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Tecnologia e Ciência

Os cuidados para usar a impressora 3D na luta contra o coronavírus

Popularidade do método para imprimir equipamentos de proteção para profissionais da saúde tem aumentado, mas cuidados devem ser redobrados

Tecnologia e Ciência|Caio Sandin, do R7

Protetor facial faz parte dos equipamentos obrigatórios para agentes de saúde
Protetor facial faz parte dos equipamentos obrigatórios para agentes de saúde

Uma iniciativa que tem se popularizado, na internet, entre entusiastas da impressão 3D é a de usar a ferramenta para produzir máscaras e outros equipamentos de segurança para profissionais da saúde.

Com uma comunidade colaborativa forte e muito ativa, os projetos vem pipocando nas redes sociais e movimentando milhares de entusiastas de todo o país.

Maria Elizete, professora de engenharia biomédica na Unifesp e coordenadora do Projeto Hígia, conta que seu grupo já possui mais de 1400 voluntários, em todo o Brasil, imprimindo protetores faciais:

"A ideia foi pegar um modelo que existia na internet e ir aprimorando ele. Durante 4 dias, com o auxílio de um médico do Hospital São Paulo, nós fomos desenvolvendo protótipos, até desenvolvermos um dispositivo que fosse seguro para o uso, confortável, fácil e rápido de produzir, fácil de esterelizar e simples, para que não interfira na rotina do hospital".


Para Daniel Huamani, diretor de tecnologia da 3DCRIAR, como não há dispositivos homologados, os entusiastas dependem "de análises técnicas de engenheiros e médicos, conjuntamente, para validar soluções apresentadas", segundo ele não se pode sair imprimindo qualquer coisa que pareça funcionar.

A principal preocupação de Huamani é com o uso de impressoras que utilizam o aquecimento de filamentos como base para construção de dispositivos mais complexos e vitais, já que este tipo de impressão, por natureza, deixa poros e espaços entre camadas que se tornam "pontos de acúmulos de umidade, bactérias, vírus, poeira e todo o resto".


Para este tipo de construção, além de um projeto muito mais detalhado, estudado e testado, ele considera as impressoras de resina como mais adequadas (veja imagem abaixo para comparação). Mas ainda assim salienta:

"A produção de dispositivos que serão utilizados por pessoas já em estágio frágil de saúde, vulneráveis, devem ser extremamente bem controlada. É impossível produzir este tipo de peça em um ambiente não limpo".


À esquerda a impressão com filamentos, à direita, com resina
À esquerda a impressão com filamentos, à direita, com resina

Mas, segundo Danilo, sua intenção não é de que a comunidade 3D desista de ajudar, mas que "ajude com responsabilidade dentro das limitações que existem".

Para Maria Elizete, o foco continua sendo a produção do maior número possível dos protetores faciais projetados em conjunto com médicos: 

"Nós estamos numa situação de calamidade, a própria Anvisa liberou uma portaria que, durante 180 dias, é possível implementar o uso de dispositivos feitos especificamente para defender a população, neste período. Se este dispositivo vai ser utilizado no hospital ou não, cabe ao próprio hospital, que normalmente tem uma pessoa responsável, autorizar ou não".

Segundo ela, somente o grupo sob sua coordenação, em São José dos Campos, interior paulista, produz, diariamente, 150 destes protetores, que são distribuídos para hospitais da região.

A distribuição é um dos principais problemas encontrados pelos entusiastas, como comenta Danilo:

"O pessoal fica imprimindo só pra tirar foto e colocar no Facebook. Aí fica com um monte de máscaras abertas, pegando pó. O acesso a hospitais é muito mais difícil do que possa parecer".

Por conta disso, grupos como o de Maria Elizete são tão importantes. Para ela, o problema, agora, torna-se os insumos necessários para a produção, que chegam através de doações.

Para aqueles que possuem uma impressora 3D e desejam contribuir com o projeto, basta clicar aqui.

Abaixo, você confere os cuidados e recomendações para contribuir:

— Antes de fabricar qualquer EPI, limpe as superfícies da impressora e do local de trabalho com álcool 70 volumes;

— Durante a fabricação, aja como se estivesse contagiado com COVID-19: utilize máscaras e um par de luvas nitrílicas a cada bandeja de impressão. Armazene as peças imediatamente em uma embalagem selada;

— Quando enviar as peças, para quem quer que seja, especifique o ambiente de trabalho e as condições de impressão, juntamente com o estado de saúde de todas as pessoas envolvidas na fabricação do dispositivo;

— Após a impressão, lave as peças com água e sabão. Álcool também pode ser utilizado;

— Não armazene toda a produção dentro de uma única embalagem. Em caso de contágio, há o risco de proliferação.

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