Elon Musk e Twitter: saiba os desafios e próximos passos da compra da rede social
Após longa novela, bilionário confirmou intenção de pagar 44 bilhões de dólares para se tornar acionista maioritário da empresa
Tecnologia e Ciência|Do R7
Elon Musk abriu um novo capítulo na novelesca operação de compra do Twitter, após propor seguir adiante na segunda-feira (3) com a compra depois de desistir meses após um acordo com a direção da rede social.
As duas partes negociam agora as próximas etapas, mas muitos pontos dessa gigantesca transação de 44 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 228 bilhões) são um mistério.
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Como está a operação?
Elon Musk, que em abril propôs comprar a rede social a US$ 54,20 (R$ 281,93) por ação antes de desistir da aquisição, em julho, enviou ao Twitter uma carta em que destaca que está disposto a seguir adiante com o compromisso do preço combinado inicialmente.
O fundador milionário da Tesla deu duas condições: que o julgamento iniciado pelo Twitter contra ele para forçá-lo a concluir a compra seja suspenso e que receba o financiamento necessário.
O Twitter foi notificado da proposta e informou que tem "a intenção" de concluir a transação.
Segundo o jornal The New York Times, a juíza encarregada do caso em Delaware convocou as partes para uma reunião confidencial nesta terça-feira (4) e pediu-lhes que entrem em um acordo entre si antes de voltar ao tribunal.
Se um acordo for alcançado, isso torna sem efeito o julgamento, que deveria começar em 17 de outubro.
Depois das idas e vindas dessa operação, o Twitter vai buscar garantias de que a compra seguirá adiante — por exemplo, com o depósito de uma quantia de dinheiro para apoiá-la, segundo Adam Badawi, professor de direito comercial na Universidade de Berkeley.
Também poderia propor que a concretização da compra seja supervisionada por um magistrado. Os advogados do Twitter não responderam às perguntas da AFP por enquanto.
Motivo da reviravolta
Elon Musk é um habitué de polêmicas, das promessas não cumpridas e dos julgamentos. Mas, inclusive para o homem mais rico do mundo, os valores em jogo são importantes.
Determinar as motivações por trás da última jogada do fundador da Tesla por enquanto é uma especulação.
Muitos juristas sustentam que ele simplesmente se deu conta de que não venceria o julgamento porque não conseguiria sustentar de forma coerente o principal argumento para anular o acordo: a presença maior que a apontada pela rede social de contas falsas e automáticas no Twitter.
Para Carl Tobias, professor de direito na Universidade de Richmond, também é possível que Musk tenha se incomodado com a difusão, no âmbito do processo judicial, de mensagens com outras personalidades do mundo dos negócios e tenha preferido evitar a publicação de outras comunicações.
O fato de que não tenha feito uma verificação do estado da empresa antes da oferta inicial, como ocorre em geral em acordos desse tipo, também o afeta, avalia Tobias.
"Acho que, dos dois lados, a situação se tornou embaraçosa, reveladora e não muito construtiva", ressaltou.
Qual a situação de momento do Twitter?
A ação do Twitter subiu 22% nesta terça-feira, depois de divulgada a mudança de parecer de Musk. Mas a empresa não está no melhor momento.
Sofre, assim como outros gigantes do setor, de uma redução dos gastos publicitários em um contexto de resfriamento da economia, e a imagem foi afetada pelas turbulências e pela incerteza em torno do interesse de Musk em comprá-la.
O grupo registrou uma queda no faturamento de 1% no segundo trimestre, e o ânimo dos funcionários não é o melhor.
Acusações recentes do ex-chefe de segurança demitido em janeiro, Peiter Zatko, corroeram a reputação da rede social. O ex-funcionário critica a direção do Twitter por não levar em conta suficientemente graves falhas de segurança.
"É bastante irônico que, para Musk, a parte mais fácil desse acordo fosse comprar o Twitter", refletiu Dan Ives, analista da Wedbush Securities. "A parte mais difícil será tratar os problemas vinculados à monetização e ao compromisso dos assinantes", acrescentou.
Como seria o Twitter com Musk no comando?
Musk se apresenta como um defensor fervoroso da liberdade de expressão e já afirmou que pretende deixar os internautas se expressarem como acharem conveniente, desde que não infrinjam a lei.
Também se disse favorável ao cancelamento da suspensão da conta do ex-presidente americano Donald Trump no Twitter, decidida pela empresa depois da invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021.