiam ser destinados a áreas importantes, como saúde, segurança e educação.

Em entrevista ao R7, Rocha, que também é sócio da Riachuelo, defendeu o fim de privilégios que são pagos com dinheiro público.

— O Estado deve servir e não servir-se a privilégios. Essa aristocracia burocrática que se apropriou do Estado tem a consciência de que os 98% da população são inertes, são apáticos e não têm a consciência da própria força.

O empresário é idealizador do movimento Brasil 200, que tem como bandeiras, um Estado enxuto, a livre negociação e a independência dos cidadãos e das empresas. O nome é referência aos 200 anos de independência que o país completará em 2022. Porém, na visão do pré-candidato, a burocracia estatal ainda não permite a todos a liberdade.


Ainda segundo Flávio Rocha, parte do funcionalismo público têm interesses ideológicos que refletem atraso à produtividade e à competitividade do Brasil.

— Os marajás da época de [Fernando] Collor eram apenas caros e inúteis. Os marajás de hoje são tóxicos. Eles são ideologicamente motivados e querem provar que capitalismo não funciona.


Rocha participa do 3º Simpósio Nacional de Varejo e Shopping, em Foz do Iguaçu (PR). Na noite de sexta-feira (6), ele falou a uma plateia de cerca de 300 empresários sobre propostas para o Brasil do futuro.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista.


R7: Por que o senhor escolheu ser candidato em um ano tão desafiador?

Flávio Rocha: Justamente porque é o ano dessa incerteza toda. Há seis meses, nós imaginávamos que a candidatura era previsível e nós iriamos trilhar o rumo da maior parte das eleições presentes, surfando nos ventos do bom senso, em direção à fórmula consensual da prosperidade, que é a liberdade econômica.

A gente até imaginava que tinham alguns rostos que iriam liderar esse processo, mas, passado esse período, o quadro é de total incerteza, justamente pela falta do perfil óbvio, de um liberal na economia, que ofereça uma resistência ao bagunçar para governar.

R7: Qual foi sua principal motivação?

FR: Em primeiro lugar, foi a solidariedade dos trabalhadores, que mostra que esta balela é mais uma estratégia para tentar acirrar conflitos. Hoje, claramente, o capital de trabalho empreendedor e trabalhador são aliados na construção da prosperidade, que beneficia a todos.

O conflito entre capital e trabalho é artificial, porque eles são aliados. O conflito que realmente vai marcar essa próxima eleição não é capital x trabalho, rico x pobre, produtor rural x MST, não é o conflito social e nem o de gênero. O conflito que vai determinar essa nova eleição e está determinando as forças da nova sociedade brasileira, é quem produz x quem parasita na máquina estatal.

R7: Como mexer na máquina estatal, que está sempre presa à burocracia?

FR: A velha política ganhava eleição conquistando as corporações. Elas eram tão poderosas que usavam os 98% [da sociedade] que puxavam a carruagem como massa de manobra. As corporações se apropriaram do Estado. A nova política é buscar inspiração na empresa, que faz exatamente o contrário do que faz o Estado.

R7: Dentro do próprio serviço público, há corporações difíceis de lidar, como o Judiciário, Ministério Público, Forças Armadas, que na própria reforma da Previdência foram os mais combativos. Como que o senhor lidaria com esses interesses, que apesar de restritos têm efeito no final das contas?

FR: É preciso conscientizar a imensa maioria que paga as contas dessa farra estatal. Na medida em que os 98% dos que puxam a carruagem, que suam a camisa, que trabalham, que pagam impostos se conscientizarem de que o Estado deve servir e não servir-se a privilégios. Essa aristocracia burocrática que se apropriou do Estado tem a consciência de que os 98% da população são inertes, são apáticos e não têm a consciência da própria força. [...] Os marajás da época de [Fernando] Collor eram apenas caros e inúteis. Os marajás de hoje são tóxicos. Eles são ideologicamente motivados e querem provar que capitalismo não funciona.

R7: Está pronto para enfrentá-los?

FR: Com 60 milhões de votos, a gente enfrenta, faço disso uma cruzada. Quero ser o guardião da competitividade. Estamos empobrecendo porque está apodrecendo a nossa competitividade. É preciso criar um terreno receptivo para o investimento. Isso aumenta a demanda por mão de obra, os salários crescem, a prosperidade vem e a conquista social vem. Não há conquista social sem prosperidade.

R7: Se eleito, qual seria o primeiro passo do senhor nessa proposta de reforma do Estado?

FR: O Estado tem que ser, da mesma forma do que uma empresa privada é, direcionado ao usuário do serviço público. A estabilidade do serviço público serve às corporações, mas não serve aos usuários do serviço, que é totalmente oposto à meritocracia. Estabilidade é o oposto da meritocracia.

R7: O professor, então, por exemplo, não teria justificativa para ter estabilidade?

FR: Não. Teria que ser como um professor da rede privada. A estabilidade só leva à acomodação e à zona de conforto. Qualquer decisão de governo na área da educação deve ser avaliada se serve ao aluno. Se não for bom, não pode ser feita. Em qualquer área, se não for bom para o cidadão, não deve ser feita, como acontece em uma empresa, onde não se faz nada que não seja bom para o cliente. Se ele não estiver satisfeito, a empresa quebra.

R7: O senhor vê parte da força de trabalho manipulada pela esquerda?

FR: Não mais. Existe um estudo feito pelo PT que constatou, para o horror dos próprios estrategistas do partido, quando pesquisou dentro da periferia de São Paulo, um reduto petista, o repúdio à luta de classes.

As pessoas de mais baixa renda nos arredores de São Paulo não viam o patrão como adversário. Quem eles viam como adversário era a exploração do Estado.

R7: O senhor espera conseguir captar o voto dessa camada mais pobre da população?

FR: Eu acredito, porque a nossa candidatura é a conscientização dessa imensa maioria que puxa a carruagem indignada com o peso da carruagem estatal.

A aritmética é essa: menos de 2% da população brasileira se apropriaram do Estado e esse Estado já representa praticamente 50% do esforço de produção nacional em benefício dos seus privilégios.

Quanto mais o Estado incha, mais ele se desapropria dos seus propósitos de servir e se torna menos servidor. O exemplo disso é que a maior parte do Estados não tem dinheiro para abastecer uma viatura, falta remédio no hospital, mas tem contracheque de R$ 15 mil.

R7: Hoje uma parcela da população defende uma volta da ditadura e um regime mais autoritário. Como o senhor avalia essa linha de pensamento?

FR: Eu como sessentão vi a tristeza que é a ditadura e um regime autoritário de opressão. A democracia é um valor fundamental. Eu me oponho ferrenhamente a este tipo de crença [pela volta da ditadura].

Eu vejo isso acontecer muito entre jovens que não tenham sentido as agruras de quão terrível é um regime de força autoritária.

Empresário falou a uma plateia de cerca de 300 empresários em Foz do Iguaçu
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