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Golpista vende cartão de crédito de terceiros em anúncio no Instagram

Preços variam de R$ 450 a R$ 1.200, de acordo com o limite; dados pessoais são usados ilegalmente para aplicar o golpe 

Tecnologia e Ciência|Pablo Marques, do R7

Um perfil no Instagram está vendendo abertamente “cartões de terceiros”, ou seja, cartões de crédito que estão no nome de outras pessoas. Não se trata de clonagem, em que o cartão de uma vítima é duplicado, mas do uso indevido de dados pessoais.

Para alcançarem um número maior de vendas, os criminosos fizeram até mesmo um post patrocinado. Esse é um recurso pago do Instagram que direciona uma publicação a usuários que podem ter mais interesse em determinado produto ou serviço.

No vídeo obtido pelo R7, dezenas de cartões e várias máquinas para pagamento são exibidos em uma mesa enquanto o suposto vendedor faz a propaganda: “Quem quiser pegar o cartão de terceiros é só chamar no privado. Eu trabalho na transparência, mostrando meu nome, meu número, a data e meu material”.

Imagem do post patrocinado publicado no Instagram para vender cartões de crédito
Imagem do post patrocinado publicado no Instagram para vender cartões de crédito Imagem do post patrocinado publicado no Instagram para vender cartões de crédito

Sem nenhuma cerimônia, uma tabela de preços foi postada no perfil no dia 23 de agosto. O limite mínimo oferecido é de R$ 2.000, que sai por R$ 450. Já para ter R$ 9.000 para gastar, a pessoa precisa desembolsar R$ 1.500.

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Tabela exibe os preços para quem quer receber o valor via Pix
Tabela exibe os preços para quem quer receber o valor via Pix Tabela exibe os preços para quem quer receber o valor via Pix

Em outro vídeo, o criminoso ensina como funciona o esquema: "O cartão chega na casa do cliente já com a senha e desbloqueado. Depois é só estourar o limite e descartar".

Para tentar atrair mais interessados, vídeos de supostos clientes também são postados. “Confia! O cara é firmeza, promete e cumpre”, diz um homem que está segurando um cartão sem nem mesmo esconder o rosto. A publicação teve mais de 750 visualizações.

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Existe uma alternativa para quem não quiser receber um cartão, mas ter apenas o dinheiro na conta. Nesse caso, é feita uma transação em uma maquininha e na sequência é solicitada a antecipação do valor à empresa que administra o serviço. A quantia é enviada por Pix.

Outro vídeo mostra uma grande quantidade de notas de R$ 50 e R$ 100 enquanto uma voz feminina diz: “Acabei de sacar meu Pix de R$ 6 mil. Muito obrigada”. A postagem, feita em 13 de setembro, teve mais de mil visualizações.

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"A estratégia mais provável é que esses criminosos tenham usado o número do RG e do CPF de outras pessoas para abrir contas-laranja e fazer a emissão desses cartões com o próprio banco”, explica Spencer Sydow, presidente da Comissão de Direito Digital da OAB-SP.

Dados divulgados pelo Dfndr lab, laboratório de cibersegurança da PSafe, revelam que mais de 4,6 bilhões de credenciais foram vazadas somente nos seis primeiros meses de 2021. Nesse ritmo, o Brasil registra uma média de um golpe financeiro a cada seis segundos.

Segundo Spencer, o golpe da venda de cartões de terceiros faz três vítimas: o banco, a operadora de cartão de crédito e a pessoa que teve os dados utilizados para abrir a conta.

Além dos envolvidos no esquema, os clientes podem ser responsabilizados. “A pessoa que compra esse cartão está cometendo o crime de estelionato, ou seja, um golpe para obter uma vantagem patrimonial”, diz Sydow. "Quem compartilha um vídeo utilizando esses cartões ou sacando o dinheiro no caixa eletrônico também está cometendo um crime, o de apologia ao crime", completa.

Procurada, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) disse não ter “registros de fraudes junto aos clientes bancários nos moldes da situação relatada”. A empresa cita que “uma prática comum de estelionato é prometer a venda de algum produto, com o pedido de antecipação de pagamento, e sem a entrega do suposto item vendido”. No caso citado pelo R7, a entidade reforça que quem tenta comprar os cartões anunciados pelos golpistas “também estão cometendo crime.

Já o Instagram afirmou que removeu a conta citada pela reportagem. "Manter uma experiência positiva para as pessoas no Instagram é nossa prioridade. Atividades fraudulentas prejudicam toda a nossa comunidade e não têm lugar na plataforma. Possuímos diferentes sistemas para identificar e remover atividades suspeitas antes que elas cheguem às pessoas e estamos comprometidos a melhorá-los continuamente. Encorajamos as pessoas a denunciarem quaisquer contas ou atividades suspeitas que encontrem no Instagram por meio das nossas ferramentas de denúncia."

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