Twitter inicia plano de demissões após ser comprado por Elon Musk
Quase 4.000 funcionários da rede social deverão ser despedidos a partir desta sexta; usuários temem estímulo a discurso de ódio
Tecnologia e Ciência|Do R7
O Twitter começou a demitir nesta sexta-feira (4), de acordo com um memorando enviado aos funcionários, e vários trabalhadores entraram com uma ação que alega que a mudança do novo proprietário, o bilionário Elon Musk, viola a lei trabalhista dos EUA.
Um email enviado a toda a empresa, com sede em São Francisco, obtido pela AFP anuncia que os funcionários do Twitter receberão uma mensagem no início das operações na sexta-feira, horário da Califórnia, sobre seu destino.
Embora o Twitter não informe o número exato de demissões, o Washington Post e o New York Times informaram que cerca de metade dos 7.500 funcionários da plataforma será afetada.
"Em um esforço para colocar o Twitter em um curso saudável, iniciaremos o difícil processo de reduzir nossa força de trabalho global", afirmou o email.
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Os funcionários estão se preparando para o downsizing desde que Musk concluiu sua aquisição de 44 bilhões de dólares da empresa no fim da semana passada e moveu-se rapidamente para dissolver seu conselho de administração e demitir seu CEO e executivos seniores.
Na quinta-feira, um grupo de cinco funcionários do Twitter anteriormente demitidos entrou com uma ação coletiva contra a empresa que alega que eles não receberam o período de aviso-prévio de 60 dias exigido pelas leis federais e estaduais dos EUA.
O processo faz alusão à Lei de Notificação de Ajuste e Reciclagem de Trabalhadores dos EUA (Warn, na sigla em inglês), que dá aos trabalhadores o direito de aviso-prévio em caso de demissão em massa ou fechamento de fábricas.
Os responsáveis pela ação também pedem ao tribunal que impeça o Twitter de pedir aos funcionários que assinem documentos para renunciar a seus direitos.
Fechamento temporário de agências
O email enviado na quinta-feira instruiu os funcionários do Twitter a não se apresentarem ao trabalho na sexta-feira. "Nossos escritórios serão temporariamente fechados, e todas as credenciais de acesso serão suspensas", dizia a mensagem.
Ele também dizia que o Twitter está passando por um momento "incrivelmente desafiador".
"Reconhecemos que isso afetará muitas pessoas que fizeram contribuições valiosas ao Twitter, mas infelizmente essa ação é necessária para garantir o sucesso da empresa no futuro", acrescentou o texto.
Alguns funcionários, no entanto, não esconderam suas críticas ao processo iniciado por Musk, engenheiro de 51 anos nascido na África do Sul, com cidadania americana e canadense e fundador das empresas de veículos elétricos Tesla e de engenharia espacial SpaceX.
"O atual processo de demissão é uma farsa e uma vergonha. Os lacaios da Tesla estão tomando decisões sobre pessoas das quais nada sabem... É completamente absurdo", tuitou Taylor Leese, diretor de uma equipe de engenharia, no domingo, pouco depois de ter sido expulso da companhia.
Problemas financeiros
Musk, o homem mais rico do mundo, disse que pagou demais pelo Twitter e quer ganhar dinheiro para a empresa, e rápido.
Na terça-feira, anunciou que planeja lançar uma assinatura de 8 dólares por mês para os usuários que desejem certificar a autenticidade de sua conta e ser menos expostos à publicidade.
Segundo relatos da imprensa, Musk queria cobrar 20 dólares por mês, mas a ideia foi fortemente criticada por usuários, como o romancista de best-sellers Stephen King, que tuitou, com palavrões, que deveria ser pago para estar na rede social do pássaro azul.
Em um tuíte, Musk respondeu: "Temos que pagar as contas de alguma forma! O Twitter não pode depender inteiramente dos anunciantes. Que tal 8 dólares?".
Musk disse que quer aumentar a receita do Twitter de 5 bilhões de dólares em 2021 para mais de 26 bilhões de dólares em 2028.
Grandes empresas, como General Motors e Volkswagen, suspenderam sua publicidade no Twitter após a aquisição.
Grupos de direitos civis mostraram preocupação de que Musk abra a rede social para desinformação não verificada e discurso de ódio e restabeleça contas bloqueadas, inclusive a do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que foi expulso logo após seus apoiadores invadirem o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
Mas o magnata anunciou que formará um comitê para avaliar o futuro político da rede social em relação a postar e restabelecer contas bloqueadas.
Os anúncios são a principal fonte de renda do Twitter, e Musk tentou acalmar os ânimos, ao garantir que a plataforma não se tornaria "um inferno para todos".