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Tecnologia e Ciência

Estudo revela como morcegos-vampiros sobrevivem com uma dieta de sangue

Espécie era um mistério para cientistas, já que o sangue é fraco em calorias e gordura, o que o torna um alimento 'terrível'

Tecnologia e Ciência|Do R7

Morcegos-vampiros são os únicos mamíferos que se alimentam exclusivamente de sangue
Morcegos-vampiros são os únicos mamíferos que se alimentam exclusivamente de sangue

Um estudo científico revelou as diferenças genéticas que permitiram que morcegos-vampiros se alimentassem exclusivamente de sangue ao longo dos tempos. A dieta de sangue era considerada um pequeno mistério para biólogos, uma vez que o fluido é um alimento rico em ferro, mas quase desprovido de calorias e gordura, o que não o torna a mais indicada das fontes de alimento.

Apesar das lendas e do folclore que apontam os morcegos como vorazes devoradores de sangue, a maioria deles come frutas, insetos, néctar e até peixes. Apenas três espécies que vivem na América do Sul e Central se alimentam apenas de sangue (na verdade, são os únicos mamíferos capazes disso), sendo a principal o morcego-vampiro-comum (Desmodus rotundus).

Para se manterem vivos apenas com sangue, os vampiros sugam até 1,4 vezes o próprio peso da substâmcia a cada refeição. Um único morcego consome 800 vezes mais ferro que um humano com dieta comum, o que em situações normais poderia ser um risco para o sistema digestivo.

Estudos de 2014 compararam o material genético dos vampiros com 26 outras espécies de morcego, e identificaram três genes específicos ausentes ou inativos apenas entre os que se alimentam de sangue. No caso deles, ter menos genes é melhor para a sobrevivência, o que vai um pouco na contramão do que se entende por evolução genética.


A nova pesquisa — com coautoria de Michael Hiller, do Instituto Max Planck, da Alemanha, e publicada no periódico Science Advances — identificou 10 outros genes que os vampiros não possuem ou não usam.

A perda de um destes genes faz com que esses animais percebam menos o sabor, enquanto outro os faz demorar mais para eliminar carboidratos, um componente quase ausente na dieta deles e importante para a sobrevivência.


O formato do estômago dos vampiros também é diferente, e possui um formato cônico, segundo o estudo, o que facilita expelir a água do sangue e absorver compostos sólidos e nutricionais da substância.

Imagem mostra os efeitos das perdas de genes entre os vampiros
Imagem mostra os efeitos das perdas de genes entre os vampiros

Especialistas já haviam percebido que esses morcegos começam a urinar quase imediatamente após sugar o sangue de uma refeição, geralmente de gado, à noite.


Outro gene perdido, o REP15, era responsável pela absorção de ferro. A perda dele evita sobrecarga com os índices elevados de ferro consumidos por eles.

Os cientistas destacam ainda a perda do gene CYP39A1, o que provavelmente foi responsável por tornar os vampiros mais inteligentes e sociáveis que outros morcegos.

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Como nem sempre eles encontram sangue suficiente para sobreviver, é bastante comum ver um vampiro regurgitando na boca de um colega, mesmo que não o conheça ou seja próximo socialmente dele. Mas ser um doador de sangue também fez com que eles tivessem uma memória melhor, já que é comum que retribuam o favor posteriormente, de acordo com o estudo.

Mesmo com grande parte da genética dos morcegos-vampiros descortinada, os especialistas ressaltam que eles continuam muito intrigantes e excepcionais. Uma série de novos estudos ainda é necessária para entender detalhes específicos do comportamento deles e como se diferenciam de outros morcegos.

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