Atraso na entrega lidera queixas das compras online. Fuja das armadilhas
Mais de 90 mil reclamações foram feitas no 1º trimestre de 2018 pelo não cumprimento de prazos. Internet movimentará R$ 2,2 bi só no Dia dos Pais
Tecnologia e Ciência|Pablo Marques, do R7
Deixar para comprar pela internet o presente na véspera do Dia dos Pais pode ser uma decisão arriscada. A principal reclamação contra lojas online no país é o atraso na entrega do produto adquirido.
Um levantamento publicado pelo site Reclame Aqui mostra que, no primeiro trimestre deste ano, mais de 90 mil pessoas registraram algum problema com o cumprimento do prazo de entrega pelos sites de compra eletrônica. Em comparação com o mesmo período de 2017, houve um aumento de 34%.
Pelo acompanhamento feito pela Fundação Procon-SP, a demora ou a não entrega das compras é a principal queixa todos os anos desde 2014.
O que fazer?
Geralmente, os consumidores conseguem rastrear o produto pela internet. Ao perceber que a entrega está atrasada, a empresa deve ser procurada para esclarecimentos sobre a compra.
“O primeiro passo é entrar em contato com a loja para verificar o que está acontecendo. Caso não obtenha um posicionamento ou a resposta seja evasiva, uma reclamação pode ser registrada no Procon ou pode ser solicitado o cancelamento da compra”, explica Fátima Lemos, assessora técnica da Fundação PROCON-SP.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, é possível "desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial."
Como evitar?
As lojas que prestam serviços ruins costumam ter uma má fama na internet e nas redes socais. Com uma breve pesquisa na rede é fácil encontrar outros consumidores insatisfeitos.
“Antes de concluir uma compra, pesquise bastante e procure saber como foi a experiência de outros clientes. Tenha cuidado com sites desconhecidos, promoções atraentes demais e preços muito abaixo da média. Em caso de dúvida, procure a lista. Evite esses sites”, recomenda Fátima.
A lista Evite Esses Sites é organizada pela Fundação Procon a partir da análise das reclamações feitas pelos consumidores.
Outra dica é verificar se a página da internet contém um atendimento ao consumidor, um endereço administrativo e o nome de um responsável. A ausência dessas informações pode ser um sinal de que a loja não é confiável ou a página é falsa e foi criada para aplicar golpes.
Outro risco
O prejuízo financeiro é apenas um dos riscos de comprar em uma loja virtual com má fama. Outra possível consequência é a de ter dados pessoais roubados ao clicar em uma promoção suspeita ou ao preencher um cadastro falso.
“Os dados pessoais têm grande valor e é preciso ter atenção. As fraudes estão cada vez mais sofisticadas e a cautela é maneira mais fácil de se proteger”, afirma Fátima.
O Relatório da Segurança Digital, publicado nesta segunda-feira (6), pelo dfndr Lab, especializado em cibersegurança, foram detectados mais de 120 milhões de ciberataques só nos primeiros seis meses de 2018 — número 95,9% maior que o registrado no mesmo período de 2017.
No segundo trimestre deste ano, dois golpes ocorreram com maior frequência: o phishing via aplicativo de mensagens (36,6 milhões de detecções) e a publicidade suspeita (12,2 milhões de detecções). Em ambos os casos, quem está procurando por bons presentes a um preço mais em conta são vítimas em potencial.
"Na dúvida, não clique em nenhum link ou anúncio de produto recebido por e-mail ou por aplicativo de mensagens. O ideal é conferir no site oficial se a promoção existe mesmo", explica Fátima.
A advogada Patrícia Borsato, da Comissão de Direito Digital da OAB-SP e especialista em direito digital orienta os consumidores caso de tenham dados roubados: "Procure a Polícia Civil para fazer um boletim de ocorrência. Pelo Marco Civil da Internet, é possível encontrar o IP do criminoso para e tentar descobrir a origem do golpe.”
Projeções para o Dia dos Pais
A ABComm (Associação Brasileira de Comercio Eletrônico) estima que o comércio eletrônico sozinho deve movimentar R$ 2,2 bilhões no Dia dos Pais, um crescimento de 8% quando comparado com 2017. A data deve movimentar no total R$ 14 bilhões pelos dados da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes e Lojistas).