Pela 1ª vez, exoplaneta é observado diretamente e fotografado
Astrônomos do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, na Alemanha, contaram com instrumento de alta precisão para localizar o Beta Pictoris c
Tecnologia e Ciência|Sofia Pilagallo, do R7*
Astrônomos do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, em Garching bei München, na Alemanha, conseguiram, pela primeira vez, observar diretamente e fotografar um exoplaneta - isto é, um planeta localizado fora do Sistema Solar –, denominado Beta Pictoris c.
Para isso, os cientistas utilizaram um método chamado medição de velocidade radial. "Velocidade radial é a medida realizada com um efeito chamado doppler", afirma o coordenador do Observatório Didático de Astronomia da Unesp Bauru, Rodolfo Langhi.
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"À medida que a estrela ao redor da qual o planeta orbita se afasta ou se aproxima, é possível medir pequenas variações no espectro da luz da estrela. Essas variações podem revelar se há outros corpos orbitando a estrela, tal como um planeta", completa.
Até o momento, outros exoplanetas só puderam ser vistos indiretamente. No caso do WASP-189b, por exemplo, o método utilizado foi o chamado de trânsito. "Este método consiste em analisar a luz da estrela. Quando essa luz diminui, significa que um planeta passou na frente dela", explica Langhi.
Para localizar o Beta Pictoris c, os pesquisadores contaram com um instrumento chamado GRAVITY, presente no maior conjunto de telescópios do mundo – os VLT, (sigla para Very large telescope, em português, Telescópio muito grande), instalado no Chile.
Combinando a luz dos quatro grandes telescópios VLT, os astrônomos conseguiram observar diretamente o brilho da luz proveniente do planeta perto de sua estrela.
"É incrível o nível de detalhe e sensibilidade que podemos atingir com o GRAVITY", disse o cientista-chefe do projeto GRAVITY, Frank Eisenhauer.
"Estamos apenas começando a explorar novos mundos impressionantes, desde o buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia até planetas fora do sistema solar", completou.
Os cientistas acreditam que, em um futuro distante, será possível calcular o brilho e a massa do Beta Pictoris c. Para isso, será necessário obter dados de velocidade radial suficientes – o que está longe de acontecer, visto que o planeta demora 28 anos para completar uma órbita completa ao redor de sua estrela.
"Para registrar esses dados, é preciso medir as posições que o planeta assume com o passar do tempo", afirma Langhi.
"Se um astro demora para sair do lugar, como é o caso do Beta Pictoris c, não é possível coletar muitos dados sobre ele, pois seu movimento é lento para nós, observadores. Demorará, portanto, muitos anos – mas menos que 28 – para coletarem dados suficientes para determinar com relativa precisão a massa do planeta."
*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques