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Tecnologia e Ciência

Grupos gigantes e chats secretos: quais as diferenças entre o Telegram e o WhatsApp

Aplicativo de mensagens de origem russa foi bloqueado por não responder a pedidos da Justiça brasileira

Tecnologia e Ciência|Do R7

App foi fundado por irmãos russos e é focado em velocidade e segurança
App foi fundado por irmãos russos e é focado em velocidade e segurança Ivan Radic

O Telegram está no centro das atenções, após o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinar o bloqueio do aplicativo no Brasil. Na decisão, o magistrado afirma que a empresa que administra o aplicativo, que não tem escritórios no país, não respondeu aos pedidos da Justiça brasileira.

Mas o que tornou o Telegram tão usado nos últimos tempos? O que o diferencia do WhatsApp, o app de mensagens mais usado do mundo? Conheça os diferenciais do aplicativo em relação ao rival.

O Telegram foi lançado em 2013, pelos irmãos Nikolai e Pavel Durov — Pavel também fundou o VK, uma rede social similar ao Facebook, bastante popular na Rússia.

Hoje, a sede da empresa está localizada em Dubai, e Durov é famoso por não responder a solicitações de governos, como o da China e, mais recentemente, o do Brasil. Essa política provavelmente não vai mudar nos próximos anos, segundo declarações de seu fundador, que afirma que o foco do serviço é proteger os usuários e que, por isso, não compartilhará dados com governos.


Grupos e canais gigantes

Os grupos de WhatsApp podem ter até 256 pessoas, o que limita o alcance das mensagens. O Telegram possui limite de 200 mil integrantes, um número bem maior.


O Telegram também possui a função de canais, pela qual apenas administradores e criadores podem enviar mensagens aos membros — o número de assinantes de um canal é ilimitado.

No WhatsApp, uma gambiarra pode ser feita para criar um canal: um grupo em que apenas os administradores são autorizados a enviar mensagens. No entanto, o número de integrantes está restrito a 256 pessoas, como citado.


O tamanho imenso dos grupos e o número ilimitado de assinantes dos canais são justamente os fatores que permitem que o app seja usado para propagar informações a audiências imensas, inclusive com propósitos políticos, quase sem supervisão da empresa que administra o serviço.

Envio de arquivos

Nos chats do WhatsApp é possível enviar documentos de 100 MB e mídias (fotos, vídeos e áudios) de 16 MB, um limite relativamente pequeno se levarmos em conta a qualidade atual das câmeras.

O Telegram permite arquivos bem maiores, com até 2 GB, um valor que serve para qualquer tipo de envio. Além disso, a quantidade de arquivos dentro de grupos ou entre usuários é ilimitada, o que permite que o app também seja usado como uma nuvem de armazenamento.

Mensagens

Cada um dos apps tem suas peculiaridades quando o assunto é a mensagem. O WhatsApp usa criptografia de ponta a ponta, que impede que as conversas sejam lidas por terceiros sem uma chave de segurança. Nem a empresa dona do WhatsApp pode acessar o conteúdo das mensagens trocadas no aplicativo.

O método é implementado de forma limitada no Telegram. Apenas os chamados chats secretos entre usuários possuem criptografia do tipo — em conversas em grupos, o recurso fica indisponível. Nos demais chats, é utilizado um protocolo próprio da empresa, chamado MTProto.

Para quem deseja privacidade máxima no serviço, o jeito é recorrer às mensagens dos chats secretos, que se autodestroem após a leitura. Recentemente, o WhatsApp implementou uma versão desse tipo de envio, mas limitada a fotos e vídeos.

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O sistema, similar ao protocolo TLS, usado pea maioria das empresas da web, é considerado seguro, mas pode apresentar brechas, porque é implementado nos servidores do Telegram, o que, teoricamente, permite que os administradores do serviço possam acessar as mensagens.

O uso da criptografia de ponta a ponta é também o que fazia o WhatsApp Web precisar estar sempre em conexão com a versão mobile do app, para sempre acessar as chaves armazenadas no aparelho.

Recentemente, o WhatsApp passou a permitir que até quatro dispositivos (o que inclui navegadores ou versões desktop do programa) armazenem essas chaves, o que finalmente dispensou a necessidade de o celular estar sempre conectado.

Como o Telegram utiliza criptografia nos servidores e é um serviço baseado na nuvem, e não nos aparelhos de usuários, ele pode ser usado livremente por diversos dispositivos, sem depender exclusivamente do smartphone. Basta ter o celular com o número cadastrado para liberar novos dispositivos.

Privacidade

Em janeiro do ano passado, o WhatsApp passou por uma grande polêmica ao estabelecer uma mudança nas regras de privacidade, que previa a coleta massiva de dados dos usuários, além do compartilhamento de informações com a base de informações do Facebook.

A tentativa de tornar obrigatória essa mudança fez milhões de pessoas migrarem para o Telegram e o Signal, outro app de mensagens focado em segurança.

O episódio pôs a questão sob os holofotes. O WhatsApp coleta todo tipo de dado dos usuários, como localização, compras em conversas com contas comerciais, metadados de mensagens (a hora do envio, a quem foram enviadas e quando foram lidas).

O Telegram coleta bem menos dados de quem usa o serviço. O foco é identificar quem enviou e quem recebeu, mas diversos detalhes são deixados de lado.

LEIA ABAIXO: Telegram: saiba como fazer suas mensagens se autodestruírem

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